domingo, 28 de fevereiro de 2010

Obscenidades

Independentemente do resto da novela, que pouco me importa excepto no que ofende à democracia, há assuntos que é impossível não registar.

Um país em que um gestor de habilitações médias entra aos 32 anos de idade para o conselho de administração duma das maiores empresas auferindo milhões ao ano, deve ser um país de oportunidades interessantíssimas, um belo país... um país com futuro!

Façam o favor de contar o número de empresas sediadas em Portugal, e o número de administradores (não familiares) a integrar os respectivos conselhos de administração aos 32 ou 33 anos de idade...

Há para mim, de toda esta novela, algumas coisas importantes a reter.

A primeira, bastante infeliz, é a de que a igualdade de oportunidades ainda não é sequer uma meta; mais grave, existe uma incoerência grave - vd. gozo - entre os factos e o discurso político.

A segunda é a obscenidade pura - com a respectiva complacência dos órgãos sociais da empresa e dos sindicatos - que remunerações absurdas, perfeitamente injustificáveis, evoca.

A terceira, é a de que Rui Pedro Soares se arrisca a ser comparado com os que encaixam no papel de "homens de mão", a quem se entrega frequentemente um cargo mais por lealdade cega ou provincianismo inerte, do que por qualquer outra competência ou rasgo especialmente relevantes.

Vários meios noticiaram que o senhor em questão auferia entre 2,3 a 2,5 milhões de euros anuais; isso ainda não foi desmentido publicamente, pelo que dou a informação como boa.

Por outras palavras, ganhava na PT, num único ano, o mesmo que um trabalhador pode realizar se ganhar o salário mínimo nacional apenas ao longo de 345 a 375 anos de trabalho. Num único dia, o senhor ganhava o valor do salário mínimo nacional de um ano inteiro.

E o pior, aquilo que é terrível, é que o problema da desproporção salarial topo-base em Portugal (das maiores na Europa) ultrapassa largamente o caso isolado de Rui Pedro Soares, a esfera das empresas públicas, de participações públicas, ou até os bancos onde temos assistido ao que se sabe...

Quantos gestores ou administradores no país estão ao mesmo nível remuneratório (seis zeros à direita)? Não serão tão poucos como isso... Estamos perante assimetrias exageradíssimas, e numa maioria de vezes totalmente irracionais.

Um gestor é o responsável máximo da produtividade numa organização; se essa é baixa, ou mesmo apenas mediana, não há absolutamente nada que justifique vencimentos "olímpicos" - nem sequer a mentira evidente da remuneração "de mercado" do mérito, que a direita frequentemente contrapõe para explicar este tipo de fenómenos (que mérito?).

Os ganhos estratoesféricos deste tipo de senhores são escandalosos não apenas porque vivemos num território onde mais de 300.000 idosos vivem ainda indignamente, ou onde cerca de 2.000.000 de pessoas vive perto ou abaixo do limiar de pobreza - incluíndo nessas muitas que trabalham -, mas também porque não têm sustentação racional: por genial que tenha sido o percurso de Rui Pedro Soares, por hipótese, gostaria de saber como, do fruto do seu trabalho, alguma vez se geraram lucros para a PT acima do seu vencimento... de um único ano.

É impossível que alguém lúcido ignore estes factos, sobretudo na época que vivemos e atravessamos.

Não é preciso, como é evidente, proibir remunerações claramente desmesuradas; mas é absolutamente necessário que se exerça sobre elas uma fiscalidade adequada à realidade nacional.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

La pathétique


Já lá vai mais de um mês que a imprensa mundial expõe, quase todos os dias, os problemas estruturais muito graves da Europa e do Euro, a carência urgente por resoluções de natureza política que permitam à Europa sequer sobreviver às próximas décadas.

No entanto, de Durão Barroso, Van Rompuy ou Catherine Asthon, não vislumbramos ainda a menor ideia, a mais vaga noção de liderança, perante uma situação de clara emergência que exige sinais claros, obviamente não apenas no plano económico, mas estrutural e político.

É como se vivessem na Lua. 2010 parece ser o ano em que a Europa política assumiu em definitivo o seu segundo mundismo, a sua patética irrelevância no mundo. Escrevo-o com mágoa.

Entretanto, em Portugal, transpira-se uma mentalidade insular também trágica: quase nenhum jornal, telejornal, ou personalidade influente debate seriamente as consequências duma Europa fraca e multipolar, as origens e consequências últimas da maior crise económica do Ocidente num século - como a ela se refere já Alan Greenspan - já para não falar das consequências da sobrevivência da fanática e animalesca utopia neoliberal que apesar de tudo parece agora ainda mais forte neste país, ou dos efeitos mais complexos duma globalização que ameaça transformar a prazo países como o nosso numa chinesice.

Os políticos - quase todos - debatem-se como comadres e imaginam o país como se este começasse, se fizesse, e acabasse em fronteiras que já só existem nas suas cabeças; para um grande número de cidadãos, vale a indiferença, a apatia, a ira desnorteada, a acomodação ou a simples incapacidade de compreender o que se passa.

É-me cada vez mais difícil, diariamente penoso, conviver com tão tremendo provincianismo.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Cheia relâmpago na Madeira

Mais de 40 mortos, um número indeterminado de desaparecidos, e centenas de feridos. A pior tragédia de origem natural no arquipélago em 100 anos, tão brutal quanto inesperada.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Um gesto corajoso, e uma palavra: Nobre!

Personagens insuspeitas - à esquerda e à direita - apressaram-se, ainda antes das 20:00h de hoje, a discorrer sobre a "inexperiência" de Fernando Nobre, a alertar para o eventual "efeito divisionista à esquerda" que a sua candidatura à Presidência da República iria motivar; outros, disfarçando mal o nervosismo que a candidatura de Nobre lhes desperta, profetizaram entretanto que a sua candidatura não conseguirá ir além dos 5% ou dos 6%. Para compor o ramalhete de comentários perfeitamente estúpidos, já ouvi mesmo dizer à direita que Nobre lhes fará o favor de se poderem dar ao luxo de nem sequer terem de ir votar, tal é já a sua certeza da vitória de Cavaco...

Se alguns portugueses, por um lado, rogam pragas aos políticos "profissionais" numa base diária - especialmente aos que estão no poder - e fazem reflectir sobre os políticos e a política muito do que lhes corre menos bem na vida, clamando ardentemente pelo acesso dos "melhores" à política, por outro lado, quando alguns desses nossos melhores finalmente avançam - ou mesmo antes, como se vê - começa de imediato a sátira e o absurdo.

Pode ser que eu esteja maluco, que eu esteja a ver muito mal a coisa, que eu tenha perdido discernimento, mas depois de ouvir Nobre hoje às 20:00h, pensei: temos Presidente!

Tenacidade

Os seus adversários políticos apressaram-se a dizer que ontem o PM não disse nada de novo.

Contudo, o que Sócrates fez ontem, e apenas em 4 minutos, foi muito importante: transmitiu aos adversários, da forma mais breve e objectiva possível, de que irá bater-se até ao fim e exercer o mandato para o qual o povo o escolheu.

Pode pensar-se muita coisa deste PM, pode-se concordar ou discordar, gostar ou não do estilo e do propósito, mas se há coisa evidente e inegável é que dá mostras de uma rara tenacidade.

Aznar en Oviedo

Decidi aqui registar para memória futura o espírito democrático de Aznar à saída da Aula Magna da Faculdade de Economia de Oviedo, onde foi confrontado com uma vaia pública universitária do tamanho de uma catedral.

Por aqui se vê a capacidade argumentativa do grande e tradicional espírito da direita Ibérica, quando confrontado com o povo. Uma absoluta e decadente falta de dignidade.

Comparativamente, o ex-Ministro Manuel Pinho poderia ser um exemplo de auto-controlo.

Cá se fazem, cá se pagam...

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Um verdadeiro caso de censura?

Os McCann venceram o processo contra Gonçalo Amaral, o que o vai obrigar a retirar de circulação o seu livro "A Verdade da Mentira".

Eis um caso bem bizarro desde o seu início.

Não sou ainda pai, mas o casal McCann sempre me pareceu mais preocupado em defender, promover até, a sua imagem, do que propriamente deixar passar uma dor genuína pela perda da filha ou sobretudo concentrar energias na pesquisa do seu paradeiro.

Moveram - com recursos cuja origem se desconhece com exactidão - montanhas e foram recebidos ao nível dos chefes de estado, nomeadamente pelo Vaticano e pela Casa Branca.

Motivaram o engajamento no caso de altos funcionários do gabinete de Tony Blair em seu apoio... montaram uma campanha de ridicularização extrema da polícia portuguesa e é de supor o seu envolvimento no afastamento de vários investigadores e decisores ligados à investigação.

As suas acções têm sido de tal ordem que conseguiram mesmo a proeza de virar contra si uma parte substantiva do público britânico (embora não a que influencía os meios de comunicação).

Grande parte da sua acção pós-Maddie revela mais sobre eles do que as circunstâncias do desaparecimento da criança.

Que ligações concretas têm os McCann à super-estrutura de poder do mundo para agirem como tem agido?´

É essa a pergunta que quero deixar no ar.

Relativamente a Gonçalo Amaral, pode ser que a médio prazo esta censura lhe venha a favor.

Confesso que apesar de nunca ter tido curiosidade para mergulhar no tema ou ler o livro, fiquei com mais vontade de apanhar uma cópia da "A Verdade da Mentira", quanto mais não seja por razões lúdicas...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Dos seguidores de paranóicos

Ainda dos textos de Giulio Richezza:

"Tratar Hitler por tu é um favor reservado ao grupinho dos íntimos, que familiarmente o chamam por "Adi", lhe batem nas costas e ousam contar as histórias mais licenciosas na sua frente. Hitler diverte-se na sua companhia, porque sente que eles são da mesma massa que ele, porque lhe confirmam aquilo em que crê cegamente: que o homem é mau por natureza."

Desta espécie de Evas

Quanto ao carácter de quem "segue a besta", o de Eva Braun também nos ensina alguma coisa.

Com efeito, há boas hipóteses de que duas mulheres por quem Hitler desenvolveu obsessões, se tenham suicidado. Uma delas terá sido Renata Muller, e outra Geli Raubal (sobrinha de Hitler).

Eva Braun surge depois de Geli.

"À força de ouvir cantar louvores a essa Geli, Eva acabará por se convencer de que ela devia ser uma mulher excepcional e não simplesmente uma rapariga cheia de vida e de alegria, semelhante a tantas outras. Assim, primeiramente para agradar ao futuro ditador, depois por um inconsciente desejo de emulação, Eva acabará por tomar as poses e as atitudes que crê terem sido as de Geli, que o "seu" Hitler continua a elevar aos céus. Aliás, Eva sempre teve uma forte tendência para a imitação e uma personalidade pouco vincada, que compensará por rasgos de cólera e, mais tarde, por maus tratos infligidos às suas criadas..."

Claro que o que se passa com uma pessoa, pode suceder com várias, ao mesmo tempo e mais ou menos assumindo a mesma forma.

Dos ditadores


Hitler serviu-se da democracia alemã para subir ao poder e atentar contra ela, mortalmente. Não vejo, nem de longe nem de perto, esse reflexo em Sócrates; ao contrário, pressinto-o em diversas personagens "pias" que contra ele se têm movido sinistramente. Se existe um clima de asfixia democrática em Portugal, é aquele que tem sido desenvolvido por vários interesses essencialmente não democráticos, servidos inconscientemente pelas corporações do costume e por diversas falhas no sistema político que já vêm de muito longe.

Parece-me por isso pertinente inaugurar alguns comentários que retratam os traços de personalidade de verdadeiros ditadores, começando por Hitler, o cínico dos cínicos.

"No dia 9 de Janeiro de 1945, Hitler recebera, mais uma vez, Guderian no Taunus, no famoso Adlerhorst, no ninho da águia situado sobre Bad Nauheim. É exactamente o terceiro encontro. Mas nada de novo sai dele. Hitler permanece tão teimoso como em 1940, com a diferença de que desta vez a sua obstinação iria provocar o desastre.

Preferia fiar-se na sua intuição, no que ele acreditava como seus dons de visionário, mais o que nas conclusões impostas pela análise dos factos.

Daí o encadeamento dos seus erros e os corolários inevitáveis tantas vezes descritos: a sua mania de deitar para cima dos outros todo o malogro sem nunca admitir os seus próprios defeitos; a vontade de contradizer toda a gente, mesmo se a opinião emitida parece fundada (é suficiente que não venha dele); a falta total de leveza na reflexão, a incapacidade de se adaptar rapidamente ao desenrolar dos acontecimentos, em particular numa guerra tão total e complexa."

in Giulio Richiezza, "Hitler, o sonho do Fuhrer, o pesadelo do mundo"

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Vítor Constâncio

Há histórias que por vezes acabam muito mal para os invejosos. A história recente de Vítor Constâncio, é uma delas. Sempre aqui fiz a sua defesa, o que tem muito a ver com o facto de o conhecer de algumas funções técnicas a que dedicou a sua vida, de ter aprendido a conhecer a sua experiência e o seu pensamento económico - não o conheci nem por motivações políticas, nem devido a acasos de natureza pessoal.

Consegui seguir as razões pelas quais tem sido invejado, atacado, injuriado, perseguido mesmo, neste país que pouco merece um homem com o seu conhecimento e experiência de economia monetária (como os próprios patrões da banca têm reconhecido, à revelia dos inquisidores "medievais" bem conhecidos).

Constâncio foi ontem nomeado pelos 16 ministros das Finanças da zona Euro para as funções de Vice-Presidente do BCE.

O melhor do bolo é que isto acontece por influência de Angela Merkel - que chatice não poderem culpar Sócrates também por isto - muito admirada por certos sectores conservadores portugueses que ela não só não conhece como, penso eu, repudiaria vivamente caso viesse a conhecer mesmo bem.

O mais importante: não sei se a escolha de Constâncio vai mudar alguma coisa no BCE - Trichet não vai estar muito mais tempo. Como é claro, espero que contribua positivamente, sobretudo porque ele conhece muitíssimo bem as vantagens, mas também as imensas fragilidades técnicas, inerentes à (actual) união monetária europeia. Constâncio sabe de cor as consequências da desarmonia fiscal e dos mercados de trabalho no seio de uma moeda única, face a choques externos. Posso garantir isso pessoalmente, em primeira mão.

Este homem tem a boa capacidade técnica e política para eventualmente persuadir pela razão e apoiar os líderes europeus mais poderosos em direcção à inevitável federação, sem a qual o projecto europeu corre sérios riscos de afundamento.

Em Espanha não há lamúria...

Tendo tido a oportunidade para uma breve fuga a Espanha dei-me conta, uma vez mais, que apesar da situação negra, se encara nesse país a crise com muito maior pragmatismo e, sobretudo, menos histeria e filha-de-putices diversas.

As pessoas andam precupadas, mas souberam preservar a alegria de vida tão característica e vital para a saúde mental e económica do país. Passeia-se, vai-se às compras, faça frio ou caia a neve, ou simplesmente vêem-se as montras; vive-se sobretudo com muito mais fleumatismo do que por cá se observa.

Actualmente, o debate político e público discute a hipótese de um pacto democrático, negociado entre o PSOE e o PP, para sacar a Espanha da crise o mais rapidamente possível, talvez até com o beneplácito do Rei (porque a coisa está séria e sair dela vai doer).

Há dias em que sinto que o fado - que Deus me perdoe, e o meu pai também - é uma puta maldição...

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Proença de Carvalho, entrevista ao "i"

Nós sabemos que ele é advogado de José Sócrates. Mas também sabemos que é sério e altamente comedido no que diz. Não acreditasse ele, de facto, no seu cliente, e o discurso seria certamente outro, se existisse sequer:

www.ionline.pt/conteudo/46625-nao-li-as-escutas-seria-cumplice-com-pratica-um-crime

Acabar com as Golden Share

Aguiar Branco é oportuno e tem razão ao mencionar o assunto: acabar com as Golden Share é uma das formas para acabar com parte da tentação de promiscuidade entre a vida pública e a de algumas grandes empresas.

Sobre a Liberdade de Imprensa e algumas coisas mais


A crónica boa prosa de Baptista Bastos:

A crucificação da democracia

"Perdoa-Lhes Pai, eles não sabem o que fazem." J.C.

Vender uma nova forma de democracia, ou de moral pública, através duma sucessão de crimes e desrespeito por regras democráticas essenciais não é forma de limpar absolutamente nada.

O que nos revelam, pois, os trechos publicados das escutas?

Que o PM eventualmente moveu as suas influências para tentar contrapor algo à avalanche de propaganda que invadira as ondas hertzianas? Teríamos de ser anjinhos para acreditar que se pode governar sem mover influências; que algum PM, passado ou futuro, não tenha de recorrer de expedientes similares para exercer as suas funções com um mínimo de normalidade.

O que nos revelam mais os trechos publicados das escutas?

Que quem se move de maneira a vender a "verdade" corrompendo para isso a Lei poderá ser, na realidade, essencialmente anti-democrata.

Afinal quem incendiou o Reichstag na Alemanha com o intuito de culpabilizar e poder perseguir adversários políticos, em nome da ordem, da moralidade, da verdade, do amor à pátria, da suposta necessidade de concentrar num só homem o poder total?

Doublespeak...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

"A notícia" de Judite de Sousa

Uma lição de direito, decência, autonomia, democracia e liberdade: é o que acaba de dar este homem a Judite de Sousa.

Noronha do Nascimento é do Norte, e tem-os no sítio!

Entretanto, e por duas ou três vezes, Judite de Sousa tentou passar aquilo que o seu exíguo cérebro extraíu da entrevista. Ela chamou-lhe "A notícia": a constatação de Noronha do Nascimento em como não tinha visto ou ouvido o nome de Cavaco nas escutas.

Ele não ouviu o nome de Cavaco, assim como não ouviu o do Cardeal Policarpo, ou o do falecido Elvis Presley... Mas que merda de relevância pode ter a imbecil pergunta de Judite?

Espera aí...A não ser que...

Eis-nos uma possível notícia! Os (tu)barões do PSD vão tentar jogar a sua última e derradeira carta que é tentar levar Cavaco a decretar uma espécie de estado de sítio político - outra vez a dissolução do Parlamento? - e convidá-lo a presidir um Governo de iniciativa presidencial.

Nem Cavaco cairia em tão patética encenação... !

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O misterioso Barack Obama

Alguns amigos alertaram-me afirmando que Obama iria ser "mais do mesmo", em garrafa diferente. Por ser também eu um homem de fé registei, mas não encaixei.

Li, antes de Obama ter chegado ao poder, algumas das publicações que surgiram assinadas por ele. Incomparavelmente diferente de Bush, quis acreditar.

Muito embora o tom geral me tenha agradado, bem como me tivesse sido fácil o acordo quanto a algumas intenções concretas, o que li pareceu-me mais vago que o desejável.

Não ignorei que um candidato a presidente dos EUA seja, por força de algumas circustâncias poderosas, forçado a falar de forma... flexível.

Agora, perante uma rara oportunidade histórica de enfrentar aquela parte do establishment que tem vindo a submergir as classes médias, Obama mostra-se hesitante.

O que a Casa Branca anunciou há pouco mais de uma semana atrás, foi contradito no essencial por uma recente entrevista de Obama à Business Week. Um péssimo sinal.

Contemporizar é meio caminho andado para a perdição.

Investir nas (boas) start ups!

Deve-se a este governo, na anterior legislatura, a criação de incentivos mais fortes a que as universidades acolham e promovam no seu seio start ups com promessa de inovação. Em certa medida, a experiência já está a funcionar num bom sentido.

Mas falta, aí sim, o devido investimento. Ou seja, mais investimento.

Por alguma experiência própria sei que a maioria nunca chegará a lado nenhum (embora continuem a ser importantes porque permitem aprendizagem durante o processo). E no entanto, aquelas que se podem desenvolver e com capacidade para chegar a criar riqueza e emprego no país já são dezenas.

Se lhes fosse feita uma avaliação rigorosa tendo em vista investir naquelas com maior capacidade de sucesso, era bem capaz de ser uma via extra de crescimento importante, a prazo. O QREN tem fornecido um empurrão, mas ainda sabe a pouco.

Na verdade, acredito mesmo que poucas estratégias mais importantes existem para fazer crescer a nossa economia de forma a poder chegar mais à frente no pelotão, do que esta. Mas levará décadas, e por isso é preciso começar já.

Considero, daquilo que conheço, que o investimento nalgumas destas start up - desde que com contra-partidas sensatas e claras para o interesse público - seria porventura tão ou mais importante do que a acção que o Ministério da Ciência tem vindo a desenvolver de forma continuada para criar quadros científicos ou altamente qualificados.

Duas para a caixa no mesmo dia!

Acerca das escutas: "Ou as escutas interessam à justiça, ou não interessam a ninguém".

Acerca da hipocrisia de Portas: "É muito fácil gastar 1.000 milhões em submarinos e depois decidir retirar o décimo terceiro mês".

Certeiro e mortal, efectivamente.

Sócrates no New York Times


Quem faz o que pode, a mais não é obrigado.


Atrás, nunca vem o melhor

O título desta entrada é uma frase que uma das minhas bisavós por vezes empregava.

Que Deus tenha compaixão da nação portuguesa, se algum dia este homem chegar a PM.

Infelizmente, o instinto e um razoável conhecimento do país gritam-me que isso se apresenta como uma séria possibilidade.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Laissez-faire, laissez-passer...

Perante uns Estados Unidos da América que dão sinais de cansaço - ou cálculo? - na manutenção do papel de tutoria aos meninos de papá que são os burocratas não eleitos desta Europa, temos de assistir à humilhação que consiste em constatar uma Comissão que não existiu durante quatro meses - sem que praticamente ninguém tenha dado conta disso - ainda que a Europa venha atravessando, de longe, a sua mais grave crise do pós-guerra.

Será mal comparado, mas não sei porquê vem-me ao espírito o estado de alma, a inércia e incrédula torpeza, do Estado-Maior Francês em 1940, completamente perdido e atónito perante um surpreendente avanço Alemão.

Bruxelas é menos má no "copy paste" - escrevo-o com ironia, naturalmente - e quando é preciso que funcione pela sua própria cabeça, é aquilo que se vê... Por mais que se aperte, não sai quase nada; recolhe-se, antes, nos seus infinitos mecanismos de evasão, à espera que a borrasca passe sem sentir o cheiro à chuva.

Para ironia maior, é com um português "à sua frente" que tudo isto acontece na Europa, talvez para a história no-lo vir recordar durante as décadas a vir.

Bem, o que esperávamos? Não muito, é verdade...

É o retrato perfeito de um PPE de direita e "às direitas", pago pelo contribuinte para implementar o "laissez-faire", i.e. pago para fazer absolutamente nada, ou perto disso.

Que estranha coincidência...não é?

Não há coincidências.

E a verdade é que hoje, gente da Moody veio publicamente afirmar que os riscos das dívidas soberanas de Espanha e Portugal nada tinham a ver com o da Grécia, e responsáveis da Fitch vieram igualmente dizer que o risco de default português é mínimo (um exagero cínico e chocante, tal como o seu comportamento anterior).

O que sucedeu, um milagre? Não... Nada disso (antes fosse). Algum jornal económico em Portugal tentou explicar o porquê de tão subita mudança de ideias? Nenhum!...

O que sucedeu foi que também hoje soubemos que o governo português (e não só...), planeava lançar a venda imediata de obrigações através do Barclays Capital, do BES, do Credit Agricole, da Societé Generale e do... Goldman Sachs.

Os acontecimentos do dia parecem-me pois o resultado do velho adágio de Sun Tzu, bem vivo: "mantém os teus amigos por perto, e os teus inimigos ainda mais perto".

Boa jogada, mas de duração temporária... temo.

Ordem de médico

Esta história de asfixias e censuras pérfidas sem fim, repetida ad nauseum por um pretendente ao "trono" recentemente emigrado, coisa público-dependente mas pateticamente anti-estado, e que tem a mania de recorrer a hipérboles próprias de ditadores de pequena e balofa estatura... sinceramente, não há mais paciência...

O meu conselho é: vá-se tratar, pá! Cuide da sua saúde, homem. E de caminho, faça dieta.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A espuma do tempo que corre

É um "bocadinho" aborrecido constatar que numa altura em que vários blogues de centro esquerda ou até social-democratas podiam optar por contribuir enquanto think tanks para uma renovada discussão sobre o que deve e pode o governo fazer para sair mais rápido desta crise, assistamos antes a uma infrutífera guerra de trincheiras, uma novela sem fim de imbecilidades...

A distração é o jogo do adversário.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Pensando em Joaquín Almunia

Algumas ideias loucas para mitigar alguns dos nossos problemas actuais:

  • Desequilíbrio da balança comercial, i: incentivar fortemente todas as lojas com mais de 1000 metros quadrados de áreas de vendas a demarcar claramente os produtos nacionais, em todas as categorias de produtos comercializados; publicidade "compro o que é nosso" de manhã à noite e em muitas e diversas formas.
  • Desequilíbrio da balança comercial, ii: criar incentivos significativos de forma a que pelo menos 60% dos produtos vendidos pelas grandes superfícies de retalho tenham de ser produzidos no país (não necessariamente de marcas ou empresas portuguesas).
  • Desequilíbrio da balança comercial, iii: desagravar fiscalmente as viaturas citadinas a diesel, pequenos familiares, familiares compactos, comerciais, ligeiros de mercadorias; agravar fiscalmente (muito mais do que hoje) os veículos de transporte de passageiros de alta cilindrada (acima de 1.900 centímetros cúbicos).
  • Desemprego de longa duração: crédito fiscal significativo para as PME que contratem desempregados de longa duração.
  • Pensões: nenhuma, que provenha de qualquer sistema de segurança público, acima dos 4.000 Euros durante os próximos anos; pagamento dos diferenciais restantes até ao limite de 80% em títulos de dívida pública. Impossibilidade de acumular totalmente reformas públicas com reformas dos sistemas privados.
  • Política europeia: muita pressão no sentido de um plano de harmonização fiscal europeu que compense desequilíbrios extremos de longo prazo passíveis de afectar negativamente o investimento externo gerador de emprego (e que tenham a ver mais com localização e factores de escala do que propriamente com custos de contexto); igual pressão para a criação de um sistema de segurança social europeu unificado, que tenha em conta transferências internacionais.
  • Horários de trabalho: reduzir o horário máximo semanal de trabalho, incentivando dessa forma contratações adicionais de recursos; permitir às famílias mais tempo para si e assim contribuir mais um pouco para propiciar o aumento da taxa de natalidade (que teve em 2009 um mínimo absoluto).
Algumas destas coisas serão ingénuas ou simplistas, certamente, mas conviria afectar às acções políticas um impacto concreto sobre os problemas estruturais do país de longa data e isso deveria ser prioritário para os próximos anos.

Teria de ser tudo feito dentro da lei Europeia, o que não é impossível.

Sobretudo, quanto menor vontade demonstrada pela Comissão Europeia no sentido de desenvolver os mecanismos necessários de compensação internacional na UE, ou de implementar, de facto, os mecanismos próprios da Federação que precisamos, maior contundência deveriam assumir a parte temporariamente proteccionista deste tipo de políticas.

Seria interessante se os estados do sul da Europa demonstrassem tanta pressa nisto quanto aquela que tem Bruxelas relativamente à obsessão estrita com os défices nacionais.

Bruxelas está a precisar de uma valente bofetada para ver se acorda.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Pragmatismo, sem histerias nem ilusões...

Há um momento para a irritação e um momento para a acção. De nada adianta continuar a protestar contra os mecanismos especulativos promovidos por agências de rating ou mesmo alguns funcionários europeus desmiolados...

O pânico relativo ao risco da dívida portuguesa e espanhola é já uma evidência incontornável.

Está por toda a imprensa anglo-saxónica e mesmo já muito para lá dela, atingiu fortemente as bolsas e não tardará a afectar em alta o serviço de dívida corrente dos portugueses.

Olhando ao lado positivo do assunto, trata-se de um aviso que os Gregos não tiveram o luxo de ter.

A reacção possível tem duas ou três vias muito estreitas:

a) A Internacional: a concertação de esforços na política externa para antecipar uma regulação dos meios financeiros que viabilize coisas como a convergência do regime de IRC sobre os bancos, o controlo e integração na economia social dos off-shore, compensações fiscais no núcleo do Euro que mitigem a vulnerabilidade a choques deste tipo nas economias do sul, impossibilidade de fugas ao fisco em holdings e similares com lucros bilionários, e por aí adiante... Algo parecido, só será possível mediante a intervenção política da UE, portanto a forma de a motivar é formar uma frente de pressão que inclua portugueses, espanhóis, gregos, irlandeses, italianos, romenos, búlgaros e austríacos, pelo menos. Vai levar tempo, por isso a concertação tem de ser rápida e muito forte. O objectivo será corrigir os problemas estruturais induzidos pelo Euro e pela actual desarmonia fiscal entre as diversas economias europeias. So:"Speak softly and carry a big stick";

b) A Racionalização da A.P.:é inevitável a imediata racionalização financeira de toda a administração pública, sector público e empresas públicas, no sentido da maior eficiência possível e do mínimo desperdício. Todos os absurdos relativos a regalias, pensões, e privilégios deve terminar;

c) Criar Esprit de Corps no país: Implementar medidas para-proteccionistas temporárias e de excepção - em conjunto com os outros países mais afectados - senão oficiais pelo menos oficiosas, administrativas se for necessário, para proteger a indústria, os serviços, e o emprego nacionais, sobretudo se a UE "demorar a entender" o que tem a fazer no sentido duma união política e fiscal mais equilíbrada. Este é o momento para agir concertada e duramente, porque a UE tem muito a perder se algo correr mal com todo o seu flanco sul.

Será inevitável que tenhamos de assistir a mais algumas privatizações e vendas de ouro e/ou de património do estado no sentido de, no espaço de um a dois anos, reduzir a dívida pública e o seu respectivo serviço tendencialmente mais caro nas condições actuais.

São vias complicadas e politicamente incorrectas já que colidem, precisamente, com os interesses locais - e alguns interesses externos - que têm ditado muitas das políticas em curso, implementadas ao longo dos anos pelos dois príncipais lados da bancada política. Mas é fazer o que tem de ser feito - e não faltará o apoio da opinião pública se for feito no respeito à verdade da situação. De resto, a situação actual é o incentivo óptimo a uma mudança de paradigma.

A quarta opção - a "via fácil" - de fazer pagar a crise através das classes médias, subindo significativamente os impostos, ou reduzindo os salários daqueles com menor responsabilidade na criação do actual estado de coisas, não irá funcionar. Ainda que fosse a melhor opção técnica - que penso não ser - não seria a melhor opção política, certamente.

Teoricamente, os salários têm de descer quando é impossível um ajuste cambial que reponha a competitividade e exportações da economia de uma nação, ou na perspectiva de inflação descontrolada.

Mas a nossa situação actual não pressupõe inflação, bem ao contrário (no quadro do Euro). Por outro lado, não creio que uma descida de salários tornasse o todo da economia portuguesa muito mais competitivo ou sustentável.

Eis porquê:

  • Muitas das maiores empresas nacionais - as que mais contribuem para o PIB - têm os seus negócios centrados em Portugal; uma descida do rendimento disponível sobre a maioria dos portugueses ditaria de igual forma uma quebra imediata dos seus volumes de negócio.
  • As grandes empresas portuguesas mais internacionalizadas benefíciariam igualmente pouco, porque já atingiram um grau de produtividade e eficiência que não depende primordialmente dos salários.
  • As PMEs, grosso da coluna, benefíciariam ainda menos, porque não possuem, na sua maioria, nem o know-how, nem o capital humano, nem a dimensão, nem a solidez financeira, para exportarem sustentavelmente muito mais do que aquilo que conseguem hoje (além do mais a maioria das PMEs não realiza exportações, temo).
  • A indústria alimentar nacional, por seu turno, entre PMEs e empresas maiores - um bastião importante na economia nacional - seria completamente espremida no mercado interno, e isto porque os seus maiores clientes - os grupos retalhistas - fariam provavelmente aumentar ainda mais a dependência do mercado das suas marcas próprias, mais baratas (e parte delas já importadas...) - um recurso que temos visto acontecer em todos os mercados onde a concorrência é elevada e o consumo cai, com consequências nefastas.
  • A descida do rendimento disponível das classes médias faria reduzir as já mínimas taxas de poupança nacionais (das mais baixas na Europa), i.e. agravaria ainda mais a dependência do país em relação ao financiamento externo para investimento, crédito ou cobertura de défices correntes.

A redução dos salários causaria também um clima de comoção social mais agravado, fazendo aumentar a criminalidade e a violência, entupindo um já moribundo sistema judicial com todo o tipo de quezílias, instaurando a crise política permanente e o tipo de imagem internacional que procuramos evitar...

Um tal caminho, aumentaria as probabilidades da crise resultante desembocar na saída do Euro - provavelmente sem retorno - arrastando isso eventualmente toda a espécie de conflitos políticos internos de natureza extremista, porventura até anti-Europa.

Dum ponto de vista económico, essa opção traria ainda com alguma probabilidade dois outros monstros: numa primeira fase um incremento brutal da dívida externa e pública, e numa segunda fase uma inflação elevada, motivada pela previsível desvalorização contínua dum "novo escudo".

Em suma, acabaríamos perto do sítio onde começámos quando se iniciaram as negociações de adesão à UE: na merda.

O governo deve pois concentrar-se num pragmatismo responsável e inteligente, e não em crises políticas menores ou "vias fáceis", na esperança vã de eleições antecipadas favoráveis...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Crespações, episódio III

Assistimos hoje nos jornais às declarações de Nuno Santos, essencialmente dando-nos conta de que as coisas (relativas à "conversa") não se passaram como Mário Crespo (MC) as contou... Nuno Santos diz que nem sequer estava na mesma mesa que o PM... Ou seja, que Mário Crespo se "esqueceu" de relatar o contexto... que surpresa!

Provavelmente nunca saberemos a verdade, como em qualquer boa "inventona calhandreira", mas fica-me a impressão clara de não se poder saber quem é, de facto, a vítima... MC ou o PM?

A simples existência dessa dúvida basta-me para terminar por aqui os registos pessoais sobre mais uma história imbecil e que pouco mais tem de interesse público que um arrufo tardio de "namorados" num jardim qualquer à beira-mar plantado.

E não, não vou comprar o livro do Mário Crespo.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Crespações, episódio II

Hoje saltou para os jornais o segundo episódio do folhetim Crespo.

Ao que dizem as más línguas, foi no Hotel Tivoli, por altura da apresentação do OE 2010 que terá ocorrido a propalada almoçarada.

Também parece - diz-se... - que terá sido Bárbara Guimarães a ouvir tudo. Crespo aparece editado por todo o lado, sobretudo, e em jeito pioneiro, pela Instituto Sá Carneiro, o que já dá para perceber que a coisa teve um indisfarçavel objectivo ou aproveitamento político; ou então quer dizer que Crespo foi azelha, e se deixou usar, pois tivesse ele simplesmente anunciado um processo sobre o PM por difamação e todos veríamos apenas a defesa singular de um pobre homem ofendido pelos grandes.

Surge mais um detalhe importante: a de que Nuno Santos, chefe de Crespo - a quem Sócrates ou algum dos presentes terá dito que Crespo era "maluco", ou "atrasado mental" - não terá contestado o "assalto".

Hipóteses (partindo do princípio de que o almoço e a conversa tiveram lugar como dizem e sem outros detalhes de contexto):

  • Sócrates ou membros do governo comentaram imprudentemente comportamentos de Crespo (inofensivo per si, ofensivo para a pessoa Mário Crespo)
  • Sócrates ou membros do governo tentaram condicionar (?) o chefe de Crespo a seu respeito (grave, se for verdade)
  • Nuno Santos não contestou, ou por se sentir condicionado (improvável), ou por ter sido surpreendido e ter ficado sem resposta (possível), ou por concordar tacitamente com o autor dos comentários (possível), ou por mero pudor (improvável), ou ainda por se tratar de comentário jocoso mas não carecendo de resposta (possível)
  • Crespo já não andava de bem com o seu chefe (doutra forma não teria dado ao detalhe de não-resposta de Nuno Santos ao PM um tom de crítica)
  • A defesa de Crespo aparece quase de imediato pela mão do Instituto Sá Carneiro (calculismo de Crespo ou aproveitamento político)
  • Crespo vai lançar um livro intitulado "A última crónica", na próxima quinta-feira (possível premeditação de oportunidade)

Não se dará o caso de Crespo estar meio feliz por ter encontrado finalmente um pretexto público, sonoro, para sair da SIC e entrar na política mais explicitamente?

Será que é o culminar do desagrado em não ter sido convidado a integrar uma posição em Washington (como chegou a dar como certo)?

Nada disto desculpa porém o PM do dever de ter tido, no mínimo, mais recato...

Aguardemos os próximos capítulos...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Obama contra-ataca

Numa manobra que peca por tardia, a administração Obama prepara-se para apresentar ao congresso na próxima segunda-feira um plano de 3,8 biliões de dólares para combater o desemprego e reactivar as classes médias. Sabe-se já que, entre outras coisas, há nas propostas um endurecimento da taxação dos mais monetariamente afluentes, nomeadamente dos bancos.

Acima da Lei

O MP já recorreu mas o facto é que o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa decidiu por não pronunciar Helena Lopes da Costa, ex-vereadora de Pedro Santana Lopes, acusada de 21 crimes de abuso de poder na atribuição de casas da autarquia de Lisboa.

Admiravelmente vergonhoso...

As crispações de Mário Crespo

Pode ser que ele tenha toda a razão para se sentir insultado e agredido. Pode ser que as suas fontes - mais do que uma, ao que afirma - sejam fidedignas. Pode ser que, de facto, naquele almoço, se lhe tenham vagamente notado a alta voz alguma "debilidade mental" injuriosa.

Mas se o almoço foi particular, e a conversa também - regada ou menos regada - que interesse tem para a nação o que pensam ou deixam de pensar sobre ele três políticos e uma quarta pessoa?

Quem assim se indigna, e pretende fazer jurisprudência de opinião a partir do seu próprio caso particular, passa no mínimo por narcisista, talvez mesmo por prima dona. Sobretudo não lhe terá ficado bem transformar em conto nacional o relato daquilo que terá sido - a ter acontecido - uma conversa, repito, particular. É má educação escutar atrás das portas.

Fazendo provavelmente um grande favor aos seus adversários, caiu no erro de produzir mais uma rídicula história de "diz que disse", ainda por cima tendo por base o que parecem ser meras coscuvilhices.

A forma que escolheu para manifestar uma indignação que não contesto foi bizarra...

O mamão da Madeira

A deliciosa e doce pequena banana é um dos magníficos frutos da ilha da Madeira. Mas ultimamente a banana ameaça ser ofuscada pelo... mamão... de Alberto João.

Um homem quase "anti-estado", separatista de ocasião, que por sua vontade exigiria sempre mais graveto aos continentais.

Apoiando-o, encontramos ainda e sempre este triste PSD, que pelos vistos alinha em entalar o contribuinte em mais desmandos insulares de sequestro da República; Ouvimos falar de perseguição política materializada em sucessivos garrotes ao fruto sub-tropical...

Mas se também sabemos que a Madeira já figura entre as regiões menos pobres do país - e muito bem - será que o PSD poderia discutir a decisão com base nesses números?

Com base na razão e em factos, em vez de embandeirar em carnavais?

O que dirão os transmontanos ou alentejanos perante isto? Serão menos portugueses do que os madeirenses?

domingo, 31 de janeiro de 2010

O espírito que é necessário

O espírito de que precisamos pode ilustrar-se no discurso de Roosevelt de 1936, no Madison Square Garden:

"Tivemos de lutar contra os velhos inimigos da paz: o monopólio empresarial e financeiro, a especulação, a banca imprudente, o antagonismo de classes, o facciosismo, os lucros extraordinários arrecadados com a guerra.

Tinham começado por considerar o governo dos Estados Unidos um mero apêndice dos seus próprios negócios. Sabemos hoje que um governo regido pelo dinheiro organizado é tão perigoso como um governo regido pela máfia organizada.

Nunca antes em toda a nossa história estas forças se uniram tão ferrenhamente contra um candidato como se verifica hoje. São unânimes nesse ódio contra mim - e de bom grado aceito esse ódio."


Voltámos a 1936. Mas precisamos de, pelo menos, três Roosevelt.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Tardança...ou Combate?

Resolvido que foi o problema do orçamento para 2010 eis-nos chegados ao momento que será crucial para o futuro de Sócrates e do seu governo.

Será ele capaz de aproveitar o ano que nos separa de novas eleições, no quadro da UE e de Portugal, para agir com outros governos e o seu próprio em direcção a uma social democracia menos vassala de interesses corporativos de classe ou do grande capital?

É bom que Sócrates, e o PS, se recordem que não estamos em 1983. O eleitorado compreende razoavelmente bem as razões pelas quais as classes médias têm vindo a ser empobrecidas e exigem acção determinada, sem fait-divers.

Não lhe vai chegar taxar os bónus maiores que 27.500 Euros dos banqueiros - uma medida insignificante, se isolada, meramente paliativa no acerto de contas com um sistema moral e economicamente falido; dificilmente lhe será permitido embarcar em mais "leis de diversão" sem punição eleitoral.

Sócrates tem agora de escolher: ou luta decisivamente pelo futuro duma social democracia sustentável, ou se resigna à gestão do compromisso, à navegação à vista... esperando-o nesse caso o desaire, sem dúvida.

Relativamente à leitura política da situação, Alegre revela a vantagem exercida sobre um Sócrates que assumiu tardiamente as consequências da crise internacional sobre o país, para logo as ter de combater apressadamente num quadro eleitoral de atascanço e polarização radical.

Aquilo que Alegre sabe - e aí vimos um político em acção - é que Sócrates, por mais que se mexa (e tem de o fazer) estará sempre mais ou menos refém da situação em curso, do combate à crise, dos efeitos de algumas duras decisões que se espera que tome, do desgaste político do enfrentamento com os oligarcas do statu quo.

O PS não terá outra escolha senão apoiá-lo, quanto mais não seja para que sirva ao eleitorado de escape, de mediador entre o sonho e a realidade.

Coisas que me desagradam (retrospectiva)

O défice das contas públicas de 2009 é de facto feio - 9,3% - e superior (bem superior) ao que o governo estimava antes das eleições e mesmo antes do fim do ano.

Admito que seja plausível supor-se que poderá estar na base disso uma estratégia de adaptação progressiva da realidade negra dos números à opinão pública, sobretudo tendo-se atravessado uma época eleitoral e um último trimestre importante para o consumo privado.

Por outro lado, a turbulência sobre as contas públicas em 2009 foi de facto mais violenta e mais dinâmica do que aquilo que é costume em anos de crise "normais".

Quer isto dizer que é igualmente plausível assumir que a rápida deterioração do desemprego pode, quase por si só, explicar a situação dum défice real claramente superior ao antecipado pelo executivo, por via da inerente subida de custos sociais e simultânea diminuição de receitas.

Mas o problema não reside na relativa gestão de espectativas a que o governo se viu "obrigado" entre Agosto e Dezembro de 2009, que era de esperar da parte de qualquer governo não-suicidário e algo dependente de juízos externos ao país sobre o estado da sua economia; nem reside nos efeitos de distorção anómala que a degradação rápida da situação económica de 2009 gerou, com efeitos amplificados sobre quaisquer previsões por via do atraso estatístico na compilação final dos dados económicos relativos a 2009. Tudo isso é aceitável.

O problema reside antes na falta de perspectiva - ou excessivo calculismo político - do executivo entre Setembro de 2008 e Março de 2009, quando as consequências da crise internacional sobre o país já estavam à vista mas não eram ainda oficialmente admitidas; caso o tivessem sido, teria porventura sido possível uma acção mais atempada na prevenção de algumas situações de desemprego causadas por falências oportunistas, por exemplo; teria sido possível a introdução de medidas com maior recuo, mais imaginativas, capazes de mitigar alguns dos efeitos da verdadeira sangria de emprego a que assistimos durante o decurso de 2009.

Pode ser que isso tivesse inclusivé elevado o défice acima dos 9,3% - na pior das hipóteses -mas teria tido o mérito de ter dado um avanço precioso de seis a oito meses sobre o controlo da situação.

Nesta matéria o governo preferiu uma gestão à vista - coisa muito portuguesa - em vez da necessária reactividade estratégica, e dessa forma atrasou medidas anti-crise que, tendo sido tomadas tardiamente, anularam boa parte do seu próprio impacto potencial na manobra de inversão duma situação económica e social trágica.

A minha avaliação dessa reacção tardia não pode ser, como se depreende, positiva.

Martin Wolf

Do Financial Times:

"É um escândalo que o modelo de pagamento para as agências de notação de crédito não tenha sido mudado. Elas deviam ser pagas por agentes dos compradores, não dos vendedores. Mais importante, o papel regulador das notações deveria ser eliminado, pura e simplesmente. Elas não têm credibilidade nesta matéria. O meu ponto de vista é que, quando muito, elas são um persistente indicador do que está errado no mercado. Na pior das hipóteses, elas estão activamente a enganar."

Martin Wolf, Associate editor and chief economics commentator at the Financial Times

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

E se?

Se calhar não era má ideia os Ministros das Finanças dos países sob ataque especulativo reunirem-se em conferência de imprensa internacional e denunciarem o que urge ser denunciado sobre os diversos tipos de ogres com os quais nos confrontamos, incluíndo os que residem na nossa Europa.

Fitch: um nome a recordar

Outra coisa que os press release destes senhores não param de ventilar é que os governos europeus precisam de 2.2 biliões de Euros para financiar défices em 2010. A afirmação em si mesmo não tem surpresa nenhuma, o problema, a falta de vergonha, é denunciada pelo tom mestre-escola da Fitch, como se fosse a eles que os contribuintes devessem essas somas...

Estes tipos brincam com a vida das pessoas, especulam com o nosso futuro: são nossos inimigos. As acções da Fitch configuram um acto de guerra.

A resposta já aqui se deu: vão buscar os 2.2 biliões aos off-shore, às mais valias mobiliárias, ao movimento internacional de grandes valores, ao sistema bancário sombra e à imposição de maior parcimónia fiscal sobre os bancos, de forma alargada geograficamente. Sem apelo, nem agravo.

Under attack

Os maus agoiros da Fitch e da Standard & Poor's relativamente à Grécia - e a Portugal - embateram hoje na economia real do nosso país, permeando a imprensa económica internacional e arrastando as bolsas europeias e norte-americanas, bem como o Euro. Algumas barragens começam a ceder a partir de pequenas fissuras. No caso a pequena fissura foi a Grécia, mas a barragem em risco é já a Europa.

Quais abutres "ao serviço de interesses comerciais" (como afirmava hoje Teixeira dos Santos), algumas das agências de rating indicíam fazer parte da rede de influência do grande capital conservador (ou neoliberal) que procura por todos os meios desfazer economias - e países progressistas - para lucro exclusivo de um punhado de gente que nem sequer conhecemos pelo nome e que manobra hoje com muito mais poder que vários primeiros-ministros juntos.

Primeiro, esconderam do grande público ou ignoraram propositadamente a crise que se avizinhava, protegendo poucos à custa do engano de muitos; depois, quando grandes bancos de investimentos e seguradoras começaram a ruir, clamaram pela intervenção dos estados; finalmente, com o dinheiro dos contribuintes mundiais já metido nas brechas que esta rede ajudou a criar, escolhem agora as vítimas mais fáceis: na Europa, primeiro a Grécia, como teste, e agora Portugal, Espanha e Itália (apesar da situação dos 3 últimos países ser bem diferente da Grécia). A Áustria e a Irlanda também são candidatos, bem como a banca Inglesa e talvez num futuro não muito distante, a própria França.

Há cerca de dois meses registei aqui, pelo andar da carruagem que os preços dos CDS estavam a levar, que se estava a desenhar a oportunidade para mais uma bolha, desta vez jogada com o futuro de povos inteiros.

A reacção a isto não mais pode ser de apaziguamento, pois ultrapassaram-se já todas as marcas. É bom que os Governos dos países visados se unam e - com ou sem o apoio da União Europeia e instituições internacionais - comecem a agir muito duramente, primeiro nos bastidores e depois à vista desarmada.

Também é claro que se somos parte desta fenda, foi porque nos fomos pondo a jeito de o ser...

Contudo, é intolerável que a nossa economia seja telecomandada por um punhado de dementes escondidos algures, ou que a alguém seja permitida a leviandade de transformar uma situação de perigo para um povo numa catástofre a tempo presente.

Isto devia ser encarado, denunciado e tratado como uma ameaça à soberania nacional, pois de facto é de um ataque já em curso aquilo de que estamos a ser alvo. Que isso não sirva, porém, para distrair o governo, as empresas, e as famílias, do trabalho de casa que lhes compete.

Não há apaziguamento possível com os ogres. Lembrem-se de Neville Chamberlain e dos seus bons, mas errados, modos.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Oswiecim

Cumprem-se hoje 65 anos desde a chegada das primeiras tropas soviéticas a Auschwitz - Birkenau (Oswiecim em Polaco).

O maior complexo de campos nazi, o mais tristemente célebre após 1945, conta porém apenas uma pequena, embora especialmente horrível, parte da história da ignomínia humana.

Celebrar a libertação de Auschwitz é largamente incompleto, se calhar ofensivo, sem recordar as dezenas de outros campos nazis espalhados por toda a Europa (imagem acima), sem lembrar os Einsatzkommando ou, da mesma forma, os ghettos dessa época, de antes e depois da guerra, todos os Gulag, os prováveis e ainda secretos campos de concentração Chineses em operação no dia em que estas linhas se escrevem, ou até os países dos nossos dias transformados em campos de concentração não menos terríveis.

Lembremos igualmente que a 27 de Janeiro de 1945, as tropas soviéticas encontraram apenas cerca de 7.500 prisioneiros, parte dos quais viria a falecer nos dias subsequentes. Os restantes, ou já tinham sido eliminados, ou arrastavam-se a esse preciso momento em marchas forçadas brutais e mortíferas a caminho de outros campos nazis, como Bergen-Belsen.

Auschwitz é uma simplificação da epítome da capacidade para o mal, individual e colectiva, que existe em todos e cada um de nós; e como todas as simplificações, tem o seu quê de perigoso e redutor.

O perigo consiste em permitir-nos eventualmente pensar a capacidade para o mal "absoluto" como algo apenas inerente "aos outros", ou pior ainda "a certos povos" (como o Alemão...), quando na realidade essa capacidade é praticamente transversal a todos, tal como o seu inverso, a capacidade para fazer o bem. Os extremos mais não são do que desvios atípicos, que cristalizam a estupefação da maioria e a fazem facilmente esquecer que aquilo que a distrai é o espelho da sua própria natureza levada ao limite.

Auschwitz apresenta-nos um passado cada vez mais distante de uma memória terrível, hipnótica, surreal, através duma algo enganadora atmosfera de museu. A realidade mostra-nos eventos tão ou mais horrendos decorrendo a toda a hora, sob as mais diversas formas, perpretados por pessoas contra outras pessoas.

Sucede apenas ser-nos mais fácil julgar de forma quase absoluta um passado distante, do que reagir em tempo real às atrocidades do nosso próprio presente.

Auschwitz ainda existe, apenas se transfigurou; tenho dúvidas de que algum aspecto daquilo que representa possa ser algum dia verdadeiramente celebrado, ainda que se trate de uma "libertação".

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Shame on INSEAD


O INSEAD - pela pena de Theo Vermaelen - disseminou numa das suas mais recentes newsletters uma violentíssima crítica - disfarçada de raciocínio científico - a Harvard, por causa da escola de negócios desta última Universidade ter permitido aos seus estudantes MBA encetar um juramento ético.

O texto do juramento ético que alguns desses estudantes decidiram abraçar pode ser lido aqui: http://mbaoath.org/take-the-oath.

Um dos compromissos do juramento é o de que os futuros gestores "contribuam para o bem estar da sociedade" e também que "promovam um desenvolvimento económico sustentável, social e ambientalmente próspero". Não foi mais do que um tímido e incipiente começo em direcção ao senso comum e, ainda assim, corpos de escolas como o INSEAD ficaram aterrorizados ao ponto de se sentirem impelidos para críticas de carácter público. Só isso, já revela alguma coisa...

Duma forma simultaneamente cínica e falsamente ingénua, mas sobretudo cientificamente absurda, Theo apresenta-nos 3 razões para desconsiderar a iniciativa dos estudantes de Harvard (os gurus wanna be apresentam sempre 3 problemas, 3 razões ou 3 soluções, seja qual for a realidade que tratem):

1ª) Afirma que o juramento encerra desde logo um conflito de interesses de natureza "fiduciária e ética" (sic) para com os futuros empregadores e patrões;

2ª) Afirma depois que o juramento é apenas parte de uma resposta inadequada à crise, em jeito de efeito espúreo;

3ª) Finalmente, pura e simplesmente não acredita que os juramentos influenciem o comportamento humano;

O resto do texto é uma algaraviada de pouca vergonha e nenhum fundamento empírico, tentando no fundo justificar o injustificável: porque devem os estudantes de gestão resistir à ética e aos escrúpulos pessoais.

Theo Vermaelen, que talvez preencha o estereótipo de quem "ensine" por não saber fazer mais nada, pode também ser confundido com um cobarde. Afinal de contas, nunca experimentou na pele as consequências do que defende.

Com efeito, a grande diferença entre um cientista e um aprendiz de proxeneta é que o primeiro tem de arriscar procurar uma verdade escrutinável e verificável por instrumentos de medida de precisão, i.e. factos, enquanto o segundo se está nas tintas para quem fode, desde que corra o marfim. Sem nenhuma ofensa para a Filosofia, costumava a propósito dizer um bom amigo meu que a diferença entre um físico e um filósofo é que o segundo não entende o conceito de massa.

Através do seu texto - no mínimo, tacitamente aprovado pelo INSEAD - Theo também demonstra saber muito pouco do misto da arte e ciência de gerir. À luz do que defende, a gestão deve ser exclusivamente uma actividade de sacanas e ladrões, algo muito pouco adequado a seres humanos no sentido convencional do termo.
Sem que nos possamos admirar, na opinião eloquente de Theo as "externalidades" negativas com origem na iniciativa privada devem ser tratadas pelos estados (i.e. as asneiras dos gestores devem ser pagas pelos contribuintes; que o mesmo é pensar "é para isso que o gado serve").

A certa altura, diz Theo, um tal juramento até pode provocar comportamentos anti-éticos - chegado aqui, Theo serve-se da relativização e do falso silogismo, tão caros aos extremistas, para tentar virar a mesa ao contrário. E porquê "comportamentos anti-éticos"? Porque não é ético, para Theo, que um gestor decida usar o dinheiro dos seus accionistas para "promover causas" que destruam valor; "promover causas" é uma expressão que ele injectou e com um sentido muito preciso.

O sujeito também acha que é absolutamente falso que a crise subprime tenha sido causada por alguns MBAs ou até por banqueiros jogando com o dinheiro de outras pessoas (chega a proferir que quem defende tal coisa "ignora os factos", acestando ao professor Thomas Donaldson). Não me vou dar ao trabalho de comentar esta parte das afirmações de Theo.