Já lá vai mais de um mês que a imprensa mundial expõe, quase todos os dias, os problemas estruturais muito graves da Europa e do Euro, a carência urgente por resoluções de natureza política que permitam à Europa sequer sobreviver às próximas décadas.
No entanto, de Durão Barroso, Van Rompuy ou Catherine Asthon, não vislumbramos ainda a menor ideia, a mais vaga noção de liderança, perante uma situação de clara emergência que exige sinais claros, obviamente não apenas no plano económico, mas estrutural e político.
É como se vivessem na Lua. 2010 parece ser o ano em que a Europa política assumiu em definitivo o seu segundo mundismo, a sua patética irrelevância no mundo. Escrevo-o com mágoa.
Entretanto, em Portugal, transpira-se uma mentalidade insular também trágica: quase nenhum jornal, telejornal, ou personalidade influente debate seriamente as consequências duma Europa fraca e multipolar, as origens e consequências últimas da maior crise económica do Ocidente num século - como a ela se refere já Alan Greenspan - já para não falar das consequências da sobrevivência da fanática e animalesca utopia neoliberal que apesar de tudo parece agora ainda mais forte neste país, ou dos efeitos mais complexos duma globalização que ameaça transformar a prazo países como o nosso numa chinesice.
Os políticos - quase todos - debatem-se como comadres e imaginam o país como se este começasse, se fizesse, e acabasse em fronteiras que já só existem nas suas cabeças; para um grande número de cidadãos, vale a indiferença, a apatia, a ira desnorteada, a acomodação ou a simples incapacidade de compreender o que se passa.
É-me cada vez mais difícil, diariamente penoso, conviver com tão tremendo provincianismo.
Apesar de partilhar das procupações expressas, pois tenho refletido sobre elas,não quero deixar de referir, que ainda há alguém que também pensa nesses problemas. Veja-se os últimos artigos de Mário Soares, no D.N.
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