sábado, 30 de maio de 2009

Burlesconi!

O paladino italiano da moral e dos bons costumes...

A Senhora e o "Chip do Terror"


Tenham medo! Tenham muiiiiiitooooo medo!
A senhora aproveitou mais um fim de semana sem quaisquer propostas de Governo para assustar mais uma vez os portugueses recorrendo à tentativa de analogia primária entre a matrícula electrónica e uma mentalidade "Big Brother".
É absolutamente lamentável que a espécie de vazio cerebral em que a senhora parece viver (cartoon de António) recorra ainda e mais uma vez ao medo, uma característica que parece partilhar com todos os ditadores e aspirantes a ditadores incluíndo o "Botas", também conhecido por Salazar.
Melhor serviço teria a senhora feito se em vez da tentativa de instilação do medo tivesse explicado aos portugueses porque é que o nosso presidente não vetou aquilo que parece ser uma mera negociata a favor de uma empresa praticamente monopolista em Portugal.
Porque é que o presidente, com aquele inigualável jeito para dizer o que "pertence", se terá ficado "pelas dúvidas"....
O que está em questão não será tanto uma deriva securitária para o totalitarismo - se bem que se a direita fosse ao menos fiél a ela própria haveria de reconhecer que a segurança básica dos portugueses e o trabalho das forças policiais poderá melhorar com a introdução do dispositivo de matrícula electrónica, se devidamente utilizado - mas mais uma possível cena de opereta de um certo corporativismo.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Debater a Europa

Alguns (se não todos) os partidos políticos devem entender que os portugueses são apenas uma espécie de americanos mais espertos, mas ainda assim muito burros.

Digo isto porque a poucos dias de eleições para o Parlamento Europeu o debate sobre a Europa... quase não existe, ou é tão pueril que mete dó.

O que eu gostava de se ver debatido:

- Deve a Europa caminhar ou não para uma Federação?
- Qual a melhor forma para o alcançar?
- Como aproximar a Europa das pessoas?
- Como fazer diminuir a crescente Eurocracia que grassa em Bruxelas?
- Por que temas se batem cada uma das principais famílias políticas no PE?
- Deve ou não o Presidente da Comissão passar a ser eleito por sufrágio universal a 27?
- A PAC é para manter como está?
- Qual a política e os instrumentos para uma consequente Defesa comum?
- Em que sentido pode evoluir a pasta dos Negócios Estrangeiros da União?
- Quanto mais temos de esperar para uma efectiva união política?
- Queremos dimimuir a Europa Social, ou ampliá-la? O que pensa sobre isso Barroso?
- Irá a Europa, na defesa do interesse dos seus cidadãos, bater-se por uma globalização ética?
- Irá a Europa no sentido das 65 horas para que possamos competir com a "escravidão" Chinesa?
- Em que pode entender-se a Europa com os EUA, na defesa dos valores democráticos no mundo?
- Deve a Europa afirmar-se como espaço social e ético único, ou deve ceder à "real politik", aos interesses de circunstância?

- Depois da derrota burocrática da Agenda de Lisboa, que medidas pragmáticas deve desenvolver a Europa para promover a Ciência, a Cultura, as Artes e a Inovação?

O que será que pensam destas matérias os nossos candidatos ao "El Dorado" de Bruxelas?

Muito pouco pelo que se vê. Frases como "pelo interesse nacional eu assino por baixo", apenas revelam a habitual vontade de passar uma imagem de um pseudo-patriotismo sem qualquer conteúdo prático.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A Sexta Coluna

Um texto de Leonel Moura:

"Concebida inicialmente para servir os militares, a Internet, tal como a conhecemos, emergiu à margem de todos os poderes. O poder político não se apercebeu que nascia um novo meio de comunicação, que pela sua natureza, rizomática, depressa se tornaria incontrolável.

O poder económico levou muito tempo a entender "como se podia ganhar dinheiro com aquilo" e deixou que a net se desenvolvesse numa lógica não comercial. Intelectuais, académicos, gente da cultura começaram por a rejeitar e depreciar em nome da arrogância habitual de quem se considera ser o guardião do saber. Para mais, ninguém, de tanto pensador e especialista que ocupa telejornais e a nossa paciência, foi capaz de antever a importância da rede.

Assim, graças a esse desinteresse geral, foi possível montar a Internet segundo um modelo absolutamente inovador na longa história da sociedade humana: o da liberdade. De tal maneira que até hoje continua a não existir nada tão livre como a Internet.

Tivesse ela sido criada por governos e assentaria num vasto pacote de leis restritivas, com imensos mecanismos de censura e bloqueio, policiamento, limites territoriais, bilhete de identidade, enfim, o habitual. Mas como os poderes demoram sempre muito tempo a reagir ao realmente novo, a teia foi alastrando, ultrapassando preconceitos e fronteiras - chegando mesmo àqueles lugares inóspitos onde ainda mandam ditaduras e totalitarismos - ligando pessoas e cérebros na sua criatividade e plena expressão livre. Hoje a net constitui um gigantesco organismo vivo, uma nova entidade planetária que representa um novo estádio da civilização humana.

Contudo, a partir do momento em que a Internet se tornou uma realidade incontornável logo surgiram em força os seus inimigos. Na primeira linha os homens de negócios. Incapazes de perceber o potencial de um cérebro em rede, sempre a encararam, até hoje, como uma mera traficância de venda a retalho. Muito poucos passaram da mercearia dos acessos.

Logo a seguir todos aqueles, e são muitos, os que odeiam a liberdade. Não há dia que não se tente demolir a net jogando com o sujo argumento do medo. Perigos, fraudes, spam, pedofilia, pornografia, desvio das crianças, arma perversa dos adultos, terrorismo, insegurança, pirataria, vírus, tudo serve para tentar reduzir a Internet a mais um canal de televisão. Ou seja, um meio de comunicação alienante, dominado pelos interesses privados, controlado pelos poderes políticos, de liberdade condicionada.

Ainda recentemente o Parlamento Europeu tentou impor uma directiva que para além da introdução da censura - sob o pretexto da defesa dos direitos dos autores - pretendia conceder aos fornecedores de serviços a possibilidade de limitar o acesso a determinados sites. Ou seja, passaríamos a ter de comprar pacotes de sites, um pouco como hoje se compram pacotes de canais de TV. Isto, que significaria o fim da Internet, felizmente não passou. Mas eles voltarão à carga.

A questão não é moral nem ideológica. A Internet revelou ser um poderoso meio de evolução positiva das sociedades e dos indivíduos. Precisamente por ser extremamente livre, permite a expressão de múltiplas e muito diversas ideias, más e boas naturalmente, mas que no seu conjunto geram uma dinâmica de criatividade única na história. Por outro lado, tendo-se tornado na grande enciclopédia que reúne praticamente todo o saber acumulado pela humanidade, assim como lugar de divulgação por excelência do novo saber que vai emergindo, representa um poderoso acelerador de conhecimento, inovação e desenvolvimento tecnológico. E, por fim, a sua grande abertura e interconectividade permitiu gerar novas redes de relacionamento social, aproximar pessoas, fomentar a cooperação, gerar novas solidariedades.

Pretender introduzir mecanismos de censura e impor limitações, não é por isso só um atentado às liberdades, é sobretudo uma perfeita estupidez que só pode levar a sociedade a regredir.

Manter a Internet livre não é uma simples reivindicação de cibernautas. É a mais importante batalha que se trava actualmente em prole do avanço civilizacional. "

(In)justiças

É de lamentar que o Governo ainda não tenha tirado as devidas ilações sobre as mal sucedidas alterações ao código penal. Não só a criminalidade e a impunidade aumentaram - todos os portugueses o sentem, apesar das estatísticas - como os meios de investigação para a criminalidade mais complexa foram severamente amputados.

Eis um verdadeiro problema que alguma oposição deveria estudar mais a sério.

Outro problema importante diz respeito à assimetria de condições que enfrentam as pequenas empresas face às maiores: o Estado deveria ser mais complacente com todas as micro e pequenas empresas, sobretudo no período que atravessamos.

Não basta que se possa abrir uma empresa na hora, se o Estado se apressa a ligar logo o seu taxímetro implacável. Numa economia tão pequena e tão pouco diversificada como o é a nossa, era fundamental que se incentivassem coerentemente todos os arranques de actividade, toda a iniciativa privada de pequena dimensão.

O país bem disso precisa, mas essa liberdade - sabe-o bem que tenha pequenos negócios - ainda não chegou ao nosso país.

É mais um assunto onde seria de esperar mais afinco das oposições responsáveis e conscientes da realidade.

A Auto-Europa e os Tiranossauros Rex


O senhor Francisco Van Zeller afirmava há dias acerca dos desenvolvimentos recentes na Auto-Europa que “trata-se de centenas e centenas de trabalhadores que acabam de ficar sem trabalho porque alguns querem ser pagos com algumas percentagens e ao sábado”.
Ora aquilo que a VW está a fazer na Auto-Europa, já desde há alguns anos, parece ser lançar periodicamente o espectro do fecho, na esperança de redução do seu pessoal de forma mais contida e incremento da produtividade do pessoal remanescente à custa de laboração mais prolongada.
É preferível aumentar a rentabilidade de uma unidade industrial do que optar pelo seu fecho efectivo, claro. Para mais, pode aceitar-se que isso suceda numa indústria onde a produtividade está gerida ao máximo da eficiência, o que anda muito longe de ser o caso da maioria da indústria nacional.
No entanto, parece-me, o verdadeiro objectivo da VW não se prende apenas como uma necessidade de gestão de curto prazo, antes com medidas de sustentabilidade para conviver com um período de carência de procura que não se adivinha ser curto.
Dito isto, nunca pode ser simpático, nem aceite de bom grado, trabalhar-se "à borla", como o senhor van Zeller pretende que se aceite. Será um mal necessário, talvez, mas daí a aceitar-se como solução inevitável, vai uma grande distância.
O senhor van Zeller não quer que o Governo intervenha. É claro que não. Mas ele, o senhor van Zeller, já pode intervir... E porquê?
Porque a parte medíocre da indústria portuguesa espera tirar do precedente da Auto-Europa os devidos dividendos. Visão? Preparação para o futuro? Nada. Puro situacionismo de curto prazo, típico açoite e castigo, enfim, a solução mais fácil (desde que seja a VW a tomá-la primeiro...).
Atente-se na falta de consciência das declarações do senhor van Zeller: “Em tempos bons tudo funciona bem. A produtividade é muito alta. A qualidade é elevadíssima o que faz com que aquela fábrica seja uma jóia no grupo VW. Se perdem esta característica passam a ser uma fábrica vulgar. E como fábrica vulgar representa 1,3% das vendas da VW. Apaga-se com uma borracha”.
Pode ser que o senhor van Zeller tenha sido promovido a consultor da VW, não se sabe...
O que ficamos a perceber das suas palavras parece ser que, em tempos de vacas gordas, é preciso açoitar-se os mesmos, a bem dos lucros, e em tempos de vacas magras, também é preciso açoitá-los, a bem da sobrevivência.
Eis a versão incontida, da noção de responsabilidade social do senhor van Zeller: a vidinha das pessoas que trabalham nalgumas empresas deve ser considerada tão frágil que a possamos apagar com uma simples "borracha"...
Mas há mais: “não há direito de uma Comissão de Trabalhadores fazer ajoelhar uma empresa só porque quer sábados”. Claro que não senhor van Zeller, mas já há direito a ofender a dignidade de quem trabalha com esse tipo de afirmações fora de tom? Que ajoelhem sempre os mesmos, e de preferência da forma mais humilhante?
Ao insultar e velipendiar a dignidade pessoal e profissional de milhares de colaboradores da VW - varrendo de uma assentada preguiçosos e aplicados, competentes e incompetentes, todos pela mesma fivela - o senhor van Zeller só deita gasolina numa perigosa fogueira. A VW não lhe agradecerá.
Enfim, é a sensibilidade do costume, mas para pior. Meu caro amigo, os tempos já não são os seus. Não parece que o futuro passe por si.

sábado, 23 de maio de 2009

O veto e a falta de debate sobre regras anti-concentração dos media

Sendo que também concordo que uma lei que incentive a pluralidade é muito necessária e um garante importante para a democracia (embora não necessariamente esta lei proposta, que conheço mal), acho estranho o segundo veto presidencial.

Já desde os anos 50 que existem nos EUA leis que previnem contra a possibilidade de concentração exagerada dos meios de comunicação social, que com esse fenómeno perdem isenção, profundidade de investigação e ganham uma notável tendência à instrumentalização de opiniões.

Por isso seria bem necessária, para o presente mas sobretudo para o futuro, uma lei apropriada em Portugal.

Contudo, ninguém o discute seriamente, repetidamente, sobretudo nos meios de comunicação social.


Porque será? Talvez o presidente saiba.

Marinho Pinto 2 - Manuela 0

Que grande derby!

Marinho Pinto, sem papas na língua e dizendo frontalmente coisas que muita gente sente mas cada vez menos gente diz surpreende Manuela, estupefacta e apanhada pelo seu próprio jogo por uma vez...

A campanha milionária do PSD-V

É curioso ver alguns "sociais-democratas" tão consumidos pela obcessão de fazer passar uma imagem de rigor, austeridade, castidade até, para depois constatarmos que, sem qualquer pejo, se preparam para gastar praticamente o dobro de qualquer outro partido em campanha.

Mais de dois milhões de Euros.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Aproximações ao PSD de Sá Carneiro

Uma parte interessante de um artigo de Carlos Santos no blogue do Público:

"Sá Carneiro não era de todo alguém que quisesse caminhar para o Marxismo, isso, como disse, é uma contingência revolucionária. Mas era claramente um Social Democrata. A sua inspiração estava no SPD germânico, e em Helmudt Shcmidt. O PSD foi formado com uma concepção de partido republicano e laico. O laicismo é aqui entendido como concepção que advoga a separação entre o Estado e as comunidades religiosas, e a neutralidade do Estado em matéria religiosa. O seu carácter republicano é explicado pelas suas raízes no Porto. Entre os seus dirigentes o PSD manteve republicanos históricos, e o que ficou conhecida por uma costela maçónica moderada. A sua primeira sede, curiosamente, foi no Grande Oriente Lusitano.Importa aqui fazer a clarificação mais importante. O que é a Social Democracia? Ou, dito de outra forma, o que demarcava o campo de Sá Carneiro, em termos ideológicos? De uma forma sintética e simplificada, é uma corrente de pensamento político que nasce no século XIX a partir do marxismo, advogando contudo a reforma progressiva (em lugar da revolução), pela via legislativa, do sistema capitalista no sentido de o tornar mais igualitário.A Internacional Socialista define social democracia a partir de três pilares para a construção de um Estado Social no quadro de uma democracia liberal, parlamentar e representativa. O primeiro destes pilares é precisamente aa ampliação do conceito de liberdade para além da esfera individual. Implícito está o reconhecimento de que livre iniciativa, e a propriedade privada dos meios de produção - que são reconhecidas - podem resultar em limitações de outras liberdades. Por isso, pela negativa, define-se a não submissão a aos legítimos proprietários desses meios, a não discriminação e a não opressão por formas de poder político. Na prática, a liberdade na social democracia não é confundível com um qualquer conceito de neoliberalismo ou de liberalismo social. Respeitando o direito à propriedade privada e à livre iniciativa económica, vai estabelecer fronteiras que estas não podem ultrapassar designdamente subjugando o que numa linguagem mais marxista se chamaria de força de trabalho.Em segundo lugar, a social democracia compreende no seu ideário a igualdade de oportunidades para todos, mesmo numa óptica de justiça social, isto é, corrigindo situações de partida desiguais, sejam físicas, mentais, ou no campo que nos interessa, económicas e sociais."

Os problemas vistos da perspectiva do Martelo

Para os que pensam como um martelo, todos os problemas parecem um prego.

A analogia não é minha.

A professora... e as orgias

Os nossos media levam tudo para a brincadeira. O que me pareceu grave, muito grave, quando ouvi a gravação da professora que alegadamente discorreu sobre orgias em plena sala de aula não foi apenas o carácter sexual das observações.

Foi tê-las feito com carácter dirigido (a uma aluna em frente de toda a turma e sem o mínimo de respeito). Pior: a professora ameaçou veladamente a turma, e enxovalhou publicamente a mãe da aluna por ser menos letrada do que ela.

Isto só video.

A Senhora virou Benny Hill

À medida que nos vamos aproximando das eleições, surge sempre, em todos os campos políticos, uma séria tendência para a parvoíce.

Embora haja tendências marcadamente mais parvas do que outras.

Nos seus comentários mais recentes, a senhora decidiu brindar-nos com o seguinte vaticínio bem disposto e cheio de ânimo (como de costume): "se o país fosse uma empresa estaria falido". Mais uma pérola!... Ó minha senhora, mas já olhou para as contas dos países neoliberais que tanto defende, ou defendeu? Estão nas lonas, minha senhora!

Para além disso minha senhora, e pela enésima vez: nem o país é uma empresa, nem a gente quer que o seja (pois é minha senhora, era quase assim no tempo do Salazar...).

Concorda-se claramente com a senhora quando diz que o Estado, em vez de se endividar ainda mais para sustentar linhas de crédito para as pequenas e médias empresas - embora não seja por aí que o gato vai ao leite... - deveria simplesmente pagar o que lhes deve mais cedo.

E no entanto, logo a seguir, a senhora diz que o que temos é um problema de (sic) "excesso de procura" (uma teoria digna dos prémios igNobel). Continua a senhora que, como temos "excesso de procura" e a oferta nacional não chega, temos de importar muita coisa, o que agrava as contas nacionais.

Mesmo ultrapassando com muito boa vontade essa absoluta mentira do "excesso de procura", lanço aqui um quizz. Devemos deduzir do raciocínio da senhora que:

a) Com a senhora no poder, ninguém mais poderá andar de automóvel a não ser que tenha sido cá produzido (os sovietes também pensavam assim)

b) Vamos regressar ao proteccionismo (e o Greenspan não a vai perdoar)

c) Vamos regressar ao condicionamento industrial do professor Oliveira Salazar

d) A senhora afinal até é cómica e decidiu gozar com a malta (era para contar a verdade, mas ficou para uma próxima: o país não pode viver sem importações)

e) A senhora é perita em alimentar espirais destrutivas na economia nacional (do tipo "tenham medo, tenham muiiitoooo medo, uh uh uh ah ah ah")

Das duas uma, ou esse "excesso de procura" é um falar para não estar calada, ou então é mais uma igNobel "verdade" da mentira que passou a integrar no discurso.


sábado, 16 de maio de 2009

A Entrevista Português Suave, II

Ontem a senhora esteve melhor, há que reconhecer (fazendo um esforço enorme!).

Apresentou-se de permanente, madeixas alouradas, e uma quantidade considerável de base na cara. Envergava, pela primeira vez que me recorde uma cor menos triste, um casaquinho azul, a tapar uma descontraída camisa branca meio aberta que tentava a colagem a um certo estilo blasé (que ela definitivamente não tem).


Enfim, sempre foi um pouco mais sensato do que o habitual uniforme cinzento.

Uma coisa é ser-se pessimista, e outra bem diferente é passar derrotismo aos galões para os outros, em vez de os motivar a superar o estado de situação. Pode ser que a senhora, entretanto, tenha percebido esta verdade elementar (o que duvido).

De resto, esteve muito igual a si mesma, com algum "verdete" quando em face de perguntas que a senhora achava irritantes, ou impróprias para uma senhora. De uma boa avó não se pode esperar paciência para tudo, mas um pouco mais de carinho não lhe teria ficado mal.

Afinal aquele era um canal público e "o povo" já não come só "bacalhau seco"...

Esteve igualmente bastante cautelosa relativamente às faltas do Banco de Portugal; ou porque existem hostilizadores suficientes nas hostes para os mais diversos ataques ou porque, naturalmente, o ódio personalizado na "chefe" é uma coisa que não assenta bem.

Parece que a senhora já compreendeu isso também...

Tivemos portanto uma pequena evolução na forma, um "casaco novo" (seria importado?), uma senhora 2.0, frente a jornalistas um tanto tímidos e sem perguntas de acagaçar (não vá a senhora ganhar o plebiscito e correr com eles).

Ponto positivo quanto ao reverberar de agonia das pequenas e micro-empresas, que carece realmente de respostas eficazes que contenham a sangria, mas negativo quanto ao medo anquiolosado ao comboio, e ainda pior quanto ao aeroporto, sem quaisquer sustentações de peso que não a instilação primária do medo, coisa que desgraçadamente lhe é habitual.

E feio.

Quanto ao que a senhora quer para o país ficámos a saber o mesmo: ela define-se sobretudo por "oposição a" e raramente "em prol de".

Era de esperar, ou não fosse a senhora a sombra em pessoa.

O situacionismo em crise

As carpideiras do Reino continuam a vaticinar o fim da nação. A crise convém-lhes, da sua pequenina perspectiva; rejubilam com ela.

Não que a crise não seja também nossa (logo deles); o problema é que as criaturas mal percebem que é todo o seu modo de pensar que verdadeiramente está em crise, mesmo no centro da crise.

"We need change", não de mais um regresso ao passado.

É curioso que o Salazar chegado ao poder manifestou a necessidade por "política de verdade".

Onde é que já ouvimos isto?

A agonia das micro-empresas

Notícia da Lusa, 15 de Maio:

"Cerca de 18 mil micro empresas encerraram desde Janeiro, deixando no desemprego trabalhadores e donos do negócio. Depois de lhes penhorarem os bens e sem direito a subsídios, muitos empresários procuram salvação nas paróquias. Em Portugal, existem cerca 160 mil micro empresas.

De acordo com o presidente da Associação Nacional de Pequenas e Médias Empresas (ANPME), Fernando Augusto Morais, "há micro empresários a falir todos os dias".

Desde o início do ano, "cerca de 18 mil já encerraram o seu negócio", disse à Agência Lusa o presidente da associação, onde funcionam os gabinetes jurídico e estatístico que fazem a recolha e tratamento destes dados.

Só nos primeiros 13 dias deste mês, "90 empresas fecharam as suas portas", exemplifica o responsável, lembrando que desde o início da crise, em Setembro de 2007, até 31 de Dezembro de 2008, "encerraram 40 mil empresas" de pequena dimensão. Para Fernando Augusto, "a situação é crescente".

Muitas destas empresas pertencem a "jovens licenciados que terminaram os cursos e não encontraram emprego no mercado de trabalho", mas também existem muitas outras que estão ligadas principalmente à construção civil, explicou.

O presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), Armindo Monteiro, confirma este cenário: "Têm estado a fechar empresas que até agora sobreviviam a tudo e a todas as circunstâncias".

Estes encerramentos "criam constrangimentos à sua volta", alerta por seu turno Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, instituição que nos últimos tempos tem recebido pedidos de ajuda de empresários "de todo o país".

"Muitos dos que nos procuram fazem parte da classe média baixa, mas também já há muitos da chamada classe média alta, com outro tipo de projectos que faliram", explica.

Para o presidente da Cáritas, este fenómeno "representa taxas de desemprego altamente preocupantes."

(...)

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Can We?

Artigo do Washington Post, 5 de Maio de 2009, de Steven Pearlstein

In Portugal, as in America, a 'Third Way' Is Reemerging

You can easily imagine the popular story line that plays out daily in the politics of much of Western Europe. It's the one about bankers and money managers in New York and London who got rich by playing fast and loose with other people's money, under the eyes of regulators so blinded by their faith in markets that they couldn't spot a con game going on right under their noses.

And what makes it all the more galling to Western Europeans is how easily this plague of greed and deregulation so easily crossed the Atlantic, sending their own economies into a recession that is expected to be deeper and longer than it will be where it all began.Sitting in his office last week, José Sócrates, the prime minister of Portugal, joked as he recalled the day last September when he first learned about "this thing they call a subprime loan."

As head of this country's nominally socialist party, Sócrates spent the previous four years reducing the size of Portugal's government, taming its runaway budget deficit, challenging labor unions and deregulating its markets. And what is his reward? An economic crisis that has once again put the country in a fiscal bind and boosted the polling numbers of Portugal's Communist Party.There are similar tales to be told across the continent.

(...)

Everywhere, there are calls for higher taxes on the rich, with the British government proposing to raise the top marginal rate to 50 percent from 40 percent."In terms of further market liberalization, I would say the window of opportunity is now closed," Christine Lagarde, France's reform-minded finance minister, told reporters recently in Washington.

Given the circumstances -- unemployment as high as 17 percent in Spain, exports off 20 percent in Germany, house prices off 40 percent in Ireland -- none of this is surprising. But the real story in Europe may be how firmly market liberalization seems to have taken hold. Not only have there been few, if any, calls for re-nationalizations, but some countries are still moving toward privatization and deregulation.

(...)

Here in Portugal, for example, huge teacher demonstrations recently shut down the capital but failed to derail Sócrates's plan to require annual evaluations of instructors in a public school system that has some of the highest costs, and lowest test results, in Europe. And Americans would do well to consider Portugal's plan to put its Social Security on a more sustainable footing by linking the retirement age to life expectancy while still giving people the choice to retire at 65 with slightly lower benefits. Perhaps the best example of Portugal's market-based approach to its economic problems is its big push toward renewable energy.

(...)

The spinoff of its renewable-energy division was the biggest IPO in Europe last year and is now the world's fourth-largest renewable-energy producer. Back in the days of Bill Clinton and Tony Blair, there was a lot of loose talk about a "third way" that would combine the best features of Anglo-American capitalism with the social and economic safety net prevalent in Europe. If Portugal is any indication, Europe has been moving in fits and starts toward market capitalism ever since.

(...)

Artigo completo:
http://www2.alentejocoast.com/newsflash.php?id=6541

Convite à reflexão e à acção

Algumas pessoas têm-me perguntado o que penso que virá a emergir do pós-crise. Tenho algumas noções das possibilidades, tanto sobre os cenários muito negativos como sobre os muito positivos. Pouco importa o que penso.

O momento é de mudança - ou de oportunidade para a mudança - e é sobretudo no campo político que se desenhará o futuro (antes a política estava brutalmente contaminada e cristalizada na "teologia de mercado").

Agora é o momento certo, necessário, para participar e dar o corpo ao manifesto ou, pelo menos, combater por aquilo em que se acredita poder vir a fazer um mundo um pouco melhor. Ajudar a clarificar os campos e as ideias.

É porque os riscos são enormes que é necessário que se mexam.

Casa Branca opõe-se a divulgação de fotos

A Casa Branca opôs-se hoje à divulgação de fotos de maus tratos de prisioneiros detidos no estrangeiro, alegando que poderiam desencadear reacções adversas anti-americanas e colocar em risco forças militares.

Sensato, mas igualmente revelador de que existem provas comprometedoras que não são nada bonitas de se ver.

Mais tarde ou mais cedo, as fotos serão do conhecimento público e os "feitos" da ex-Adminstração Bush nesse triste domínio serão registados pela história.

Um capítulo triste da América. Será superado, mas deixará marcas.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Falar verdade a mentir


Não há dinheiro para nada, donde se deduz:

a) Que a Cultura é um custo
b) Que a Ciência é um custo
c) Que o Filipe La Feria é de uma envergadura cultural de alto coturno e gabarito

Esqueceram-se de contar esta "verdade" aos portugueses!? Vá lá, eu dou um empurrãozinho!

Dica - Foram à cidade do Porto, recentemente?

Terá sido a gripe A fabricada?

Um amigo contou-me durante a semana passada de que existia alguma probabilidade do H1N1 ser uma fabricação humana. Mostrei-me extremamente céptico, porque me custa sempre embarcar em "ear say"...

E no entanto, hoje a Bloomberg publicava o seguinte:

By Jason Gale and Simeon Bennett, May 12(Bloomberg):

"The World Health Organization is investigating an Australian researcher’s claim that the swine flu virus circling the globe may have been created as a result of human error. Adrian Gibbs, 75, who collaborated on research that led to the development of Roche Holding AG’s Tamiflu drug, said in an interview today that he intends to publish a report suggesting the new strain may have accidentally evolved in eggs scientists use to grow viruses and drugmakers use to make vaccines.

Gibbs said that he came to his conclusion as part of an effort to trace the virus’s origins by analyzing its genetic blueprint. The World Health Organization received the study last weekend and is reviewing it, Keiji Fukuda, the agency’s assistant director-general of health security and environment, said in an interview yesterday.

Gibbs, who has studied germ evolution for four decades, is one of the first scientists to analyze the genetic makeup of the virus that was identified three weeks ago in Mexico and threatens to touch off the first flu pandemic since 1968.

A virus that resulted from lab experimentation or vaccine production may indicate a greater need for security, Fukuda said. By pinpointing the source of the virus, scientists also may better understand the microbe’s potential for spreading and causing illness, Gibbs said. "

Artigo completo:

http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601087&sid=afrdATVXPEAk&refer=home

Os lobos uivam, mesmo sem lua cheia...mas:

Artigo de Elisabete Miranda:


Portugal é um dos países, entre os 30 que integram a OCDE onde o factor trabalho é menos tributado e menos pesa nos custos laborais.


A conclusão consta do “Taxing Wages 2008/2007”, um relatório onde anualmente a OCDE actualiza os dados sobre o IRS e a taxa social única (Segurança Social) que recai sobre os trabalhadores.

Dando como exemplo um solteiro, sem filhos, que aufira o rendimento médio da economia local, a OCDE conclui que, em Portugal, ele pagou 22% do rendimento bruto em IRS e contribuições para a Segurança Social, uma percentagem que compara com mais de 40% na Alemanha, Bélgica e Dinamarca.

Trabalhar só é mais “barato” que em Portugal em oito países: Austrália, Suíça, Nova Zelândia, Japão, Espanha, Irlanda, Coreia e México.

Esta notícia será desenvolvida na edição de amanhã do Negócios.

Indícios de conluio de preços de combustível, A1

Os placards que começaram a funcionar na A1 - com atraso - informando sobre os 3 ou 4 tipos de preços dos próximos locais de abastecimento nessa via (até +/-120 Km se não me engano), mostravam no fim-de-semana passado evidências incontornáveis de cartelização.

Ao longo de uma extensão superior a 250 Km, postos de diferentes marcas marcavam preços idênticos até ao milésimo de Euro (sem a mínima vergonha!).

A probabilidade disto acontecer espontaneamente num único placard já seria baixíssima. A probabilidade disto acontecer em todos os placards na via numa extensão de 250 Km não anda longe da que indica a possibilidade de se acertar no euromilhões apostando 10 Euros.

Mas, se o dissermos à Autoridade da Concorrência (que até integra PhDs) o mais provável é demorarem mais 3 meses de estudo, e depois de 1.000 páginas concluírem que não se trata de indício de monta.

Devo esclarecer ao automobilista menos habituado à Europa que estes placards existem, por exemplo em França, há já bastante tempo e o seu intuito é reduzirem a ineficiência do mercado via informação mais completa.

Pois cá faz-se a lei, e depois goza-se com ela, dando-lhe um carácter meramente estético.

É um fartote!

PS - Lembram-se do Sr. Mateus, o que passava multas pesadas às empresas que brincam connosco? Vai um quizz para se lembrarem do nome do homem que o substituiu?

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Subserviência

Alguém comentando certo discurso recente do nosso presidente dizia que pior do que a subserviência dos empresários a secretários de estado e políticos era a subserviência de políticos e secretários de estado a empresários.

E no seguimento disto eis que temos, quase em pezinhos de lã, uma nova lei de financiamento dos partidos que é uma pouca vergonha (que toda a oposição parlamentar votou a favor) e que até a senhora agora "admite corrigir" (sendo de sublinhar o termo pouco rigoroso do "admite", que é parecido com os mais usuais e conhecidos "depois logo se vê", etc e coiso e tal).

Será o ensaio geral do Bloco Central?

A arrogância Olímpica...

Existe pelo menos um par pesado de economistas coerentes - e que previram boa parte daquilo que se nos vai revelando dia-à-dia - que ainda mal são citados pelos media portugueses. Muito menos entendidos e menos ainda tolerados por alguns editores.

Outra coisa não seria de esperar num país onde se valoriza mais a espuma da nata do que o conhecimento e os factos.

Ainda mais triste e revelador, é a total impermeabilidade de alguma da (nossa) direita obtusa, teimosa e atrasada, a coisas que hoje são factos incontornáveis.


Rotulam de "esquerdistas", de "esquerdalha", um nó acima de lixo tout court, homens de saber comprovado...que deixam montes de economistas "bentos" e "engravatadinhos" pelo caminho.

Seja o que for que não lhes agrade só cai em duas categorias: ou é "comuna" ou então... deve ser "comuna".

Stiglitz passou por Portugal e disse o que disse, mas em Portugal Stiglitz ainda é pouco mais do que nota de rodapé...

Eis o link para algumas coisas que nos veio dizer (requer algum scroll down antes de apanharem o video):

http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=367042

Não desista! Continue a mandar postais!

O mais recente cartaz da senhora é um manancial! Já muito foi dito sobre o assunto, e não me dá prazer "sovar mortos"...

Contudo, temos ali uma verdadeira caixa de Pandora, sobretudo no que toca a revelar a psique daquela clique.

Primeiro o fundo: cinzento, ou azul-cinzento, quiçá cor-de-burro-quando-foge, cor das nuvens pesadas, cor de abafo, presságio de tempestade e mau agouro.

Depois, a expressão facial... já ninguém espera que a senhora sorria mas caramba, será que não nos podemos rir nós um pouco da crise enquanto não passa? Não será o humor, ou pelo menos a demonstração de um mínimo do seu sentido, um antídoto eficaz contra depressões colectivas?

Será que precisamos de aceitar um ambiente popular ainda mais derrotista, auto-flagelatório e super-pessimista?

Lembram-se daquela canção brasileira escrita em tempos de muito aperto que grassava assim logo a entrar "Meu Deus, mas para quê tanto dinheiro? / Dinheiro só p'ra gastar". Pois é: uma das coisas absolutamente necessárias no nosso país é essa espécie de optimismo fundamental, de que a senhora tem um défice crónico provavelmente incurável.

A forma de um simples sorriso é muito importante. Atente-se em La Gioconda.

Já no cartaz da senhora temos que gramar "sorriso 33", nitidamente amarelo e sem qualquer promessa do mínimo encanto ou futuro digno de nota. É todo um outro universo de "Mona Lisa".

Não sei o que será de mim se um engarrafamento na segunda circular me prende ao pé de um dos ditos...

Churchill nos seus dias mais difíceis, nos tempos do Blitz, sabia transmitir optimismo indomável, ainda que confrontado com o terrível abismo da derrota total iminente. O seu V premonitório era de esperança de aço feita de vontade pura de lutar, resistir e vencer.

Mas o que raio transmite aquele V do cartaz - que nem a senhora se atreve a fazer muito à vontade, note-se. O único sorriso que o cartaz me arranca é confundir por momentos esse vêzinho com o coelhinho da Playboy...

Para quem é um bocadinho "pitosga", que é o meu caso, olha-se para aquilo e... PSD V? Mas que partido é o PSD V?

Para compor o ramalhete há ainda aquela linha 808 não sei o quê... bom: mas quer dizer fale connosco, venha carpir as suas mágoas? Fale connosco, não se suicide já a seguir? Fale connosco, dê-nos ideias para a gente meter num programa inventado à pressão?

Ficámos igualmente a saber que agora, a partir de agora, é que a política vai ser feita de verdade (ahhhh). Uma mensagem credível, sem dúvida... vou já dormir muito mais tranquilo!

Finalmente, o c(h)erne da mensagem: "Não desista...". Essa é a parte que me lembro. Soa-me vagamente a "Não há dinheiro", ou talvez a "Não podemos", ou ainda simplesmente a "Não"...

O cartaz parece saído de uma produção "série B", pior do que muitos feitos por amadores em concurso para as eleições da Associação de Estudantes. Uma produção baratinha, de má qualidade e a pensar em pequenino, muito pequenino, bem à imagem dos donos do costume.

Será aquilo em que a senhora quer tranformar este país?

Porque "tristezas não pagam dívidas" fica a tal letra brasileira, escrita em tempos de hiper-inflação, e mesmo assim irónica, espirituosa e bem ritmada.

Isto sim, era inspirar:

Meu Deus mas para que tanto dinheiro / Dinheiro só pra gastar
Que saudade tenho do tempo de outrora / Que vida que eu levo agora
Já me sinto esgotado / E cansado de penar, meu Deus /Sem haver solução
De que me serve um saco cheio de dinheiro /Pra comprar um quilo de feijão

Ai, ai, meu Deus:Meu Deus mas para que tanto dinheiro?
Dinheiro só pra gastar...






segunda-feira, 4 de maio de 2009

O Homem das Informações

Marcelo Rebelo de Sousa, o professor, tem acesso a informações fora de alcance ao comum dos mortais. E gosta de o exibir, pelos vistos, como se viu no anúncio antes de tempo confirmando que o primeiro caso de gripe tipo A em Portugal teria sido causado pelo vírus H1N1.

Ultrapassou as suas competências e colocou em risco a gestão de informação a cargo da Saúde? Assustou mais umas dezenas de milhares de portugueses sem qualquer necessidade? Que importa? O que é a vida sem surpresas? E a tv sem Marcelo?

Se tiver parecido mais esperto e conseguido mais uns segunditos de tempo de antena já não se perdeu tudo.

Para ele não há segredos. "Parece que é bruxo", diria alguém.

Mas não, foi apenas Marcelo no seu pior.

A Ideia é Minha, Pá!

O Sr. Rangel teve ontem uma boa ideia (laudas, que já era tempo!): fazer força no sentido de implementação de um Programa Europeu do tipo do Erasmus, mas para jovens profissionais em vez de estudantes.

No entanto, quando o Sr. Horta veio a terreiro afirmar que a AICEP já dispunha de programa semelhante, o que é verdade (embora ninguém saiba como e se funciona), aqui D'El Rey! O Sr. Rangel irritou-se!

...Que a ideia era minha!...Irra!...E coiso e tal...E vai daí está a insultar o Sr. Horta desnecessariamente.

A reacção do Sr. Rangel pareceu-me, bom... um pouco exagerada, para ser brando. Reacção insegura, no mínimo.

E era evitável, porque a gente percebe o alcance da ideia sem que seja necessário berrar...

Só se irrita assim quem tem uma ideia a cada cinco anos, mais coisa menos coisa... o que certamente não será o caso do Sr. Rangel.

Sampaio, o Conciliador?

O ex-presidente Jorge Sampaio, sem o jeito conciliador de Obama, pretendeu em recente entrevista recuperar a hipótese do "Bloco Central" (Sebastianistas, nós...? Só contaram p'ra você...).

No fundo, sente-se em Sampaio uma certa crise existêncial, que talvez sempre tenha existido, bem vistas as coisas.

A hipótese não é viável - interesses inconciliáveis - e mesmo a história já provou tratar-se de uma solução instável.

Para quê tão vã sugestão...? Mistérios da "fé"...

O Coro da Baixa Salarial

Hoje, mais vozes se vieram juntar ao coro da baixa de salários (João Salgueiro e António Borges).

Mas também hoje, um Nobel de peso - Krugman - escrevia sobre o assunto. Eis excertos da sua crónica no New York Times intitulada "Falling Wages Syndrome", numa minha tradução livre:

"Quaisquer que sejam as circunstâncias, a queda de salários revela economias doentes. E são um sintoma que pode tornar as economias ainda mais doentes."

"Quando um número suficiente de trabalhadores aceitar reduções de salário para manter os seus postos de trabalho, o resultado será ainda mais desemprego."

Porquê? Porque se todos aceitarem reduções de salários através das economias nacionais e internacionais, as vantagens competitivas desaparecem rapidamente (para não falar do consumo agregado).

O exemplo é dado pelo que aconteceu na economia Japonesa entre 1997 e 2003, um assunto em que Krugman é dos maiores estudiosos mundiais.