terça-feira, 16 de junho de 2009

Ronaldo, os 93 milhões, e o Presidente


Numa recente declaração foi perceptível a estranheza do nosso Presidente relativamente à galáctica soma paga pelos espanhóis a troco de Ronaldo.

Pode ser que o intuito tenha sido o de alguma réstia de solidariedade para com a estupefacção dos mais de 250.000 portugueses que ainda ganham o salário mínimo, ou de quase todos os outros, desempregados incluídos. Pode ser. Mas é uma estranha forma de se ser solidário...

Porque não fala o presidente mais vezes das enormes e injustificáveis diferenças de compensações entre alguns todo-poderosos directores-gerais e presidentes de empresa e os seus colaboradores?

Falou nisso uma vez, que me lembre (e bem!), mas para não mais voltar ao tema (muito mal!), porque ousou fazer ruborizar uma boa parte da direita à moda antiga. Chama-se a isso a técnica "Boi para Piranha": sacrifica-se uma vaca às piranhas, para fazer passar a vau toda a manada em claro...

Porque é que quando se fala nesse assunto tabu vêm logo alguns dizer que se trata de "inveja social" ou "do mercado a funcionar" (recusando questionar porque têm de ser tão caros gestores que arrastaram, e continuam a arrastar nalguns casos, empresas para o cadafalso), sendo parte desses tantos os mesmos que vêem com tanta indignação a dita transferência multimilionária?

A explicação é só uma: alguns mamões do costume sentem-se indignados por haver quem, na sua torta escala social estando muito mais abaixo, consiga arrebanhar mais do que eles próprios.

Então o mercado não pode funcionar para o Ronaldo? Ó Senhor Presidente... sinceramente!

Sinto (quase) mais orgulho em que tenha sido um português a alcançar uma das mais caras, ou a mais cara, transferência do mundo, do que ter quem temos à frente dos destinos da Comissão Europeia. É que o primeiro conseguiu-o por mérito (goste-se ou não do seu estilo de vida e personalidade) e o segundo mais por conveniência e docilidade de carácter; o primeiro sempre vai marcando golos bonitos de se ver...

Para além disso suponho que Ronaldo deposite no BES, mas quanto a Barroso... who knows?

Em suma, o que é que um Presidente da República tem de se pronunciar publicamente sobre a transferência de um jogador português - por acaso até depositante da República a que o Senhor preside - acordada entre dois clubes privados?

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