Carrissímo, vou sentir a falta da tua análise... Não é que concorde com todas, mas não haja dúvida que tocas em pontos essenciais... Só é pena que muitos também o saibam, mas nada se faça a respeito.
Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: «Fui eu?»
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa
Carrissímo, vou sentir a falta da tua análise... Não é que concorde com todas, mas não haja dúvida que tocas em pontos essenciais... Só é pena que muitos também o saibam, mas nada se faça a respeito.
ResponderEliminarG_Mendes