Uma crítica frequente da direita populista relaciona-se com o famoso "monstro", i.e. o Estado, cuja despesa frequentemente se diz, à boca cheia, ser pelo menos de 50% do PIB.
Não é verdade.
Nos últimos nove anos, a despesa pública nunca foi além dos 47,7% (em 2005), e todas as componentes (entre custos de pessoal, juros, trasferências para as famílias e investimento) têm descido em percentagem do PIB excepto as transferências para as famílias (que crescem continuamente desde 1999). Temos assim, muito simplesmente, um Estado mais assistencialista do que há dez anos atrás.
Despesa Pública em função do PIB:
1999 : 43,2%
2000: 43,2%
2001: 44,4%
2002: 44,2%
2003: 45,4%
2004: 46,5%
2005: 47,7%
2006: 46,3%
2007: 45,7%
2008: 45,9%
Transferências para as famílias:
1999: 13,1%
2000: 13,5%
2001: 13,9%
2002: 14,6%
2003: 17,0%
2004: 17,6%
2005: 18,5%
2006: 18,8%
2007: 19,2%
2008: 19,9%
Esta é a verdadeira razão pela qual a mesma direita populista se esforça tanto por atacar pequenas conquistas sociais como o RSI.
Mas há mais: o peso do total das despesas públicas nacional do PIB é de 45,8%; a média da zona Euro situa-se nos 46,7%. Nada de extraordinariamente despesista impende sobre Portugal, ainda que a eficiência dos serviços e administração pública esteja provavelmente na cauda da zona Euro (a eficiência é portanto o ponto a cuidar, e não propriamente a "anormalidade" da despesa em si mesma).
Os dados são de Egas Salgeiro (U.Aveiro).
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