Agora que o negócio vai mal nos EUA, temo que iremos assistir ainda mais intensamente ao ataque dos lobbies - por via de alguns partidos e personagens políticas nacionais - ao Serviço Nacional de Saúde, ao Ensino Público e também na questão energética.
Tratam-se de chorudos negócios em globalização e por isso interessa passar a ideia de que estariam ao melhor serviço de todos se fossem privados. Puro engodo, porque a questão deles não é a de apurar verdadeiramente como e até que ponto podem constituir melhor opção pública as opções que defendem mas meramente a de como fazer mais dinheiro, mais rapidamente, para meia dúzia de indivíduos que se calhar nunca cá puseram os pés.
Na saúde fazem o gentio Xerox perguntar "mas porque é universal o sistema se poderia ser apenas dirigido aos mais pobres?". Há um problema nesta retórica. É que ela não acaba nesta pergunta. De forma ingénua e meio cínica tenta mostrar uma evidência apelativa, mas populista.
O que impedirá mais tarde os mais ricos e os mais egoístas de voltar a perguntar "e porque é que eu, que pago seguro de saúde e me trato em clínicas privadas, tenho de descontar tanto para os mais pobres?".
A sucessão de questões deste tipo, na Saúde, no Ensino, e algumas outras áreas, é um processo de individualismo refinado e progressivo que, camuflado pela "opção da escolha" (para quem pode, claro) oferece a miséria que podemos apreciar nos sistemas da América Latina e nos EUA, onde 47 milhões de pessoas não possuem qualquer cobertura de saúde e uma prótese simples pode custar qualquer coisa como 12.000 Euros.
É por isso preocupante que alguns portugueses, a soldo ou não, vejam exclusivamente nos privados o reino dos Céus, a chave para a esperança da melhoria de vida dos seus compatriotas, acenando com a bandeira simplória de menos impostos (na verdade trocam os impostos sobre os quais ainda temos algum poder de reivindicação, por preços arbitrários e à mercê da lógica única do lucro). Alguns são os mesmos que acreditaram que o objectivo de Bush era levar a democracia ao Iraque.
Uma coisa é a complementaridade de sistemas, outra é a estrada que nos leva à destruição dos sistemas de apoio sociais que ainda funcionam por coisas que apenas se sabe funcionarem mal. Fantasias mal explicadas cujo móbil é a ganância e o enriquecimento contínuo de um pequeno punhado de gente que nem sequer dá a cara.
Vejam a questão energética e recordem-se dos defensores da opção nuclear que, mesmo não sendo isso o que fazem na vida, juram a pés juntos não terem dúvidas de que se trata da melhor opção.
Por mim, sempre desconfiarei de quem não tem dúvidas e raramente admite o erro.
Genial
Há 7 horas
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