domingo, 30 de agosto de 2009
Inovação...Ah! (programa do PSD)
Em primeiro lugar e em abono da verdade - não nos enganemos a nós próprios - ainda não há empresas inovadoras em Portugal, há apenas algumas (pouquíssimas empresas) que começam a ter uma vaga noção do que possa ser, e como se pode fazer (ainda menos empresas), inovação.
Em segundo lugar, num país de burros pomposos, a política adequada não é apostar prioritariamente nas empresas inovadoras (isso é um erro de leitura grave da realidade); a política adequada é a de incentivar todas as empresas à inovação, colocando meios técnicos, incentivos financeiros e meios humanos à disposição e alinhados com esse objectivo.
E nisso sim, há que ser super-dirigista, pois já não há tempo para outra coisa. Isto se quiserem um dia vir a ter nas exportações um meio modelo decente.
Mas é confrangedora a falta de atenção do programa ao papel da Ciência, do Conhecimento, da Pesquisa e da Inovação. Sócrates vai anos-luz à frente na percepção da importância desta matéria.
Vamos todos rir (programa do PSD)
Nuclear? Lá vem o lobby Mira Amaral...(programa do PSD)
Coisas ocas (programa do PSD)
Copiar mal (programa do PSD)
"Criaremos também um mecanismo inovador de incentivo à poupança, conjugada com finalidades de segurança na velhice, no desemprego ou doença: uma conta individual de poupança, facultativa, junto da Segurança Social, que poderá ser movimentada como uma conta bancária, condicionada às situações de reforma, desemprego e doença grave, transmissível por morte e beneficiando de vantagens fiscais."
Pssssttt, pssst, rapazes: quando decidirem copiar coisas ao PS, ao menos copiem coisas que valham a pena, em vez de pseudo-inutilidades deste tipo. Isto até já existe!
Esforço emigrante (programa do PSD)
Irracionalidade (programa do PSD)
Em primeiro lugar não seria fácil repor o regime dos certificados, mas ainda que fosse, só traria problemas para o Estado, já que implicariam um aumento do serviço da sua dívida, numa altura em que isso não é desejável.
Em segundo lugar, é falso, e desafia-se melhor prova, que os certificados de aforro sejam o instrumento de poupança tradicional dos menos abonados. Por acaso, até é precisamente ao contrário.
Em terceiro lugar, a poupança deve ser incentivada com sede na banca comercial privada, por um lado, criando-se os incentivos suficientes a que conceda menos crédito ao consumo e mais micro-crédito à pequena iniciativa privada, bem como para formação e investimentos potencialmente reprodutivos das PMEs.
Desta forma melhorar-se-iam os rácios de solvabilidade dos bancos ao mesmo tempo que se direccionaria gradualmente a actividade de crédito do consumo para o empreededorismo, q.b. evidentemente. Nisto sim, já residiria um elemento estratégico nacional de monta.
Arbitragem fiscal (programa do PSD)
Poderia ser uma boa ideia se vivêssemos na Noruega, mas aqui faz um pouco mais de calor.
A arbitragem só pode ser usada em casos limite; generalizar essa prática poderia ser o mesmo que introduzir no fisco aquilo que não funciona na justiça: recursos e mais recursos, empatando tudo até à prescrição, uma táctica de resto seguida pelos mais abonados, permitida por um sistema absurdo e injusto.
E em matérias de parcimónia e bom senso de execução de medidas o PSD não tem sido propriamente um grande exemplo, portanto elogio a intenção mas, sem mais pormenores, tenho de criticar o provável resultado.
Coisas Incompatíveis (programa do PSD)
Sim, e antes pelo contrário (programa do PSD)
Do positivo e do plausível (programa do PSD)
"Reduzir em dois pontos percentuais a TSU suportada pelos empregadores, até 2011, salvaguardando uma adequada compensação financeira à segurança social."
Do positivo (programa do PSD)
Por falar em exportações (programa do PSD)
O PSD, ao levantar-se em peso contra a OTA e contra o TGV, aniquila o que poderia ser parte da estrutura necessária à visão de dinamização das exportações a médio/longo prazo (juntamente com a melhoria do porto de Sines e sua ligação rodo e ferroviária a Espanha e com a modernização dos portos de Lisboa, Aveiro e Leixões, obras já em curso).
Mais estranha é a premissa, no seu programa, de "assegurar uma mais elevada utilização dos fundos comunitários".
Como é isso compatível com "rasgar" o TGV? Quanto custa a Portugal travar o TGV agora?
Do positivo e do negativo (programa do PSD)
Mas aparece também próxima a intenção de "reduzir a excessiva regulamentação de mercados e produtos". Negativo. Para começar, é a antítese da lição principal da crise: a de que a regulação adequada dos mercados - quaisquer mercados - é uma necessidade para a sua sustentabilidade.
Depois porque uma coisa é remover obstáculos e burocracias a um funcionamento mais regular dos negócios - sobretudo dos pequenos negócios - e outra coisa é tentar confundir isso com mais desregulamentação.
O programa parece assim confundir burocracia desnecessária e abusos vários de soberania sobre a iniciativa privada com regulação, coisa bem diferente.
Quando tenta concretizar, o PSD afirma no seu programa que falta concorrência nos combustíveis (correcto), nos transportes (depende), na electricidade (cada vez menos) e nas telecomunicações (incorrecto). O mais redutor é porém a ancoragem implícita de um reforço da A.C. apenas nestas áreas, quando tanto há a fazer noutras.
Mas o PSD vai mais longe e distrai-nos - esquecendo por completo os mercados de produto - com a necessidade de "aumentar a concorrência no mercado de serviços". Ou está a pensar novamente na Saúde, Educação e Pensões (piscando o olho à privatização de património público) ou então está alienado da realidade porque a concorrência nos serviços privados em Portugal, numa generalidade de áreas, é bem mais forte do que nos mercados de produto.
Por outro lado, e se o PSD vai conduzir uma estratégia que promova as exportações, como será que pretende estimular a concorrência e a inovação na economia de produtos, na indústria se, à partida, a identifica implicitamente como área especial a proteger. Pretenderá nacionalizar a indústria? Ou, como a França fez nos anos 50 e 60, formar novas industrias nacionais?
Não se percebe.
sábado, 29 de agosto de 2009
Crescimento por decreto? (programa do PSD)
Verdade Verdadeira?
O programa da Senhora, primeiras impressões
O programa não é curto, no sentido por exemplo em que - para programa eleitoral - contém demasiadas intenções gerais (e avulsas, tal como criticam no caso do PS) mas demasiado poucas linhas de orientação claras, dentro das suas grandes 4 preocupações (Economia, Justiça, Solidariedade e Educação). É pouco inovador e chega a copiar intenções programáticas do PS e mesmo a repetir outras já postas em curso nesta legislatura. É um programa pouco imaginativo, embora contenha alguns pontos, ideias e intenções com mérito (lá chegarei noutro post).
Os seus pontos mais fortes, não por acaso, situam-se no que analisa/propõe quanto à Justiça e, em menor medida, quanto à Educação, onde é mais demagógico. Os pequenos pontos inovadores de que me apercebi estão sob o eixo da Solidariedade (embora dentro dele existam outros tantos que me causam inquietação).
É no campo económico o seu ponto mais fraco, começando pela absurda insistência em confundir a crise global em que nos inserimos com a crise estrutural portuguesa, para terminar num novo modelo económico assente nas exportações (o que exporta o Governo?).
Numa altura em que os melhores economistas do mundo afirmam (e praticam) que é a possibilidade dos Estados admitirem temporariamente mais défice e dívida a ferramenta que destingue esta crise duma depressão como a que ocorreu em 1929, o PSD insiste em cilindrar toda e qualquer visão em nome das contas em dia. É claro que as contas têm de ser postas em dia, mas isso é um caminho, deve ser visto como uma tendência com o seu peso (não a qualquer custo) sobre a acção governativa.
Viveu-se em Portugal, durante 48 anos, uma visão exclusivista de "contas em dia", que deixou o país atrasar-se em quase todos os domínios estratégicos, do investimento às infra-estruturas que o teriam deixado melhor preparado quer para a entrada na Europa quer para a globalização com que hoje se debate.
Também nessa altura, a visão de Portugal no mundo era essencialmente inexistente, isolada, esmagada pela máscara das "contas em dia", de país "pobrezinho mas honrado".
Falta ao PSD perceber que governar o país é muito diferente de gerir uma empresa - embora seja verdade que existam semelhanças nalguns aspectos.
Essa falta de aposta, de visão e leitura estratégica de quase meio século veio a ter o peso social que conhecemos (e também económico, pois tivémos de pagar mais tarde e mais caro as infra-estruturas de transportes, de saúde, de educação, que antes pouco tínhamos).
O desenvolvimento é uma responsabilidade inter-geracional; a dívida é uma parte integrante da gestão, quer do Estado, quer das empresas.
A questão crucial é pois tão somente enveredar por um desenvolvimento que, sendo-nos necessário, não entre na insustentabilidade. E o limite desse caminho é traçado pela aposta estratégica, que o programa do PSD não faz.
É desolador, e demagógico, identificar uma mudança de paradigma do motor económico para apontar as exportações. As exportações podem ser um resultado, não são um meio, um caminho, uma estratégia que o Governo possa accionar, ou até um modelo realista que possa ser exclusivo para a geração de crescimento económico e bem-estar.
Para além disto, estou em total desacordo com a intenção (discreta, mas presente) de encetar o caminho da privatização da Saúde e das Pensões, ou seja, o caminho de desmantelamento progressivo do Estado Social, em vez de pugnar pela melhor eficiência da gestão pública, estabelecendo as condições necessárias para a saudável co-existência com prestadores privados nessas duas áreas, em papel complementar.
Não é preciso dar cabo dos sistemas públicos - que de resto têm vindo a melhorar, vd. listas de espera - para criar oportunidades de negócio aos privados mas, se a escolha do PSD é encetar o desmantelamento desses serviços públicos em benefício dos privados, então esqueçam as exportações, porque o que vai acontecer será a corrida dos privados a essa última árvore de patacas.
Este ponto (dirigismo na privatização da Saúde e das Pensões) e o anterior (o simplismo de encarar as exportações como novo "modelo") - omissos quanto ao "como", revelam uma fragilidade estratégica enorme, falta de visão, e a intenção de encetar novos experimentalismos arriscados, que nesta altura tenho de considerar mais megalómanos - e perigosos - do que o TGV.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Eureka! O PSD apresentou o seu programa!
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Más notícias do Brasil
O novo Império do Sol Nascente
Entre Janeiro e Junho, a China exportou mercadorias no valor de 521,7 mil milhões de dólares (cerca de 365 mil milhões de euros), ao passo que a Alemanha, tradicionalmente o maior exportador do planeta, vendeu ao mundo 521,6 mil milhões de dólares de bens.
Os dados referem-se à primeira metade do ano e foram ontem divulgados pela Organização Mundial do Comércio (OMC). No início do ano, a China já tinha superado os Estados Unidos, tornando-se o segundo maior exportador do mundo."
A Crise como Modus Vivendi
Ela [justiça] move-se, mas muito pouco!
Um outro sub-prime?
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Fariseus? É possível...
Pobreza e índice de Gini nacional
"E no entanto, ela move-se!"
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Política de Verdade?
Ver aqui a confirmação dada pelo próprio PSD no seu sítio (enquanto não for retirada): "Ferreira Leite faz o programa com Catroga e assessores de Belém", http://www.politicadeverdade.com/?idc=1102&idi=4447
Não contente com a grave suspeição e intriga causadas pela insinuação de escutas em Belém, a líder do PSD declarou ontem acerca do assunto, na entrevista que deu à RTP: “Ele já percebeu que vai perder as eleições e está-se a armar em vítima. A situação do país está desastrada (...). E quando a pessoa está a pretender vitimizar-se [um dia] é a crise, agora é o Presidente da República, qualquer dia não sei o que será. A culpa nunca é do Governo, é sempre de outras entidades”.
Um comentário algo deslocado, dir-se-ia de alguém que pretendesse disfarçar uma verdade que entretanto se notou incómoda.
Então Sócrates está-se a armar em vítima quando o PSD admite, primeiro, que há assessores de Cavaco a elaborar o programa (no seu site), e depois insinua que está sob vigilância por isso ter sido "denunciado" pelo PS? Será esquizofrenia institucional?
Belém escusa-se não só a apresentar factos subjacentes à suposta "vigilância", como a dar as devidas explicações ao país relativas ao seu envolvimento na campanha do PSD, pelos vistos mesmo quando é a intriga, a dúvida não fundamentada ou o lançamento de boatos, a especialidade recorrente do partido.
Enquanto Belém não explicar se essa colaboração ocorreu a título pessoal ou institucional, resta a dúvida legítima e razoável, de perda de isenção do próprio Presidente da República.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
O ciclo vicioso do Stress
Aqui e ali, começam a despontar resultados científicos internacionalmente relevantes produzidos em Portugal, um fenómeno emergente que vem provar que faz sentido continuar a apostar em investigação, mesmo naquela realizada fora de Lisboa, Porto ou Coimbra.
Um estudo de um grupo de investigação da Universidade do Minho, sobre o stress, foi ontem destacado pelo The New York Times (depois de publicado pela Science) com honras de elogio de especialistas de grandes centros de produção de ciência nos EUA (Robert Sapolsky, Neuro-Biólogo da Stanford University).
Para ler na íntegra, siga o link: http://www.nytimes.com/2009/08/18/science/18angier.html?ref=science
Tasse bem...
Excertos de um artigo recente do Público sobre declarações de responsáveis das Finanças acerca de contribuintes portugueses com contas no Liechtenstein:
"Não têm nomes apelativos e tomara que todos os contribuintes fossem tão solícitos em regularizar a situação fiscal como eles. Quem o afirmou ao PÚBLICO foi Carlos Lobo, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, sobre os contribuintes portugueses cujos nomes constam da lista de investidores no Liechtenstein obtida pela administração alemã no início de 2008.
Carlos Lobo não quis dar pormenores, alegando sigilo fiscal. Não disse quantos eram ou de que tipo de contribuintes se tratava. Mas qualificou os casos como "uma situação comum em relação ao Liechtenstein"."
Declarações muy estranhas... e que para já não merecem mais comentários. A acompanhar.
A distrital de Lisboa sobre as listas
Papão a sério: a Dívida Externa
Curiosamente, o partido que mais tem instrumentalizado a religião em Portugal, é aquele com menor grau de Fé no futuro.
Desnorte em Belém
Logo a seguir, a Presidência da República deixa escapar a hipótese de escutas em Belém.
Gato escondido com rabo de fora!?
Das duas uma:
a) Ou não havia/não há assessores da Presidência da República envolvidos activamente na elaboração do programa do PSD e nesse caso deveria existir um veemente desmentido de Cavaco ou do seu porta-voz... ou...
b) Ou havia/há assessores da Presidência da República envolvidos na elaboração do programa do PSD - que nunca mais aparece - e, nesse caso, a Presidência teria ainda duas opções: ou a de desvalorizar o facto, atirando para uma colaboração pessoal, não institucional, o que seria aceitável, ou a de criar um semi-escândalo, uma insinuação grave, excusando-se a apresentar qualquer fundamento de prova.
Ao escolher esta última via, a Presidência da República cometeu dois graves erros:
Em primeiro lugar destapou a lebre* e,
...em segundo lugar, reafirmou a guerra institucional com o Governo, ao mesmo tempo que criou condições de cobertura a um envolvimento ainda maior - e mais criticável - com a campanha do PSD.
* insinuações deste calibre podem ter surgido se alguém irritado com um "como é que eles sabem?", atirou irreflectidamente à implicação lógica: "se eles sabem, então é porque estamos a ser espiados!"; i.e., uma perfeita admissão de culpa!
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
O "consumidor racional"
O "consumidor racional" é um(a) tipo(a) estranho(a) que faz de tudo para maximizar uma função de utilidade pindérica, resultado duma simplificação teórica ainda mais triste que a própria criatura, que se traduz em algo tão absurdo como reduzir as variantes do apetite humano a uma espécie de bulimia crónica com fixação em Big Mac's.
E não é que eu consegui uma foto deste bicho raro? Ora vejam acima.
Aí está ele: é o "consumidor racional" ! Agarrem-no! Agarrem-no!
Confusion de confusiones!
Portugal: evolução do Índice de Desenvolvimento Humano
O programa do PS
É importante e significativo que o PS disponha de um programa de bases, a cuja consulta pública é possível aceder aqui, no que se pode considerar a versão resumida (16 páginas):
http://www.socrates2009.pt/Conteudos/Noticias/Apresentacao-das-Bases-Programaticas-do-Partido-So/Programa.aspx
E aqui, na versão mais extensa (120 páginas):
http://www.socrates2009.pt/Conteudos/Noticias/Programa-do-Partido-Socialista/Programa_de_Governo_do_PS.aspx
Por lapso, publiquei num post anterior, online durante algumas horas, o link para o programa de 2005 (enorme!), que já agora pode ser consultado aqui (164 páginas):
http://inet.sitepac.pt/PSProgramaEleitoral2005.pdf
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
A retoma já está aí?
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
"Prometam só o que podem cumprir"
A campanha segue a linha da castidade histérica que já deixou de ser surpresa.
Será isto "a Verdade" a que temos direito?
Por falar em "Prometer apenas o que se pode cumprir", ou em frases como "Portugal não pode ficar hipotecado", psudo-silogismos dirigidos à crudelidade fácil, é preciso olhar ao que este partido nos tem oferecido também ao nível do poder local.
Por exemplo, em 2007, 12 municípios foram sancionados com uma redução de 10% do Fundo de Equilíbrio Financeiro, por endividamento excessivo.
Desses 12, nada menos do que 8 eram municípios administrados pelo PSD. Ou seja, 2/3 dos municípios com endividamento excessivo eram da escola desta Senhora, dos arautos da boa moral e dos bons costumes, das privatizações das "correntes de ar" e... da austeridade!
Ansião (PSD) - excesso de endividamento 1.269.956,46 euros.
Castelo de Paiva (PSD) - Excesso endividamento 1.082.085,26 euros.
Fornos de Algodres (PSD) - Excesso endividamento 3.064.311,31 euros.
Mondim de Basto (PSD) - Excesso endividamento 496.031,67 euros.
Santarém (independente/PSD) - Excesso endividamento 3.806.923,61 euros.
São Pedro do Sul (PSD) - Excesso endividamento 1.561.700,13 euros.
Vila Nova de Gaia (PSD) - Excesso endividamento 11.929.661,12 euros.
Vouzela (PSD) - Excesso endividamento 740.905,41 euros.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Primeiro Ministro à carga!
Fica o essencial do recente artigo de opinião de um PM em campanha:
"(...) a única coisa que vemos do lado da Oposição é a insistência na velha lógica de coligação negativa, em que forças políticas de sinal contrário, como a direita conservadora e a esquerda radical, convergem no objectivo comum de atacar o PS e dizer mal de tudo o que se tenta fazer para melhorar o País."
"Quanto ao futuro, nada parecem ter para dizer aos portugueses. E é preciso notar que se o PS apresenta um programa, a direita esconde o seu."
" De facto, enquanto o PS lança as ideias políticas que marcam o debate, na direita reina o vazio: não tem ideias nem alternativa para apresentar e, mais grave ainda, tenta agora esconder dos eleitores as ideias que antes apresentou e defendeu, como as que contestaram o aumento do salário mínimo ou as que poriam em causa a universalidade e tendencial gratuitidade do Serviço Nacional de Saúde, bem como a própria matriz pública do nosso sistema de segurança social, que garante as pensões e as reformas dos portugueses."
"Bem vistas as coisas, a direita só fala do futuro para dizer que tem medo do dia de amanhã. Medo: não apela ao melhor mas ao pior de nós. A sua mensagem é triste e miserabilista. Não adianta fazer nada a não ser esperar pacientemente por melhores dias. Pois eu acho que esta atitude paralisante, herdeira de um certo espírito do salazarismo, faz mal ao País e não nos deixa andar para a frente."
"Pelo contrário, acho que o primeiro dever de quem governa é ter uma visão do futuro do País e a determinação de impulsionar as reformas modernizadoras que são necessárias para servir o interesse geral."
"Desde a célebre Grande Depressão, que se seguiu à crise de 1929, todos os economistas que resistem à cegueira ideológica sabem a resposta: o investimento público. Por isso, a generalidade dos países europeus e das economias desenvolvidas, incluindo os Estados Unidos da América de Obama, decidiram enfrentar a crise lançando programas de reforço do investimento público."
"A nossa direita, pelo contrário, ao arrepio do que se vê pelo Mundo fora, permanece apegada aos seus preconceitos ideológicos e acha que o Estado não deve fazer tanto para ajudar a economia a vencer a crise e para salvaguardar o emprego. A sua proposta é, por isso, simples e recorrente: cortar no investimento público. Mas esta é também uma proposta errada. É preciso dizê-lo de forma clara: cortar no investimento público modernizador, como propõe a direita, seria um grave erro estratégico, que prejudicaria seriamente o relançamento da economia, atiraria muito mais empresas para a falência e bloquearia a recuperação do emprego. "
"A direita insiste no recuo do Estado Social, para a condição de Estado mínimo ou, como dizem agora, Estado "imprescindível". "
"Mas, tendo em conta as propostas apresentadas pela direita ao longo desta legislatura, a ambição que agora se desenha é outra: privatização parcial da segurança social, fim da tendencial gratuitidade do Serviço Nacional de Saúde e pagamento dos próprios serviços de saúde pelas classes médias, privatização de serviços públicos fora das áreas de soberania."
"Porventura é mesmo essa a questão decisiva destas eleições: rasgar as políticas sociais, ou reforço do Estado social. Uma vez mais: ou o PS ou a direita."
"E que não haja ilusões: para Portugal, a alternativa real é entre o PS ser chamado de novo a formar Governo ou regressar a um Governo de direita."
Não existem escolhas perfeitas nem isentas de erro, existem tão simplesmemente escolhas. E como diria Winston S. Churchill: "We shall never surrender!".
MFL não comenta "ataques políticos" (mas espera resposta aos dela!). Não só é triste como preocupante: quem cala consente...?
Raul Solnado
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
71ª Volta a Portugal: e nós Pimba!
Tenho algumas saudades da forma como a Volta era tratada há 20 ou mais anos... Outra questão que me coloco é porquê realizá-la sempre numa altura tão quente do ano, quando talvez assim se afastem alguns corredores estrangeiros que lhe poderiam dar melhor visibilidade?
No entanto, boa nota positiva para o site, ainda que apenas disponível em português: http://www.volta-portugal.com/
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
EUA: Igreja Católica a favor dos cuidados de saúde universais
Aparentemente!
Mais vale tarde do que nunca
Este tipo de medidas de apoio, sem dispêndio de verbas, potencialmente menos burocráticas e mais ágeis porque menos intermediarizadas pelo Estado, são sempre bem-vindas.
71ª Volta a Portugal
Esperemos que sim, porque é dos poucos eventos de que ainda se pode recorrer com consistência para promover internamente e externamente a imagem e o melhor que podemos fazer neste país.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
O "programa" do PSD
Reproduzo e interpreto esta espécie de "programa":
- "Economia. Criar condições para aumentar o emprego e para melhorar a competitividade das empresas são os nossos objectivos centrais. Recuperar a competitividade, retomar o crescimento e a convergência com o pelotão da frente da União Europeia são premissas não só para atingir aqueles objectivos, como para pôr em prática estas nossas políticas.
Nós sabemos o que significa "criar condições para aumentar o emprego"... na gíria do PSD que conheço, significará provavelmente ampliar a liberalização dos despedimentos, permitir legalmente as revisões salariais em baixa, a redução dos descontos para a segurança social, o aumento do número mínimo de horas de trabalho semanais, o provável regresso do trabalho aos Sábados, e a desoneração social diversificada das empresas.
Adivinha-se que isso não funcionará num país com um tecido social tão débil como o de Portugal. Esse caminho, na linha do neoliberalismo Americano, já provou as suas falhas com clamoroso estrondo (na Irlanda, para não irmos mais longe); num país como o nosso poderá levar facilmente ao agravamento das condições sociais, da instabilidade e do medo, o que por seu turno ocasionará o agravamento da queda da procura, do consumo e, por conseguinte, colocará ainda mais em risco a procura interna e a própria economia. Preparem-se: vamos apanhar com a saga do discurso "da tanga". E isso poderá levar à definitiva "mexicanização" do país.
Quanto à vaga intenção (velha, gasta e ouso acusar, falsa) de nos transportar ao "pelotão da frente da UE", sabemos todos, pelo menos os que ainda não sofrem de Alzheimer, que se trata de uma expressão saudosamente Cavaquista, hoje completamente alienada de viabilidade imediata, e da verdade dos factos plausíveis a que se possa propor qualquer candidatura séria, democrática, para 4 anos de governação.
- "As Questões Sociais e a Solidariedade. Aumentar a coesão social – que passa também por uma maior acessibilidade aos serviços de saúde – é fundamental, a par da necessidade imperiosa de se acudir aos problemas mais prementes da pobreza e das desigualdades. Prioritárias são as pessoas. Não nos serve um desenvolvimento que não se alicerce no bem-estar social. "
Tendo em vista a interpretação da linha de acção provável na Economia e à luz do que tem sido o discurso político de alguns responsáveis visíveis (outros ocultos...) do PSD, diria que o eixo anterior será pouco mais que uma miragem, quando não uma patetice. Mas mergulhando mais um pouco no cinismo opaco duma parte deste actual PSD, creio que "uma maior acessibilidade aos serviços de saúde" signifique tão somente reforçar uma crescente oferta de serviços privados, caros, inacessíveis à maioria da população (ainda que inicialmente e para disfarçar, talvez não), vendendo-os politicamente aos portugueses como a "complementaridade necessária" à correcção dos muitos defeitos do Serviço Nacional de Saúde que, como se adivinha, se apostarão em empobrecer alegre e discretamente.
- Justiça e Segurança. Recuperar a confiança no sistema judicial e garantir a sua eficácia é uma das metas do PSD para a próxima legislatura. Trata-se de um investimento decisivo, sob pena de todo o tecido social e económico se esboroar. A justiça é o primeiro pilar da garantia e defesa das liberdades. Na segurança é fundamental o reforço da autoridade do Estado, uma efectiva política de prevenção e a melhoria da coordenação dos meios de combate à criminalidade. Sem segurança não há liberdade.
Mais um eixo de acção e mais um enorme lugar comum. "Trata-se de um investimento decisivo", dizem estas laranjas... pois mas... qual investimento? Será um cheque em branco? Em que vão investir, exactamente? Nós sabemos, se se lembrarem, o que significa o reforço da autoridade para o PSD: por exemplo, cargas policiais com recurso ao abuso da força, como assistimos em tempos na ponte 25 de Abril, às ordens do ex-conselheiro de Estado, o caríssimo Dr. Dias Loureiro; ou, até, a polícias contra polícias, expoente significativo dos tradicionais jogos de poder à direita, que parecem recorrer invariavelmente ao dividir para reinar, mesmo no seio da própria autoridade, como nessa altura se viu.
- "Educação. A educação é a base do livre desenvolvimento da pessoa, o alicerce de todo o nosso desenvolvimento económico, social e cultural. O combate ao facilitismo e a recuperação do prestígio dos professores serão linhas mestras do nosso programa de acção."
Repare-se na subtileza: "a educação é a base do livre desenvolvimento da pessoa"; isto parte das mesmas pessoas que vêem defendendo o cheque-ensino. Leio nisto mais uma expressão da intenção oculta de privatização progressiva da Educação, escondendo-a por detrás do agora gasto slogan neoliberal da "liberdade de escolha". "Liberdade" de escolha para quem tem dinheiro, evidentemente. Já para todos os outros... ficarão o ensino de segunda e terceira categorias, assente no que restar das futuras ruínas dum moribundo Ensino Público. Nessa altura os "Exames Nacionais" poderão então voltar a distinguir "o trigo do joio" isolando os filhos da classe média - que se adivinha se pretenda extinguir progressivamente - da Universidade, como nos tempos da "outra senhora".
Como diz um amigo meu, entrámos numa época em que podemos concorrer a eleições à custa de uma qualquer imagem de seriedade desprovida de fundamento, sem qualquer ideia ou programa: "Votem em mim, eu sou sério!".
Haja vergonha.