sábado, 11 de julho de 2009

A castidade histérica do PSD


Afirmava Fernando Sobral (in Jornal de Negócios, 8 de Julho) que:
"O PSD tem um tabu de que ninguém quer falar. É um mistério simples, daqueles que não precisam do génio de Sherlock Holmes para o decifrar: se ganhar as eleições, o que fará? Não é que isto seja fundamental, porque o País está habituado...
Mas o problema é que, nos últimos dias, já escutámos duas versões diferentes sobre o que o PSD pensa do que fez o PS. Manuela Ferreira Leite já ameaçou que rasgava tudo o que o PS pôs em papel. António Borges, num gesto mais bondoso, afirmou que o PSD não iria riscar tudo o que foi feito. Entre rasgar e não riscar tudo há, claro, um fosso.
Para lá desta pequena confusão estratégica, que demonstra algum desencontro nos corredores do local onde se encontra a liderança do partido, começamos a ter a noção de que o PSD se está a aproximar aos trambolhões do poder. O PSD pode considerar que basta não se mexer, e o PS continuar a fazer trapalhadas, para que o poder lhe caia nas mãos. Mas isso não ilude o essencial: para ser poder, o PSD precisa de precisar o que quer fazer. Não basta dizer que é contra o TGV. É preciso que explique claramente qual é a sua opção económica, política e social. Coisa que, aparentemente, não sabe.
O PSD tem, neste momento, um conjunto de ideias do que não quer. Mas ainda não sabe o que quer. É um projecto temível para apresentar ao eleitorado: pedir-lhes que troquem o caos organizado existente pela anarquia desorganizada do PSD. Entre estas opções, o País desfalece."
Desta conversa do Fernando Sobral (F.S.), retenho alguns apontamentos:
1 - A admissão de que o PSD se está a aproximar do poder "aos trambolhões", ou seja, seguindo a tradicional receita Lusa que tem precedido os maiores desastres da nossa história.
2 - A certa altura F.S. parece querer afirmar, sem se perceber que esteja a usar de ironia, que a ausência de um programa governativo do PSD não é tão grave quanto isso. Como é possível querer branquear a ausência de um programa governativo do PSD, a meros dois meses de eleições?
3 - F.S. afirma ainda que o PSD sabe sobretudo o que não quer. Pessoalmente, já nem nisso acredito! Basta olhar às evidências do que tem sido o comportamento do partido nos últimos 7 anos, para não ir mais longe.

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