"Portugueses produzem menos 30% que os europeus" foi um título real de mais uma notícia destinada a assassinar a auto-estima de 11 ou 12 milhões de pessoas, esta semana.
Poderia ter sido do Público, do Diário Económico, do Correio da Manhã ou do Jornal de Negócios, já nem me lembro e pouco importa. Cheiram todos ao mesmo.
Em todo o mundo ocidental se sabe que as causas que propiciam alta ou baixa produtividade constituem um fenómeno algo complexo mas que depende, essencialmente, da capacidade tecnológica (própria ou adquirida), da capacidade da gestão dessa tecnolgia e, sobretudo, da qualidade da gestão.
Em todo o mundo ocidental, excepto na nossa parte desse mundo. Aqui, a culpa é sempre dos mesmos, por sinal aqueles que produzem 3x mais logo que se mudam para o Luxemburgo.
Deve ser da água...
Para a opinião pública formatada, a culpa é "dos portugueses", de uma assentada, e indiscriminadamente.
A lógica do jornalista típico (ou redacção) por detrás deste título é assente num misto de grande ignorância pessoal, total ausência de vontade de pensar, ensejo de engraxar o patrão repetindo o que ele diz sem reflexão, e assumpção implícita de medíocridade pessoal (eu sou medíocre, tu és medíocre, ele é medíocre: nós somos todos medíocres, problema resolvido!).
Para piorar a situação, temos "economistas" ainda mais idiotas do que a maior parte dos jornalistas dementes que escrevem estas coisas desta forma, e que acham graça repetir o chavão em todo o lado e a qualquer hora, mas não reflectem na remota possibilidade de, enquanto economistas, ser sua responsabilidade investigar e divulgar o que motiva a nossa já lendária falta de "produtividade".
Sem comentários:
Enviar um comentário