sábado, 31 de outubro de 2009
As perguntas de Saramago
Gosto de alguns dos seus livros, embora não os ache especialmente originais. "Caim" não é excepção; outras figuras maiores da literatura já se aventuraram nos mesmos mistérios, mesmo sem ter de descer às profundezas do Antigo Testamento. Norman Mailer, por exemplo (para mim, muito acima de Saramago nesta matéria).
Ainda assim, as interrogações de Saramago não devem, nem podem, ser ignoradas. Não penso que a sua intenção tenha sido a de alvejar por prazer ou impulso um conjunto de textos com 2.000 anos. Bem pelo contrário, acho que Saramago presta homenagem à espiritualidade humana, ao desafiá-la a questionar-se mais profundamente sobre a dureza da letra bíblica.
Pode ser que o faça como uma criança, à letra e zangado, ou como alguém disse: "com ingenuidade".
Mas é nessa "ingenuidade" que reside provavelmente a sua proposição artística relativamente ao tema, bem como a origem das suas legítimas questões.
O grande fardo
Mário David: homem de Durão e... Berlusconi
A exercer o mandato de Deputado à Assembleia da República, pelo Círculo de Leiria, onde coordena a bancada social-democrata na Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros, foi Secretário de Estado dos Assuntos Europeus do XVI Governo e Assessor Político do Primeiro-Ministro do XV Governo, José Manuel Durão Barroso, cujo Gabinete de Transição para a Comissão Europeia foi coordenador, indigitado por aquela estrutura.
Mário David foi ainda Vice-Presidente do Partido Popular Europeu e Secretário-Geral do Grupo dos Liberais Democratas e Reformistas do Parlamento Europeu. É ainda Secretário-Geral-Adjunto da Internacional Democrata do Centro.
No dia 20 de Outubro de 2009, Mário David ganhou alguma notoriedade ao afirmar publicamente que se envergonhava de ser compatriota do escritor Prémio Nobel da Literatura José Saramago, a propósito da publicação do seu livro Caim."
Face Oculta
Da Wikipedia:
"Armando António Martins Vara (Vilar de Ossos, Vinhais, 19 de Fevereiro de 1954) é um político português e administrador bancário. Estudou Filosofia na Universidade Nova de Lisboa, tendo abandonado a universidade sem obter o diploma de licenciatura. Mais tarde obteve o diploma de licenciatura no Curso de Relações Internacionais na agora defunta Universidade Independente, três dias antes da sua nomeação para a Administração da Caixa Geral de Depósitos, cargo que deixou de exercer para assumir a presidência do Banco Comercial Português.
Um mês e meio depois de ter abandonado a Caixa Geral de Depósitos para assumir a vice-presidência do Banco Comercial Portugal foi promovido no banco público ao escalão máximo de vencimento, o nível 18, o que terá reflexos para efeitos de reforma."
Do rol de irregularidades relacionadas com Vara surge mesmo a certa altura um suposto recurso a técnicos que dele dependiam para um projecto de moradia pessoal (sem comentários).
É forçoso que mesmo antes de transitar em julgado, o PS e o BCP e o Banco Central façam as suas própias averiguações e não primem pela inacção.
A confirmar-se a veracidade do teor das escutas da PJ (provas de corrupção), Vara deveria, no mínimo, ser suspenso das suas funções bancárias (ainda que a Lei o não exiga) e afastado de qualquer cargo público.
Sem qualquer margem para dúvidas, este caso (que nada tem a ver com a poeira e intentonas de outros "casos" surgidos contra Sócrates no último ano e meio) será uma dura prova para o XVIII Governo.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Perdoar, mas não esquecer
Rendimento Máximo Garantido
A nova unidade alargou as suas investigações ao Panamá, a Sydney e a Pequim, abrindo aí escritórios especiais, à semelhança dos que já existiam em Barbados e Hong Kong.
O IRS americano revelou que os americanos que aceitaram de moto próprio revelar a existência de contas off shore - para beneficiar duma amnistia parcial em vigor até meados deste mês - permitiram a descoberta de várias contas de valor superior a 100 milhões de dólares... Ao todo, cerca de 7.500 americanos decidiram-se por esta opção.
Na Europa medra ainda - salvo poucas excepções - um silêncio perturbador sobre este assunto.
Rajoy, o perdido
domingo, 25 de outubro de 2009
O mártir Berlusconi...
Vaticano persiste no erro
Há menos de uma semana propôs uma espécie de fusão com a ala dura dos Anglicanos (os Anglicanos tradicionalistas), que se sente desconfortável com a nomeação de sacerdotes femininas e com a admissão de sacerdotes homosexuais.
Isto não me parece ecumenismo. Parece-me mais uma estratégia desesperada de negação da realidade, à mistura com uma certa ânsia de unificação de poder, à maneira medieval.
A hora da verdade: teoria neoclássica
Composição do XVIII Governo da III República
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Se nada mudar...
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Obama: gloves off!!!
"This is the unsustainable path we’re on, and it’s the path the insurers want to keep us on. In fact, the insurance industry is rolling out the big guns and breaking open their massive war chest – to marshal their forces for one last fight to save the status quo. They’re filling the airwaves with deceptive and dishonest ads. They’re flooding Capitol Hill with lobbyists and campaign contributions. And they’re funding studies designed to mislead the American people (...)
It’s smoke and mirrors. It’s bogus. And it’s all too familiar. Every time we get close to passing reform, the insurance companies produce these phony studies as a prescription and say, “Take one of these, and call us in a decade.” Well, not this time. The fact is, the insurance industry is making this last-ditch effort to stop reform even as costs continue to rise and our health care dollars continue to be poured into their profits, bonuses, and administrative costs that do nothing to make us healthy – that often actually go toward figuring out how to avoid covering people. And they’re earning these profits and bonuses while enjoying a privileged exception from our anti-trust laws, a matter that Congress is rightfully reviewing."
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
Por falar em fanáticos...
"MAIS DO MESMO por Vasco Graça Moura - 30 Setembro 2009
O povo português acaba de demonstrar a sua fatal propensão para viver num mundo às avessas. Não há nada a fazer senão respeitá-la. Mas nenhum respeito do quadro legal, institucional e político me impede de considerar absolutamente vergonhosa e delirante a opção que o eleitorado acaba de tomar e ainda menos me impede de falar dos resultados com o mais total desprezo.
Só o mais profundo analfabetismo político, de braço dado com a mais torpe cobardia, explica esta vitória do Partido Socialista.
Não se diga que tomo assim uma atitude de mau perdedor, ou que há falta de fair play da minha parte. É timbre das boas maneiras felicitar o vencedor, mas aqui eu encontro-me perante um conflito de deveres: esse, das felicitações na hora do acontecimento, que é um dever de cortesia, e o de dizer o que penso numa situação como aquela que atravessamos, que é um dever de cidadania.
Opto pelo segundo. Por isso, quando profiro estas e outras afirmações, faço-o obedecendo ao imperativo cívico e político de denunciar também neste momento uma situação de catástrofe agravada que vai continuar a fazer-nos resvalar para um abismo irrecuperável.
Entendo que o Governo que sair destes resultados não pode ter tréguas e tenciono combatê-lo em tudo quanto puder. Sabe-se de antemão que o próximo Governo não vai prestar para nada!
É de prever que, dentro de pouco tempo, sejamos arrastados para uma situação de miséria nacional irreversível, repito, de miséria nacional irreversível, e por isso deve ser desde já responsabilizado um eleitorado que, de qualquer maneira, há-de levar a sua impudência e a sua amorfia ao ponto de recomeçar com a mais séria conflitualidade social dentro de muito pouco tempo em relação a esta mesma gente inepta a quem deu a maioria.
O voto nas legislativas revelou-se acomodatício e complacente com o status quo. Talvez por se tratar, na sua grande maioria, de um voto de dependentes directos ou indirectos do Estado, da expressão de criaturas invertebradas que não querem nenhuma espécie de mudança da vidinha que levam e que se estão marimbando para o futuro e para as hipotecas que as hostes socialistas têm vindo a agendar ao longo do tempo. O que essa malta quer é o rendimento mínimo, o subsídio por tudo e por nada, a lei do menor esforço.
Mas as empresas continuarão a falir, os desempregados continuarão a aumentar, os jovens continuarão sem ter um rumo profissional para a sua vida. Pelos vistos a maioria não só gosta disso, como embarcou nas manipulações grosseiras, nas publicidades enganosas, nas aldrabices mediáticas, na venda das ilusões mais fraudulentamente vazias de conteúdo.
A vitória foi dada à força política que governou pior, ao elenco de responsáveis que mais incompetentemente contribuiu para o agravamento da crise e para o esboroar da sustentabilidade, ao clube de luminárias pacóvias que não soube prevenir o desemprego, nem resolver os problemas do trabalho, nem os da educação, nem os da justiça, nem os da segurança, nem os do mundo rural, nem nenhuma das demais questões relevantes e relativas a todos os aspectos políticos, sociais, culturais, económicos e cívicos de que se faz a vida de um país.
Este prémio dado à incompetência mais clamorosa vai ter consequências desastrosas. A vida dos portugueses é, e vai continuar a ser, uma verdadeira trampa, mas eles acabam de mostrar que preferem chafurdar na porcaria a encontrar soluções verdadeiras, competentes, dignas e limpas. A democracia é assim. Terão o que merecem e é muitíssimo bem feito. O País acaba de mostrar que prefere a arrogância e a banha de cobra. Pois besunte-se com elas que há-de ter um lindo enterro.
A partir de agora, só haverá mais do mesmo. Com os socialistas no Governo, Portugal não sairá da cepa torta nos próximos anos, ir-se-á afundando cada vez mais no pântano dos falhanços, das negociatas e dos conluios, e dentro de pouco tempo nem sequer será digno de ser independente. Sejam muito felizes."
Mensagem a Maitê Proença
terça-feira, 13 de outubro de 2009
O vazio PSD ultrapassou fronteiras!
Inglorious Basterds?
Go Nova, Go!
Educação, Texas style
Aconselho a leitura, de novo, de uma recente crónica de Paul Krugman:
http://www.nytimes.com/2009/10/09/opinion/09krugman.html?_r=2&th&emc=th
segunda-feira, 12 de outubro de 2009
Autárquicas 2009: Vitória política do PS
37,66%
2.083.833 votos
921 mandatos
PPD/PSD
22,95%
1.269.821 votos
666 mandatos
domingo, 11 de outubro de 2009
Obrigado, Sr. Presidente!
Herta Müller, prémio Nobel
Uma questão de bom senso
P. Krugman
O homem mais perseguido do mundo
"Sou um perseguido. O maior da história, dado que sempre me absolveram (...) Gastei mais de 200 milhões em juízes... perdão, em advogados".
Há que convir que Il Cavaliere, dentro do seu género, ainda consegue ser cómico.
sábado, 10 de outubro de 2009
Pacheco Pereira, o invejoso?
- Correu da Casa Branca com os conservadores radicais, gente fanática, assumidamente pró-guerra, fundamentalmente anti-democrática e completamente despegada de quaisquer bases éticas, competência, honestidade intelectual.
- Ao contrário das (vossas) expectativas, tem sabido fornecer os instrumentos, e colocar as peças chave a jeito de se vencer a maior crise económica e social de que temos memória viva.
- Está a contribuir para extingir de forma responsável a acrimónia absurda que Bush vinha a acalentar em relação à Rússia, bem como a divisão que acalentava em relação à própria Europa (lembras-te da história da "velha Europa" vs. "nova Europa"? sabes o que se passa na Polónia?).
- Tem uma visão positiva para o mundo, construtiva, mais pacífica, mais responsável, mais dialogante, menos arrogante, mais respeitadora do ser humano. O homem inspira o melhor de nós.
- Já começou a inverter a posição pesadelo dos EUA em relação a Quioto.
Obama luta pela implementação de um sistema de saúde universal nos EUA, contra o que ainda lá vigora, enfrentando lobbies gigantescos cujo comportamento tem sido uma autêntica vergonha a céu aberto e contra os quais tu, meu filósofo da Marmeleira, nunca abriste o pio ao longo de todo este tempo (e podias tê-lo feito).
O comité Nobel não se enganou: em pouco mais de seis meses Obama restaurou alguma da tranquilidade de espírito e confiança no futuro ao mundo Ocidental. Lembra-te que é a primeira vez que tal sucede desde 2001. Não será isso uma forma importante de Paz, depois de um reinado de trevas que durou 8 anos e que tu raramente, ou nunca, enfrentaste com vigor?
O caminho faz-se andando. Cresce, Pacheco!...
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
"A crise acabou", parte IV
"A crise acabou", parte III
"A crise acabou", parte II
"A crise acabou", afirmou MFL
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Viva!
Má gestão, stress e suicídios: France Telecom
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Que patrões tão queridos!
"A empresa Supercamiseiros, de Guimarães, pediu a insolvência e despediu 51 trabalhadoras a quem ainda deve dois meses de salário e 200 horas extraordinárias, disse hoje à Lusa fonte sindical."É uma empresa que pôs sempre as trabalhadoras a fazer horas extraordinárias, que tinha encomendas e matéria-prima e, mesmo assim, ficou a dever dois meses de salário às funcionárias e não lhes pagou nem um cêntimo das horas extra", referiu Adão Mendes, coordenador da União de Sindicatos de Braga. A empresa Supercamiseiros, Confecções Ldª, em Brito, Guimarães, apresentou hoje de manhã o pedido de insolvência e entregou às 51 trabalhadoras a documentação necessária para que possam solicitar o pagamento do subsídio de desemprego. "Nunca nos faltou trabalho e, este Verão, adiámos as férias para Setembro para poder terminar algumas encomendas na data prevista", explicou Esmeralda Martins, funcionária da Supercamiseiros. A empresa de confecção de camisas e blusas foi fundada em 1997 e apresentava um capital social no valor de oitenta mil euros. Depois das férias, as trabalhadoras deslocaram-se à fábrica para iniciar funções, mas encontraram a porta da empresa fechada e um advogado à sua espera. "Disseram-nos que a fábrica ia fechar porque não tinha encomendas", afirmou Esmeralda Martins. "Numa altura em que os políticos tanto falam nas pequenas e médias empresas [PME], é mais uma que pede insolvência e que não paga dois meses de salário às trabalhadores", salientou Adão Mendes. Sem trabalho e sem salário, as funcionárias não acreditam que lhes sejam pagas as horas extraordinárias. "A administração pediu-nos para assinar um documento onde dizia que a empresa não nos devia nada e que nos tinha pago as horas extra e nós assinámos", frisou Esmeralda Martins. Em causa, segundo a trabalhadora, estaria uma possível coima aplicada pela Autoridade para as Condições de Trabalho que os responsáveis pela empresa não queriam pagar. "Ficámos sem o dinheiro e sem o direito de reclamar o dinheiro que nos devem", finalizou a costureira. A administração da empresa esteve indisponível para falar com a Lusa."
O efeito Esfinge
Considera-se esclarecida/o com a comunicação de Cavaco Silva sobre a alegada vigilância a Belém?
Das 1729 respostas até à altura em que captei o resultado, 81% tinha respondido "não".
É favor remeter o resultado ao PR.
Um número que dá que pensar
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Uma paródia!
De uma penada, todos ficaram a saber pela voz do próprio Presidente português, que deve ser uma brincadeira de crianças comprometer e violar informação confidencial do Estado, ainda que ao mais alto nível. Não é admissão pública que se possa fazer sem os devidos fundamentos, as devidas despistagens e o devido decoro e discreção.
Cavaco não se deve admirar que nos seus próximos encontros bilaterais apanhe com alguns sorrisos sardónicos.
Nunca, mas nunca, uma suspeita de vigilância foi tratada desta forma aberrante e infantil num Estado de Direito que se preze. Mesmo que hipoteticamente existissem - ou existam - indícios de vigilância do Governo sobre a PR, o caso merecia outro tipo de tratamento.
Assim, a declaração de terça-feira do senhor Presidente da República não só compromete a estabilidade política entre as mais altas instituições portuguesas, como também coloca a nu matérias sérias que intersectam o espaço da segurança nacional. Isso acontece por iniciativa do próprio Chefe Supremo das Forças Armadas, que é Cavaco.
Mais esquisito, só mesmo a publicação acidental de agentes da secreta portuguesa, há uns anos atrás.