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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Um título demasiado comum



"Portugueses produzem menos 30% que os europeus" foi um título real de mais uma notícia destinada a assassinar a auto-estima de 11 ou 12 milhões de pessoas, esta semana.
Poderia ter sido do Público, do Diário Económico, do Correio da Manhã ou do Jornal de Negócios, já nem me lembro e pouco importa. Cheiram todos ao mesmo.

Em todo o mundo ocidental se sabe que as causas que propiciam alta ou baixa produtividade constituem um fenómeno algo complexo mas que depende, essencialmente, da capacidade tecnológica (própria ou adquirida), da capacidade da gestão dessa tecnolgia e, sobretudo, da qualidade da gestão.
Em todo o mundo ocidental, excepto na nossa parte desse mundo. Aqui, a culpa é sempre dos mesmos, por sinal aqueles que produzem 3x mais logo que se mudam para o Luxemburgo.
Deve ser da água...

Para a opinião pública formatada, a culpa é "dos portugueses", de uma assentada, e indiscriminadamente.

A lógica do jornalista típico (ou redacção) por detrás deste título é assente num misto de grande ignorância pessoal, total ausência de vontade de pensar, ensejo de engraxar o patrão repetindo o que ele diz sem reflexão, e assumpção implícita de medíocridade pessoal (eu sou medíocre, tu és medíocre, ele é medíocre: nós somos todos medíocres, problema resolvido!).

Para piorar a situação, temos "economistas" ainda mais idiotas do que a maior parte dos jornalistas dementes que escrevem estas coisas desta forma, e que acham graça repetir o chavão em todo o lado e a qualquer hora, mas não reflectem na remota possibilidade de, enquanto economistas, ser sua responsabilidade investigar e divulgar o que motiva a nossa já lendária falta de "produtividade".

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Perdoar, mas não esquecer

Eduardo Catroga, em Julho de 2009, já tinha dado uma pista para aquilo que viria a motivar o que ficou conhecido como "inventona":

Este achado não deve ser visto como mero acaso, antes como evidência de algo bem premeditado.
A tese da necessidade de um Governo de "inspiração" Presidencial desenvolveu-se ao mais alto nível no PSD depois do trauma mal digerido que foi a vitória do PS com maioria absoluta, em 2005. Foi a resposta que encontraram plausível para vingar a dissolução da Assembleia pelo Presidente Sampaio (olho por olho...); se necessário fosse, propunham-se mesmo alterar a Constituição.

Tive oportunidade de assistir pessoalmente a algumas dessas efabulações - não sem algum riso - logo após a eleição de Cavaco. A teoria entretanto esmoreceu, perante o êxito relativo de Sócrates em diversos campos, mas veio a renascer a ano e meio das legislativas.

O Presidente e as suas amigas e amigos da brigada do reumático, e a triste tentativa de mexicanizar o país, são condimentos de episódio a não esquecer por muitos e bons anos.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O vazio PSD ultrapassou fronteiras!

Do Telegraph:



"Mrs Ferreira Leite, 68, the first woman to lead a major political party in Portugal, has accused the Socialists of "handing debts to future generations" but failed to outline specific cuts to rein in the growing public deficit. Portugal's unemployment rate has risen to 9.1 per cent, its highest level in 20 years, and is predicted to keep rising, while the public deficit is expected to hit nearly 6 per cent of output this year. Analysts said the absence of concrete proposals from the PSD and Mrs Ferreira Leite's lack of charisma made it difficult for the party to capitalise on the economic woes. "By focusing her entire strategy on criticism of the government without making alternative proposals, Ferreira Leite failed to excite the electorate," said Antonio Costa Pinto, a politics professor at the University of Lisbon. "

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

"A crise acabou", parte IV


Curiosamente, Krugman, a relatar do coração da máquina que ainda são os EUA, diz que não:


Quem é MFL ao pé de um prémio Nobel para afirmar, sem o mínimo comentário dos seus consignatários, o contrário?
Tratar-se-á de alguém que cegou de arrogância, obstinação infundada e vetustice mental?

O fanatismo, inflexibilidade, azudume e ressabiamento desta gente tem analogias históricas profundas. É-nos servido menos violentamente, mas os traços de personalidade estão todos lá.

"A crise acabou", afirmou MFL


MFL resiste no posto, enquanto a sua retaguarda procura desesperadamente uma solução que assegure o statu quo da linha de Cascais (será o gasto Marcelo, outra vez?).

Mas entretanto, MFL, que parece não ter aprendido nada com as últimas eleições, já voltou aquela linguagem esquisita e sem nexo: são frequentes nas suas curtas declarações à mestre-escola termos como "exigo", "jamais", "aviso", "medo", e outros indiciativos de grande dificuldade em aceitar e interpretar o sentido do voto popular.

No fim de semana passado, na sua inenarrável crónica do Expresso, MFL vertia assim:

"A crise, esse conceito abrangente que justifica todos os males económicos e sociais que nos rodeiam, acabou. É o que se lê nas declarações políticas e nas análises económicas."

Que maravilha!
Decretar o fim da crise logo depois de ter perdido as eleições, i.e. quando mais lhe dá jeito (a crise mundial, que ela tanto se esforçou por esconder numa campanha feita de ignomínias em nome da "Verdade). Chama-se a isto ter o mundo a seus pés (com honras de primeira página) ou, mais verdadeiramente, o rei na barriga.

Mais para o final da sua missiva, derrama a confissão inevitável:

"Sem se poder continuar a invocar a crise para justificar as nossas dificuldades, há que criar uma outra figura mítica que desempenhe este papel - talvez as 'consequências da crise'."

Por outras palavras, agora que a crise acabou, venha a próxima inventona! Será que não há nenhum editor que a notifique do ridículo a que se expõe?

Creio que a chave para a compreensão deste absurdo reside num provérbio inglês: "what can you expect from a pig but a grunt?"

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O efeito Esfinge

O jornal "Público" tinha hoje online um questionário (uma das fontes do "ouvimos os portugueses" nos cartazes da senhora) com a seguinte questão:

Considera-se esclarecida/o com a comunicação de Cavaco Silva sobre a alegada vigilância a Belém?

Das 1729 respostas até à altura em que captei o resultado, 81% tinha respondido "não".

É favor remeter o resultado ao PR.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Quanta tristeza!


Depois dos argumentos patéticos a que recorreu para toscamente amparar uma mentalidade insustentável e de levantar o ridículo internacional contra si e contra o país, é natural que a líder do PSD venha agora dizer que já não é a sua posição anti-TGV que está no centro do seu programa (disse-o em Santarém, salvo erro). Que tremendo embaraço! Que tremenda propensão natural para se enterrar a gusto...

"Manuela “acusó a "los españoles" de intromisión en la política portuguesa, y proclamó que Portugal "no es una provincia de España". El motivo es la construcción de la red ferroviaria de Alta Velocidad acordada por los dos Gobiernos y que conectará Madrid con Lisboa en 2 horas y 45 minutos a precios competitivos con el avión.”

Link para o artigo do El Pais:

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

"Prometam só o que podem cumprir"

Esta última série de cartazes da Senhora, é do "arco da velha"...

A campanha segue a linha da castidade histérica que já deixou de ser surpresa.

Será isto "a Verdade" a que temos direito?

Por falar em "Prometer apenas o que se pode cumprir", ou em frases como "Portugal não pode ficar hipotecado", psudo-silogismos dirigidos à crudelidade fácil, é preciso olhar ao que este partido nos tem oferecido também ao nível do poder local.

Por exemplo, em 2007, 12 municípios foram sancionados com uma redução de 10% do Fundo de Equilíbrio Financeiro, por endividamento excessivo.

Desses 12, nada menos do que 8 eram municípios administrados pelo PSD. Ou seja, 2/3 dos municípios com endividamento excessivo eram da escola desta Senhora, dos arautos da boa moral e dos bons costumes, das privatizações das "correntes de ar" e... da austeridade!

Ansião (PSD) - excesso de endividamento 1.269.956,46 euros.

Castelo de Paiva (PSD) - Excesso endividamento 1.082.085,26 euros.

Fornos de Algodres (PSD) - Excesso endividamento 3.064.311,31 euros.

Mondim de Basto (PSD) - Excesso endividamento 496.031,67 euros.

Santarém (independente/PSD) - Excesso endividamento 3.806.923,61 euros.

São Pedro do Sul (PSD) - Excesso endividamento 1.561.700,13 euros.

Vila Nova de Gaia (PSD) - Excesso endividamento 11.929.661,12 euros.

Vouzela (PSD) - Excesso endividamento 740.905,41 euros.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O "programa" do PSD

cartoon de Felizardo

Como já esperava - e temia - esta primeira aproximação a "programa" do PSD é parecido com ar e vento, muito de pouco e pouco de coisa nenhuma. Nach und Nebel, noite e nevoeiro...
É o cúmulo a que chegou a encriptação das opções políticas de uma direita conservadora e dogmática.

Reproduzo e interpreto esta espécie de "programa":
  • "Economia. Criar condições para aumentar o emprego e para melhorar a competitividade das empresas são os nossos objectivos centrais. Recuperar a competitividade, retomar o crescimento e a convergência com o pelotão da frente da União Europeia são premissas não só para atingir aqueles objectivos, como para pôr em prática estas nossas políticas.

Nós sabemos o que significa "criar condições para aumentar o emprego"... na gíria do PSD que conheço, significará provavelmente ampliar a liberalização dos despedimentos, permitir legalmente as revisões salariais em baixa, a redução dos descontos para a segurança social, o aumento do número mínimo de horas de trabalho semanais, o provável regresso do trabalho aos Sábados, e a desoneração social diversificada das empresas.

Adivinha-se que isso não funcionará num país com um tecido social tão débil como o de Portugal. Esse caminho, na linha do neoliberalismo Americano, já provou as suas falhas com clamoroso estrondo (na Irlanda, para não irmos mais longe); num país como o nosso poderá levar facilmente ao agravamento das condições sociais, da instabilidade e do medo, o que por seu turno ocasionará o agravamento da queda da procura, do consumo e, por conseguinte, colocará ainda mais em risco a procura interna e a própria economia. Preparem-se: vamos apanhar com a saga do discurso "da tanga". E isso poderá levar à definitiva "mexicanização" do país.

Quanto à vaga intenção (velha, gasta e ouso acusar, falsa) de nos transportar ao "pelotão da frente da UE", sabemos todos, pelo menos os que ainda não sofrem de Alzheimer, que se trata de uma expressão saudosamente Cavaquista, hoje completamente alienada de viabilidade imediata, e da verdade dos factos plausíveis a que se possa propor qualquer candidatura séria, democrática, para 4 anos de governação.

  • "As Questões Sociais e a Solidariedade. Aumentar a coesão social – que passa também por uma maior acessibilidade aos serviços de saúde – é fundamental, a par da necessidade imperiosa de se acudir aos problemas mais prementes da pobreza e das desigualdades. Prioritárias são as pessoas. Não nos serve um desenvolvimento que não se alicerce no bem-estar social. "

Tendo em vista a interpretação da linha de acção provável na Economia e à luz do que tem sido o discurso político de alguns responsáveis visíveis (outros ocultos...) do PSD, diria que o eixo anterior será pouco mais que uma miragem, quando não uma patetice. Mas mergulhando mais um pouco no cinismo opaco duma parte deste actual PSD, creio que "uma maior acessibilidade aos serviços de saúde" signifique tão somente reforçar uma crescente oferta de serviços privados, caros, inacessíveis à maioria da população (ainda que inicialmente e para disfarçar, talvez não), vendendo-os politicamente aos portugueses como a "complementaridade necessária" à correcção dos muitos defeitos do Serviço Nacional de Saúde que, como se adivinha, se apostarão em empobrecer alegre e discretamente.

  • Justiça e Segurança. Recuperar a confiança no sistema judicial e garantir a sua eficácia é uma das metas do PSD para a próxima legislatura. Trata-se de um investimento decisivo, sob pena de todo o tecido social e económico se esboroar. A justiça é o primeiro pilar da garantia e defesa das liberdades. Na segurança é fundamental o reforço da autoridade do Estado, uma efectiva política de prevenção e a melhoria da coordenação dos meios de combate à criminalidade. Sem segurança não há liberdade.

Mais um eixo de acção e mais um enorme lugar comum. "Trata-se de um investimento decisivo", dizem estas laranjas... pois mas... qual investimento? Será um cheque em branco? Em que vão investir, exactamente? Nós sabemos, se se lembrarem, o que significa o reforço da autoridade para o PSD: por exemplo, cargas policiais com recurso ao abuso da força, como assistimos em tempos na ponte 25 de Abril, às ordens do ex-conselheiro de Estado, o caríssimo Dr. Dias Loureiro; ou, até, a polícias contra polícias, expoente significativo dos tradicionais jogos de poder à direita, que parecem recorrer invariavelmente ao dividir para reinar, mesmo no seio da própria autoridade, como nessa altura se viu.

  • "Educação. A educação é a base do livre desenvolvimento da pessoa, o alicerce de todo o nosso desenvolvimento económico, social e cultural. O combate ao facilitismo e a recuperação do prestígio dos professores serão linhas mestras do nosso programa de acção."

Repare-se na subtileza: "a educação é a base do livre desenvolvimento da pessoa"; isto parte das mesmas pessoas que vêem defendendo o cheque-ensino. Leio nisto mais uma expressão da intenção oculta de privatização progressiva da Educação, escondendo-a por detrás do agora gasto slogan neoliberal da "liberdade de escolha". "Liberdade" de escolha para quem tem dinheiro, evidentemente. Já para todos os outros... ficarão o ensino de segunda e terceira categorias, assente no que restar das futuras ruínas dum moribundo Ensino Público. Nessa altura os "Exames Nacionais" poderão então voltar a distinguir "o trigo do joio" isolando os filhos da classe média - que se adivinha se pretenda extinguir progressivamente - da Universidade, como nos tempos da "outra senhora".

Como diz um amigo meu, entrámos numa época em que podemos concorrer a eleições à custa de uma qualquer imagem de seriedade desprovida de fundamento, sem qualquer ideia ou programa: "Votem em mim, eu sou sério!".

Haja vergonha.

sábado, 11 de julho de 2009

A castidade histérica do PSD


Afirmava Fernando Sobral (in Jornal de Negócios, 8 de Julho) que:
"O PSD tem um tabu de que ninguém quer falar. É um mistério simples, daqueles que não precisam do génio de Sherlock Holmes para o decifrar: se ganhar as eleições, o que fará? Não é que isto seja fundamental, porque o País está habituado...
Mas o problema é que, nos últimos dias, já escutámos duas versões diferentes sobre o que o PSD pensa do que fez o PS. Manuela Ferreira Leite já ameaçou que rasgava tudo o que o PS pôs em papel. António Borges, num gesto mais bondoso, afirmou que o PSD não iria riscar tudo o que foi feito. Entre rasgar e não riscar tudo há, claro, um fosso.
Para lá desta pequena confusão estratégica, que demonstra algum desencontro nos corredores do local onde se encontra a liderança do partido, começamos a ter a noção de que o PSD se está a aproximar aos trambolhões do poder. O PSD pode considerar que basta não se mexer, e o PS continuar a fazer trapalhadas, para que o poder lhe caia nas mãos. Mas isso não ilude o essencial: para ser poder, o PSD precisa de precisar o que quer fazer. Não basta dizer que é contra o TGV. É preciso que explique claramente qual é a sua opção económica, política e social. Coisa que, aparentemente, não sabe.
O PSD tem, neste momento, um conjunto de ideias do que não quer. Mas ainda não sabe o que quer. É um projecto temível para apresentar ao eleitorado: pedir-lhes que troquem o caos organizado existente pela anarquia desorganizada do PSD. Entre estas opções, o País desfalece."
Desta conversa do Fernando Sobral (F.S.), retenho alguns apontamentos:
1 - A admissão de que o PSD se está a aproximar do poder "aos trambolhões", ou seja, seguindo a tradicional receita Lusa que tem precedido os maiores desastres da nossa história.
2 - A certa altura F.S. parece querer afirmar, sem se perceber que esteja a usar de ironia, que a ausência de um programa governativo do PSD não é tão grave quanto isso. Como é possível querer branquear a ausência de um programa governativo do PSD, a meros dois meses de eleições?
3 - F.S. afirma ainda que o PSD sabe sobretudo o que não quer. Pessoalmente, já nem nisso acredito! Basta olhar às evidências do que tem sido o comportamento do partido nos últimos 7 anos, para não ir mais longe.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Forças de Bloqueio: regresso ao passado?

Quando Soares vetava algumas iniciativas legislativas governamentais de Cavaco recordo-me da enorme polémica e arrastar de "tabus", "forças de bloqueio" e quejandos pela imprensa nacional.

Agora, o actual Presidente da nossa querida República, Cavaco, parece apostado não só em entrar para o Guiness dos vetos como em fazer gala de se furtar a explicações públicas que fundamentem as suas razões de forma a que qualquer português entenda.

Primeiro foi a obscura questão dos Açores - que deu o tom para o que temos vindo a assistir - agora, os segredos de Estado (talvez mais grave, porque se trata de uma área que é urgente reformar).

Nada temos contra o exercer do direito de veto da Presidência da Républica. No entanto, num país "normal", seria exigido que explicasse de forma mais clara as suas razões.

Afinal, o que quer o Presidente dizer com:

"Sem prejuízo do mérito de algumas alterações agora adoptadas, o diploma em apreço contém soluções normativas que se afiguram graves para uma salutar articulação entre órgãos de soberania e para a interdependência dos poderes do Estado, bem como para a própria salvaguarda dos interesses que o segredo de Estado visa proteger, contemplando mesmo formas não admissíveis de condicionamento ou de contrição do exercício dos poderes dos vários órgãos de soberania" ?

Se não começa a explicar-se melhor dir-se-á em menos de nada que "Veta, para que Exista"...

domingo, 5 de julho de 2009

Cortinas de fumo


Apreciei a retirada apressada dos sectores "rigoristas sociais-democratas" na sequência da refrega do caso PT - TVI.
Terminada a troca de insinuações podemos agora contemplar que a Senhora, afinal, dificilmente poderia ter tido "a certeza absoluta" que o PM sabia do negócio.
Um tanto divertido, foi ter visto os regimentos dos "rigores", da "moral infalível e dos bons costumes", a debandar desorganizadamente logo que atacados com algum vigor pelos "Granadeiros"...
Foi rísivel a resposta da Senhora ao contra-ataque: qualquer coisa como "se algum Governo de que fiz parte tentou influenciar os meios de comunicação social, fez mal".
E pronto, ela pensa que basta afirmá-lo para que tudo lhe seja perdoado e esquecido.
Arrogante, Sócrates?... é relativo.
Como de costume, os portugueses ficaram a saber o mesmo sobre os factos (obrigado, minha Senhora), finda mais uma oca e despropositada novela (em que até - novamente - o Presidente da República participou).
O que o PSD ainda não parece ter percebido é que cada semana passada com mais uma historieta sem nexo, sobretudo sem que apresente cabal proposta programática de alternativa governativa, talvez seja mais nefasta para o país do que alguns dos tais projectos mégalómanos que tanto critíca.
É um desperdício, e é pena. Mais a mais, porque a Senhora já deveria ter reparado que esse tipo de técnicas - tão ao agrado do Grand Old Party americano - já deu o que tinha a dar, felizmente para a humanidade: "quem tem telhados de vidro não atira pedras aos vizinhos".
Ora os vizinhos parecem estar agora bem preparados... portanto, talvez seja altura para a Senhora fazer os seus trabalhos de casa e apresentar de uma vez por todas aos portugueses o seu programa governativo.
Gostava sinceramente de o ler em detalhe, a alguma distância de eleições.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Ronaldo, os 93 milhões, e o Presidente


Numa recente declaração foi perceptível a estranheza do nosso Presidente relativamente à galáctica soma paga pelos espanhóis a troco de Ronaldo.

Pode ser que o intuito tenha sido o de alguma réstia de solidariedade para com a estupefacção dos mais de 250.000 portugueses que ainda ganham o salário mínimo, ou de quase todos os outros, desempregados incluídos. Pode ser. Mas é uma estranha forma de se ser solidário...

Porque não fala o presidente mais vezes das enormes e injustificáveis diferenças de compensações entre alguns todo-poderosos directores-gerais e presidentes de empresa e os seus colaboradores?

Falou nisso uma vez, que me lembre (e bem!), mas para não mais voltar ao tema (muito mal!), porque ousou fazer ruborizar uma boa parte da direita à moda antiga. Chama-se a isso a técnica "Boi para Piranha": sacrifica-se uma vaca às piranhas, para fazer passar a vau toda a manada em claro...

Porque é que quando se fala nesse assunto tabu vêm logo alguns dizer que se trata de "inveja social" ou "do mercado a funcionar" (recusando questionar porque têm de ser tão caros gestores que arrastaram, e continuam a arrastar nalguns casos, empresas para o cadafalso), sendo parte desses tantos os mesmos que vêem com tanta indignação a dita transferência multimilionária?

A explicação é só uma: alguns mamões do costume sentem-se indignados por haver quem, na sua torta escala social estando muito mais abaixo, consiga arrebanhar mais do que eles próprios.

Então o mercado não pode funcionar para o Ronaldo? Ó Senhor Presidente... sinceramente!

Sinto (quase) mais orgulho em que tenha sido um português a alcançar uma das mais caras, ou a mais cara, transferência do mundo, do que ter quem temos à frente dos destinos da Comissão Europeia. É que o primeiro conseguiu-o por mérito (goste-se ou não do seu estilo de vida e personalidade) e o segundo mais por conveniência e docilidade de carácter; o primeiro sempre vai marcando golos bonitos de se ver...

Para além disso suponho que Ronaldo deposite no BES, mas quanto a Barroso... who knows?

Em suma, o que é que um Presidente da República tem de se pronunciar publicamente sobre a transferência de um jogador português - por acaso até depositante da República a que o Senhor preside - acordada entre dois clubes privados?

sábado, 30 de maio de 2009

A Senhora e o "Chip do Terror"


Tenham medo! Tenham muiiiiiitooooo medo!
A senhora aproveitou mais um fim de semana sem quaisquer propostas de Governo para assustar mais uma vez os portugueses recorrendo à tentativa de analogia primária entre a matrícula electrónica e uma mentalidade "Big Brother".
É absolutamente lamentável que a espécie de vazio cerebral em que a senhora parece viver (cartoon de António) recorra ainda e mais uma vez ao medo, uma característica que parece partilhar com todos os ditadores e aspirantes a ditadores incluíndo o "Botas", também conhecido por Salazar.
Melhor serviço teria a senhora feito se em vez da tentativa de instilação do medo tivesse explicado aos portugueses porque é que o nosso presidente não vetou aquilo que parece ser uma mera negociata a favor de uma empresa praticamente monopolista em Portugal.
Porque é que o presidente, com aquele inigualável jeito para dizer o que "pertence", se terá ficado "pelas dúvidas"....
O que está em questão não será tanto uma deriva securitária para o totalitarismo - se bem que se a direita fosse ao menos fiél a ela própria haveria de reconhecer que a segurança básica dos portugueses e o trabalho das forças policiais poderá melhorar com a introdução do dispositivo de matrícula electrónica, se devidamente utilizado - mas mais uma possível cena de opereta de um certo corporativismo.

terça-feira, 19 de maio de 2009

A Senhora virou Benny Hill

À medida que nos vamos aproximando das eleições, surge sempre, em todos os campos políticos, uma séria tendência para a parvoíce.

Embora haja tendências marcadamente mais parvas do que outras.

Nos seus comentários mais recentes, a senhora decidiu brindar-nos com o seguinte vaticínio bem disposto e cheio de ânimo (como de costume): "se o país fosse uma empresa estaria falido". Mais uma pérola!... Ó minha senhora, mas já olhou para as contas dos países neoliberais que tanto defende, ou defendeu? Estão nas lonas, minha senhora!

Para além disso minha senhora, e pela enésima vez: nem o país é uma empresa, nem a gente quer que o seja (pois é minha senhora, era quase assim no tempo do Salazar...).

Concorda-se claramente com a senhora quando diz que o Estado, em vez de se endividar ainda mais para sustentar linhas de crédito para as pequenas e médias empresas - embora não seja por aí que o gato vai ao leite... - deveria simplesmente pagar o que lhes deve mais cedo.

E no entanto, logo a seguir, a senhora diz que o que temos é um problema de (sic) "excesso de procura" (uma teoria digna dos prémios igNobel). Continua a senhora que, como temos "excesso de procura" e a oferta nacional não chega, temos de importar muita coisa, o que agrava as contas nacionais.

Mesmo ultrapassando com muito boa vontade essa absoluta mentira do "excesso de procura", lanço aqui um quizz. Devemos deduzir do raciocínio da senhora que:

a) Com a senhora no poder, ninguém mais poderá andar de automóvel a não ser que tenha sido cá produzido (os sovietes também pensavam assim)

b) Vamos regressar ao proteccionismo (e o Greenspan não a vai perdoar)

c) Vamos regressar ao condicionamento industrial do professor Oliveira Salazar

d) A senhora afinal até é cómica e decidiu gozar com a malta (era para contar a verdade, mas ficou para uma próxima: o país não pode viver sem importações)

e) A senhora é perita em alimentar espirais destrutivas na economia nacional (do tipo "tenham medo, tenham muiiitoooo medo, uh uh uh ah ah ah")

Das duas uma, ou esse "excesso de procura" é um falar para não estar calada, ou então é mais uma igNobel "verdade" da mentira que passou a integrar no discurso.


sábado, 16 de maio de 2009

A Entrevista Português Suave, II

Ontem a senhora esteve melhor, há que reconhecer (fazendo um esforço enorme!).

Apresentou-se de permanente, madeixas alouradas, e uma quantidade considerável de base na cara. Envergava, pela primeira vez que me recorde uma cor menos triste, um casaquinho azul, a tapar uma descontraída camisa branca meio aberta que tentava a colagem a um certo estilo blasé (que ela definitivamente não tem).


Enfim, sempre foi um pouco mais sensato do que o habitual uniforme cinzento.

Uma coisa é ser-se pessimista, e outra bem diferente é passar derrotismo aos galões para os outros, em vez de os motivar a superar o estado de situação. Pode ser que a senhora, entretanto, tenha percebido esta verdade elementar (o que duvido).

De resto, esteve muito igual a si mesma, com algum "verdete" quando em face de perguntas que a senhora achava irritantes, ou impróprias para uma senhora. De uma boa avó não se pode esperar paciência para tudo, mas um pouco mais de carinho não lhe teria ficado mal.

Afinal aquele era um canal público e "o povo" já não come só "bacalhau seco"...

Esteve igualmente bastante cautelosa relativamente às faltas do Banco de Portugal; ou porque existem hostilizadores suficientes nas hostes para os mais diversos ataques ou porque, naturalmente, o ódio personalizado na "chefe" é uma coisa que não assenta bem.

Parece que a senhora já compreendeu isso também...

Tivemos portanto uma pequena evolução na forma, um "casaco novo" (seria importado?), uma senhora 2.0, frente a jornalistas um tanto tímidos e sem perguntas de acagaçar (não vá a senhora ganhar o plebiscito e correr com eles).

Ponto positivo quanto ao reverberar de agonia das pequenas e micro-empresas, que carece realmente de respostas eficazes que contenham a sangria, mas negativo quanto ao medo anquiolosado ao comboio, e ainda pior quanto ao aeroporto, sem quaisquer sustentações de peso que não a instilação primária do medo, coisa que desgraçadamente lhe é habitual.

E feio.

Quanto ao que a senhora quer para o país ficámos a saber o mesmo: ela define-se sobretudo por "oposição a" e raramente "em prol de".

Era de esperar, ou não fosse a senhora a sombra em pessoa.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Não há dinheiro para nada, donde se deduz:

a) Que a Cultura é um custo
b) Que a Ciência é um custo
c) Que o Filipe La Feria é de uma envergadura cultural de alto coturno e gabarito

Esqueceram-se de contar esta "verdade" aos portugueses!? Vá lá, eu dou um empurrãozinho!

Dica - Foram à cidade do Porto, recentemente?