Nestas duas décadas e meia de neo-liberalismo económico desenfreado os países ocidentais conseguiram levar os seus cidadãos a ignorarem o conceito de poupança.
De modo geral, hoje em dia, a poupança é mais elevada nos países do sudoeste Asiático, para onde se dará a transferência de riqueza em curso com esta crise. É claro que para o grande capital isto não tem muita importância, pois não existem fronteiras para ele, mas para os estados infiltrados pelas suas formas mais radicais, pode vir a ser desastroso.
Na Europa apenas os franceses - vistos como bichos raros por se oporem parcialmente ao neo-liberalismo anglo-saxónico - têm taxas de poupança aceitáveis.
Nos EUA, mesmo antes da crise elas tinham descido a 0,6% dos rendimentos, reduzindo os americanos à dependência mais radical do consumo desmedido.
Em Inglaterra, até há bem pouco tempo - e também por cá, nalguns casos - os bancos emprestavam até 125% do valor de uma casa, assim contribuindo simultaneamente para a especulação imobiliária e para o consumo.
Entre nós, números de 2008, os níveis de poupança desceram aos valores que tinhamos em 1961, cerca de 5,5% do PIB, mas é de presumir que com o desemprego que aumenta, os níveis reais possam vir a ser menores do que isso.
Nas minhas notas de Junho de 2008, escrevi: "O processo de globalização em curso, mal regulado, já fez algumas vítimas mas ainda não proporcionou catástrofes sócio-económicas a escalas nacionais (...). Nada nos garante porém, à velocidade actual dos acontecimentos, que tal seja impossível."
Não suspeitava na altura o que viria a acontecer à Islândia.
Estes acontecimentos não podem mais ser assacados a meia dúzia de exageros perigosos, mas antes a políticas e acções deliberadas, tomadas a larga escala e anos a fio sem atenção às consequência de longo prazo.
"Solar dos Pintor" (Santo Antão do Tojal)
Há 2 horas
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