domingo, 26 de abril de 2009

"Nós Não Podemos..."




Que me lembre, e já tenho alguns anos, não me recordo da mais pequena aleta de motivação, mobilização positiva, optimismo, nas mensagens dos sucessivos líderes (e lideranças) dos "sociais-democratas".

Das poucas vezes que ensaiam mensagens mais positivas, mais por necessidade do que entusiasmo, é inconfundível o cheiro a engodo e a sonoridade a falsete.

As excepções terão sido, talvez, o sentimento emanante do primeiro mandato de Cavaco (mesmo assim à boleia da entrada do país na CEE) e do mandato de Sá Carneiro (embora aí estejamos a falar de um partido que infelizmente já não existe).

A descrença, a desistência, o cansaço, o desespero, o pessimismo têm sido as suas notas dominantes desde essas duas épocas excepcionais.

E o climax é a fruta da época, por assim dizer: nada propõe de concreto quanto às grandes opções, tudo tem vontade de corroer. Parece que o simples facto de outros tentarem, ainda que por vezes não sejam bem sucedidos, lhe faz impressão.

Psicologicamente falando, talvez faça sentido. A negação é a marca clara da decadência política. A liderança actual desse partido tem as suas fundações recentes no Cavaquismo, mas parece orfã de qualquer visão maior da Nação, ou da Política, digna desse nome.
Parece uma liderança tão pouco profunda, em termos conceptuais, intelectuais e mesmo humanos que qualquer coisa a encalha facilmente. Pressente-se que navega sempre à vista, faça chuva ou sol.
Vai atrás daquilo que "pertence", não daquilo que deve ser.

Ter um dia tido acesso aos poderes, e mantê-lo, ainda que pela ocasional via populista, parece ser tudo aquilo por que se interessa.

Alguns dos seus seguidores revêem-se quiçá no largo de Santa Comba, e pelo andamento da coisa, pode ser que lá venham a caber todos juntos em breve.

É ainda uma pequena clique, discretamente filiada num revisionismo nunca publicamente assumido, que manda naquela coisa política. Uma clique velha, cheia de rugas corticais, com pouco futuro democrático e sem ideias dignas desse nome. Tudo o que tinha para vender foi-se resumindo à reputação e imagem que, não sendo dois activos pouco importantes, sabem hoje a muito pouco para enfrentar estes tempos. É quase sempre o problema com as aparências.

Durão desbaratou o valor do lealdade e da missão, ao rumar a outras paragens, Santana desbaratou os valores da sensatez, da humildade e teve o azar de não ter sido eleito, Manuela desbaratou o valor do equilíbrio orçamental (não soube reduzir o défice), da credibilidade (receitas extraordinárias não são redução da despesa) e da esperança num futuro melhor do português médio, trabalhador e pai de filhos (muita gente, portanto).

Seja do que for que se fale, seja o que for que se proponha, o sentimento emanado parece ser sempre o mesmo: do tipo "Nós não podemos!", para dar uma versão mais curta do "Não há dinheiro para nada!".
A alternativa, a visão? Bom... não sei, talvez uma nação à imagem de uma Santa Comba qualquer.

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