segunda-feira, 11 de maio de 2009

Não desista! Continue a mandar postais!

O mais recente cartaz da senhora é um manancial! Já muito foi dito sobre o assunto, e não me dá prazer "sovar mortos"...

Contudo, temos ali uma verdadeira caixa de Pandora, sobretudo no que toca a revelar a psique daquela clique.

Primeiro o fundo: cinzento, ou azul-cinzento, quiçá cor-de-burro-quando-foge, cor das nuvens pesadas, cor de abafo, presságio de tempestade e mau agouro.

Depois, a expressão facial... já ninguém espera que a senhora sorria mas caramba, será que não nos podemos rir nós um pouco da crise enquanto não passa? Não será o humor, ou pelo menos a demonstração de um mínimo do seu sentido, um antídoto eficaz contra depressões colectivas?

Será que precisamos de aceitar um ambiente popular ainda mais derrotista, auto-flagelatório e super-pessimista?

Lembram-se daquela canção brasileira escrita em tempos de muito aperto que grassava assim logo a entrar "Meu Deus, mas para quê tanto dinheiro? / Dinheiro só p'ra gastar". Pois é: uma das coisas absolutamente necessárias no nosso país é essa espécie de optimismo fundamental, de que a senhora tem um défice crónico provavelmente incurável.

A forma de um simples sorriso é muito importante. Atente-se em La Gioconda.

Já no cartaz da senhora temos que gramar "sorriso 33", nitidamente amarelo e sem qualquer promessa do mínimo encanto ou futuro digno de nota. É todo um outro universo de "Mona Lisa".

Não sei o que será de mim se um engarrafamento na segunda circular me prende ao pé de um dos ditos...

Churchill nos seus dias mais difíceis, nos tempos do Blitz, sabia transmitir optimismo indomável, ainda que confrontado com o terrível abismo da derrota total iminente. O seu V premonitório era de esperança de aço feita de vontade pura de lutar, resistir e vencer.

Mas o que raio transmite aquele V do cartaz - que nem a senhora se atreve a fazer muito à vontade, note-se. O único sorriso que o cartaz me arranca é confundir por momentos esse vêzinho com o coelhinho da Playboy...

Para quem é um bocadinho "pitosga", que é o meu caso, olha-se para aquilo e... PSD V? Mas que partido é o PSD V?

Para compor o ramalhete há ainda aquela linha 808 não sei o quê... bom: mas quer dizer fale connosco, venha carpir as suas mágoas? Fale connosco, não se suicide já a seguir? Fale connosco, dê-nos ideias para a gente meter num programa inventado à pressão?

Ficámos igualmente a saber que agora, a partir de agora, é que a política vai ser feita de verdade (ahhhh). Uma mensagem credível, sem dúvida... vou já dormir muito mais tranquilo!

Finalmente, o c(h)erne da mensagem: "Não desista...". Essa é a parte que me lembro. Soa-me vagamente a "Não há dinheiro", ou talvez a "Não podemos", ou ainda simplesmente a "Não"...

O cartaz parece saído de uma produção "série B", pior do que muitos feitos por amadores em concurso para as eleições da Associação de Estudantes. Uma produção baratinha, de má qualidade e a pensar em pequenino, muito pequenino, bem à imagem dos donos do costume.

Será aquilo em que a senhora quer tranformar este país?

Porque "tristezas não pagam dívidas" fica a tal letra brasileira, escrita em tempos de hiper-inflação, e mesmo assim irónica, espirituosa e bem ritmada.

Isto sim, era inspirar:

Meu Deus mas para que tanto dinheiro / Dinheiro só pra gastar
Que saudade tenho do tempo de outrora / Que vida que eu levo agora
Já me sinto esgotado / E cansado de penar, meu Deus /Sem haver solução
De que me serve um saco cheio de dinheiro /Pra comprar um quilo de feijão

Ai, ai, meu Deus:Meu Deus mas para que tanto dinheiro?
Dinheiro só pra gastar...






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