Há histórias que por vezes acabam muito mal para os invejosos. A história recente de Vítor Constâncio, é uma delas. Sempre aqui fiz a sua defesa, o que tem muito a ver com o facto de o conhecer de algumas funções técnicas a que dedicou a sua vida, de ter aprendido a conhecer a sua experiência e o seu pensamento económico - não o conheci nem por motivações políticas, nem devido a acasos de natureza pessoal.
Consegui seguir as razões pelas quais tem sido invejado, atacado, injuriado, perseguido mesmo, neste país que pouco merece um homem com o seu conhecimento e experiência de economia monetária (como os próprios patrões da banca têm reconhecido, à revelia dos inquisidores "medievais" bem conhecidos).
Constâncio foi ontem nomeado pelos 16 ministros das Finanças da zona Euro para as funções de Vice-Presidente do BCE.
O melhor do bolo é que isto acontece por influência de Angela Merkel - que chatice não poderem culpar Sócrates também por isto - muito admirada por certos sectores conservadores portugueses que ela não só não conhece como, penso eu, repudiaria vivamente caso viesse a conhecer mesmo bem.
O mais importante: não sei se a escolha de Constâncio vai mudar alguma coisa no BCE - Trichet não vai estar muito mais tempo. Como é claro, espero que contribua positivamente, sobretudo porque ele conhece muitíssimo bem as vantagens, mas também as imensas fragilidades técnicas, inerentes à (actual) união monetária europeia. Constâncio sabe de cor as consequências da desarmonia fiscal e dos mercados de trabalho no seio de uma moeda única, face a choques externos. Posso garantir isso pessoalmente, em primeira mão.
Este homem tem a boa capacidade técnica e política para eventualmente persuadir pela razão e apoiar os líderes europeus mais poderosos em direcção à inevitável federação, sem a qual o projecto europeu corre sérios riscos de afundamento.
Moçambique pós-Natal
Há 6 horas
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