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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Um gesto corajoso, e uma palavra: Nobre!

Personagens insuspeitas - à esquerda e à direita - apressaram-se, ainda antes das 20:00h de hoje, a discorrer sobre a "inexperiência" de Fernando Nobre, a alertar para o eventual "efeito divisionista à esquerda" que a sua candidatura à Presidência da República iria motivar; outros, disfarçando mal o nervosismo que a candidatura de Nobre lhes desperta, profetizaram entretanto que a sua candidatura não conseguirá ir além dos 5% ou dos 6%. Para compor o ramalhete de comentários perfeitamente estúpidos, já ouvi mesmo dizer à direita que Nobre lhes fará o favor de se poderem dar ao luxo de nem sequer terem de ir votar, tal é já a sua certeza da vitória de Cavaco...

Se alguns portugueses, por um lado, rogam pragas aos políticos "profissionais" numa base diária - especialmente aos que estão no poder - e fazem reflectir sobre os políticos e a política muito do que lhes corre menos bem na vida, clamando ardentemente pelo acesso dos "melhores" à política, por outro lado, quando alguns desses nossos melhores finalmente avançam - ou mesmo antes, como se vê - começa de imediato a sátira e o absurdo.

Pode ser que eu esteja maluco, que eu esteja a ver muito mal a coisa, que eu tenha perdido discernimento, mas depois de ouvir Nobre hoje às 20:00h, pensei: temos Presidente!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

As opções de Sócrates

Descobrir o "melhor caminho" a seguir neste mandato será tudo menos trivial para o PS, e no entanto é bem possível que Sócrates surpreenda de novo, mostrando-se adaptado às novas - e esperadas - circunstâncias. Foi isso que sinalizou Sócrates já no discurso de ontem (ele tem um mandato de avanço sobre esta situação que agora acontece e por isso é lícito esperar algum grau de preparação).
À esquerda do Governo quase todos os possíveis compromissos se revelam muito complicados. Quer o PC quer o BE rejeitaram de antemão todas as hipóteses de possível entendimento e sabem agora que não serão individualmente culpabilizados por uma eventual falta de governabilidade do país, nesta ou naquela situação. Espera-se por essa razão, e por um certo radicalismo inerente a essas forças que é a sua "raison d'être", a continuação de feroz oposição à esquerda.
À direita do CDS-PP - no PSD versão "brigada do reumático" - só haverá possibilidades de algum diálogo depois das declarações do PR, amanhã, e sobretudo se a liderança mudar, o que não sendo impossível também não se espera que aconteça imediatamente. Se a liderança se mantiver, não é de esperar qualquer tipo de entendimento com o PS. O PSD de hoje em dia (aqueles que nele mais mandam) não dista muito do PC em matéria de inflexibilidade e fanatismo.
A direita de Portas surge assim como a única possibilidade real que se apresenta a Sócrates para alcançar a estabilidade numa maioria de situações, sobretudo enquanto a liderança do PSD não mudar. Portas será muita coisa, menos estúpido; não me parece que aceitasse que sobre ele viessem a cair acusações de que tivesse escolhido ser apenas mais um "partido de protesto"; por outro lado, perante parte do seu eleitorado (sobretudo a parte agora ex-PSD), Portas dificilmente poderá deixar escapar mais uma oportunidade de ser parte integrante deste Governo, sobretudo sabendo que mesmo que as coisas corram menos bem conseguirá provavelmente escapar aos principais focos de culpabilização ainda com imagem de dever cumprido. Portas é inteligente, mas também já demonstrou saber ser errático. Veremos para que lado pende.
Presumo que a negociação PS-CDS, a ocorrer, não seja rápida nem fácil, convergindo no entanto para um entendimento mais ou menos inevitável. O efeito colateral será a indisposição amplificada da ala esquerda do PS, sobre o que o BE só capitalizará se moderar as suas posições, o que por convir a Sócrates se revela improvável.
Uma aliança parcial com o CDS-PP, sendo um mal necessário, pode também ser uma conveniência estratégica para desnatar os neoliberais conservadores e fazer face ao principal eventual adversário futuro - um PSD de liderança refrescada e ainda mais sedento de poder.
Por outro lado, para quem acha grave um entendimento PS-CDS, não me parece forçoso que o PS tenha que abdicar do essencial do seu programa se conceder alguns ministérios a Portas...
Outra opção de Sócrates será ainda apostar na diversidade parcial para o seu Governo, num multi-partidarismo contido - que faria algum sentido político num momento em que é necessária união interna - escolhendo para algumas pastas figuras próximas ao PSD (se já pós-Ferreira Leite), outras próximas ao CDS-PP, numa manobra a la Sarkozy / Obama.
Na impossibilidade de algum tipo de arranjo de forças que confira estabilidade à governação, o último recurso será Socrates seguir o seu caminho, o que se afigura razoavelmente mais arriscado, sobretudo se o PSD entretanto encetar um verdadeiro movimento de renovação de lideranças para melhor (o que não parece provável no curto prazo, mas veremos). Ao invés, se o PSD não se souber renovar devidamente, de forma credível, e se o PS se vir impossibilitado de contar com o apoio de quaisquer outros partidos no parlamento e apostar em manter o seu rumo, cairá, abrindo-se então a possibilidade de regresso à maioria absoluta.
Mas aguardemos, antes de mais, o que diz o PR amanhã. Não auguro nada de bom.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Dia Horribilis para Cavaco Silva


Confirma-se o cenário de que o centro de muitos equívocos reside em Belém. Grassa ali uma enorme embrulhada; ou o PR explica rapidamente todo o assunto, ou a coisa vai fazer muito estrilho.
Admite-se que o PR tenha demitido Fernando Lima porque:
a) Este não teria sido autorizado a ventilar suspeições sobre o receio, fundado ou nem por isso, de escutas (existindo estas ou não).
b) Por contenção de estragos sobre um mal entendido de mau gosto, comentado com ligeireza, na sequência duma pirueta mal calculada por parte de alguém em Belém.
c) Por admissão de culpa, própria ou alheia.
Porque demite o PR Fernando Lima poucos dias após ter dito publicamente que estava interessado em pedir mais explicações sobre a segurança de Belém, mas apenas para depois das eleições?
Seja como for, como irá agora o PR destacar-se, como parte independente e presidente de todos os portugueses, dos resultados eleitorais, quaiquer que estes venham a ser?

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Porto do Graal

A falta de espaços e tempos de debate públicos desinteressados e tendencialmente construtivos, o relativo deserto de ideias e lideranças nas oposições, a exasperante superficialidade de análise e falta de curiosidade e rigor dos media, a anemia corporativa de boa parte dos intelectuais e o conservadorismo anacrónico de vastos sectores da sociedade portuguesa, são factores que merecem uma resposta democrática mais dinâmica, algo que se insira na inevitável renovação daquilo que são as forças "vivas" da sociedade portuguesa contemporânea.

Este será pois um blogue de opinião, debate de ideias e propostas para acção política, que procurará antes de mais alinhar-se ao bem comum e ao pragmatismo de pensamento e acção.

Será apenas um pequeno grão de areia nas engrenagens da vasta praia lusitana, talvez. Mas ainda assim um pequeno grão de areia que não se resignará ao sol nem às vagas salgadas.

Antes de chegar a quaisquer certezas, procurá colocar as questões, pois é delas que o caminho é feito.