terça-feira, 28 de abril de 2009

Até no Wall Street Journal, senhores...

Sobre os cortes nos salários:

http://online.wsj.com/article/SB123975529036019055.html

Was ist das?

http://www.youtube.com/watch?v=K34F0d601tk

A Entrevista...Estilo Português Suave

Não percebo como é que se entrevista um PM em funções em jeito de interrogatório (como me pareceu fazer certo canal), ao mesmo tempo que se entrevista em jeito de amena cavaqueira, sem perguntas difíceis, os seus adversários mais directos.

Não deve qualquer candidato a PM ser escrutinado de forma completa? Ou será que a cada PM que temos devemos esperar que só o próximo venha a ser digno do cargo?

Interpretei a muito pouco profunda entrevista recente desse canal à senhora como quase Sebastianismo, senão mesmo como favor político.

Não houve uma única pergunta mais séria e directa, ou mais desafiante, sobre a agenda que se propõe a eleições no campo da Educação, da Justiça, da Saúde ou da Segurança Social.

Fiquei a perceber o mesmo. E nessa, não me levam.

As Boas Escolas B Produzem Maus Gestores?

A euforia - e negócio - das Business Schools havia de ter os seus dias contados até algum dia. Diz o ditado que "podem enganar-se todas as pessoas durante algum o tempo, mas não algumas pessoas durante o tempo todo".

Pelo número de manuais de parvoíces chapadas sem qualquer fundamento objectivo publicadas a torto e a direito por muitos "gurus" (com títulos que sempre me fizeram lembrar um pouco aqueles papelinhos da Astróloga Zinaida, não sei porquê); com doutos professores PhD sem qualquer experiência prática de gestão (o que é feito do learning by doing no vosso caso, hein?), era de esperar.

Boa parte dos gestores das piores falências destes tempos são MBAs. Pagaram a ascenção recta bem paga para ganhar o bolo depressa sem passar pela prisão nem pela casa da partida, através de um (tanto falso) prestígio académico. Nada mais, e nada pior.

Mas não há Céu sem purgatório, meus amigos... O resultado está à vista.

As excepções existem porém, e sairão a ganhar destes tempos conturbados. Um exemplo provável é a Toyota, que dedicou anos de paciente desenvolvimento aos híbridos e a carros fiáveis de baixo consumo em geral, e os começou a vender andava ainda a GM a produzir febrilmente camiões familiares (vulgo SUV, Sports Utility Vehicles), porque era fashion (o curto prazo: deu asneira).

Em 70 anos, a Toyota passou de uma pequena empresa num país periférico e mal visto (os produtos Japoneses foram durante muitos anos denegridos nos EUA, como o são hoje os produtos Chineses) ao maior gigante mundial automóvel, um ramo duríssimo onde a competição é mesmo a sério e verdadeiramente global (nada que se compare minimamente com o que enfrentam sequer - ou sobretudo - as maiores empresas nacionais, algumas quase-monopolistas).

Pelo caminho, a Toyota derrubou a GM, sem qualquer acto de hostilidade para além do mero bom senso e boa gestão. A GM, uma das jóias da coroa americana ficará agora reduzida a pouco mais do que uma sombra, muito devido a iluminados fashion de ocasião, saídos de uma "B School" qualquer.

Resultado de anos de mentalidade de resultados fáceis, uma festa de que muitas Escolas "B" têm sido grandes anfitriãs.

Accionistas Fortis

Hoje, numa assembleia geral do Fortis, 2.300 accionistas passaram-se dos carretos e decidiram atirar sapatos contra a mesa da sua Administração.

"Se querem o respeito dos accionistas aceitem o nosso voto", terá dito Mikael Modrikamen ao CA Fortis.

É um sinal dos tempos...

Será...Hum...da Gestão?

Num bom artigo publicado no JN, Avelino de Jesus coloca a nu a veia de propostas um tanto estranhas - mas com eco - da redução dos salários para (pasme-se) combater a crise estrutural portuguesa.

É verdade que sem moeda própria os ajustes terão de se dar de alguma forma, provavelmente mais diluídos no tempo, mas será que a produtividade portuguesa é assim tão inferior à dos outros? É que a produtividade de alguns dos países com quem nos andámos a comparar esteve profundamente afectada por produtividade "virtual" no sector financeiro.

Será que a produtividade da Europa - a da economia real - é assim tão mais baixa do que a dos EUA como apregoavam os neo-liberais ainda até há bem pouco tempo como razão que justificasse uma adesão plena da Europa ao modelo americano?

E se o país se tem de ajustar, será que esse ajuste implica necessariamente um ciclo vicioso recessivo baseado em mais diferenças sociais e mais miséria? Quem vai vender o quê nessa economia? Quem vai comprar e como?

Mesmo sem fazer estas questões Avelino de Jesus coloca bem o dedo na ferida. Ficam apenas algumas passagens do seu artigo:

"Esta é uma ideia socialmente injusta mas, sobretudo, é uma proposta economicamente absurda."

"O custo médio da hora de trabalho é em Portugal de €11/hora, contra €22,4 em média na Europa. Por sua vez, a produtividade aparente do trabalho é $27,3/hora em Portugal e $43,3 entre os nossos parceiros europeus. A produtividade representa 63% do nível médio europeu enquanto o custo do trabalho atinge apenas 49% da média da Europa; É certo que o salário médio por hora cresceu em Portugal 52,7% desde 1996, contra 38,3% na UE a 15. No entanto, este movimento deveu-se, sobretudo, ao processo de convergência de preços e não representa um verdadeiro aumento de salários reais"

E portanto:

"As causas da baixa produtividade não residem nos salários, mas nas componentes não salariais dos custos de produção e na qualidade da gestão"

"Os salários baixos são uma das causas profundas da baixa produtividade e não o contrário"


"A produtividade aparente do trabalho resulta mais da organização e opções empresariais do que da habilidade intrínseca do trabalhador. A produtividade é, acima de tudo, um problema da gestão"

Um documentário que vi há algum tempo sobre o Palácio da Vila de Sintra (estrangeiro), começava precisamente por retratar que tinha sido também pela ambição e pela inventividade comercial - e pelo respeito à Ciência - que os portugueses tinham outrora sido a maior potência mundial.

Uma provável causa da degradação e decadência do Império ao longo dos séculos após o apogeu da nação, relacionar-se-ia, na tese do documentário, com o facto de termos tido quase sempre péssimos administradores, uma regra que as poucas excepções históricas não foram suficientes para alterar o curso da história.

Ainda hoja, a gestão Lusa continua sobretudo a contar com expedientes e variantes pós-modernas da "árvore das patacas", sem muito respeito pelo longo prazo, e ainda menos pela inovação séria de base, quanto mais visões estratégicas coerentes e sustentáveis.

Não queria ser pessimista, mas sinto o mesmo que o articulista em apreço do JN:

"Infelizmente, sendo demasiados os que pensam e agem apoiando-se no diagnóstico errado, poderão aproximar-se ainda piores tempos para os salários e a produtividade em Portugal."

E o pior é que dos economistas que defendem esta opção algo tola, provavelmente nenhum se apoia em dados comparativos fiáveis e que resistam a uma análise mais séria e profunda.

O problema pode ser a falta de formação científica, mas pode também ser de pura e simples cegueira ideológica a la Greenspan, o desregulador-mor.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Duas Boas Notícias (Quase)

Pois é, parece que a AICEP decidiu dar uso alargado às suas delegações internacionais permitindo que passem a integrar Registos Comerciais e Prediais.

Ao mesmo tempo, um Acordão do Supremo Tribunal ontem libertado dá conta de que a imposição de um limite máximo nas pensões não é incostitucional (uma medida aprovada pelo Governo em 2006).

O S. Tribunal afirma que a norma "se encontra justificada pela necessidade de salvaguardar interesses constitucionalmente protegidos que devem considerar-se prevalecentes".

Mais 50 Milhões de Pobres

O Banco Mundial e o FMI estimam em pelo menos mais 50 milhões de pessoas abaixo do limiar de pobreza o preço actual da crise. É o equivalente a toda a população espanhola e portuguesa junta a ir parar abaixo da ponte.

Os objectivos de redução da pobreza até 2015 - desde sempre irreais face à prática das coisas mundanas - foram completamente pelos ares, tal como o retrocesso das pandemias, da mortalidade infantil, do analfabetismo, a igualdade de género, a melhoria da saúde pública e talvez mesmo a protecção do ambiente.

Em contrapartida, e citando directamente a Lusa:

"Os chefes de Estado e de Governo do G20, que agrupa os países mais industrializados e os emergentes, comprometeram-se, no passado 2 de Abril em Londres, a aumentar os recursos das instituições financeiras internacionais em mais de 1.100 milhões de dólares, para fazer face aos efeitos da crise económica."

Para além das disparidades absurdas de rendimentos que o hiper-capitalismo insustentável produziu desde os anos 90, agora temos um efeito de descontinuidade total, que atira com mais 50 milhões para a pobreza (talvez mais, lembremo-nos de que a previsão vem de duas instituições quase sempre conservadoras).

Agradeça-se em especial ao Sr. Reagan, à Sra. Tatcher, aos Bush e a Greenspan. Ora aí têm a "Liberdade" que eles vendiam, em versão Cabriolet e agora...sem rodas.

E se pensam que estamos no limiar de um mundo mais equilibrado, pensem de novo: ainda há pouco o Sunday Times publicava que, por causa das ténues esperanças de retoma, os prémios em Wall Street tinham voltado ao patamar de 2007. Os mesmos prémios que incentivaram a tomada de riscos catastróficos estão de volta!

Oficiais Americanos Questionaram Tortura


O Washington Post noticiou no dia 24 de Abril passado que a mesma agência governamental encarregue de desenvolver as práticas mais "duras" de interrogatório, alertou para a frequente falta de qualidade de informação extraida sob práticas coercivas (incluindo a tortura).

O relatório foi entregue ao Pentágono em 2002 e já nessa altura alertava que as práticas de tortura podem produzir "informação falsa" ("unreliable information", para ser exacto).

As proibições legais ao uso de tortura a nível nacional e internacional derivam de um consenso alargado em como a tortura e os maus tratos são não só imorais como não produzem os resultados pretendidos:

http://www.amnesty.org/en/library/info/ACT40/014/2005/en

domingo, 26 de abril de 2009

"Nós Não Podemos..."




Que me lembre, e já tenho alguns anos, não me recordo da mais pequena aleta de motivação, mobilização positiva, optimismo, nas mensagens dos sucessivos líderes (e lideranças) dos "sociais-democratas".

Das poucas vezes que ensaiam mensagens mais positivas, mais por necessidade do que entusiasmo, é inconfundível o cheiro a engodo e a sonoridade a falsete.

As excepções terão sido, talvez, o sentimento emanante do primeiro mandato de Cavaco (mesmo assim à boleia da entrada do país na CEE) e do mandato de Sá Carneiro (embora aí estejamos a falar de um partido que infelizmente já não existe).

A descrença, a desistência, o cansaço, o desespero, o pessimismo têm sido as suas notas dominantes desde essas duas épocas excepcionais.

E o climax é a fruta da época, por assim dizer: nada propõe de concreto quanto às grandes opções, tudo tem vontade de corroer. Parece que o simples facto de outros tentarem, ainda que por vezes não sejam bem sucedidos, lhe faz impressão.

Psicologicamente falando, talvez faça sentido. A negação é a marca clara da decadência política. A liderança actual desse partido tem as suas fundações recentes no Cavaquismo, mas parece orfã de qualquer visão maior da Nação, ou da Política, digna desse nome.
Parece uma liderança tão pouco profunda, em termos conceptuais, intelectuais e mesmo humanos que qualquer coisa a encalha facilmente. Pressente-se que navega sempre à vista, faça chuva ou sol.
Vai atrás daquilo que "pertence", não daquilo que deve ser.

Ter um dia tido acesso aos poderes, e mantê-lo, ainda que pela ocasional via populista, parece ser tudo aquilo por que se interessa.

Alguns dos seus seguidores revêem-se quiçá no largo de Santa Comba, e pelo andamento da coisa, pode ser que lá venham a caber todos juntos em breve.

É ainda uma pequena clique, discretamente filiada num revisionismo nunca publicamente assumido, que manda naquela coisa política. Uma clique velha, cheia de rugas corticais, com pouco futuro democrático e sem ideias dignas desse nome. Tudo o que tinha para vender foi-se resumindo à reputação e imagem que, não sendo dois activos pouco importantes, sabem hoje a muito pouco para enfrentar estes tempos. É quase sempre o problema com as aparências.

Durão desbaratou o valor do lealdade e da missão, ao rumar a outras paragens, Santana desbaratou os valores da sensatez, da humildade e teve o azar de não ter sido eleito, Manuela desbaratou o valor do equilíbrio orçamental (não soube reduzir o défice), da credibilidade (receitas extraordinárias não são redução da despesa) e da esperança num futuro melhor do português médio, trabalhador e pai de filhos (muita gente, portanto).

Seja do que for que se fale, seja o que for que se proponha, o sentimento emanado parece ser sempre o mesmo: do tipo "Nós não podemos!", para dar uma versão mais curta do "Não há dinheiro para nada!".
A alternativa, a visão? Bom... não sei, talvez uma nação à imagem de uma Santa Comba qualquer.

Eureka!

No meio das telenovelas, superficialidades pagas e campanhas de intenções, em que se tornaram os media portugueses, é bom ver quem, de vez em quando, diga algumas verdades.

Fica o link para um recente texto de Helena Garrido, que vale a pena ler:

http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS_OPINION&id=364200

Excerto:

"A investigação académica sobre a crise económica portuguesa é... um silêncio aterrador.

Todos "achamos" muitas coisas, alguns emitem opiniões apenas porque simpatizam mais com as teses de uns do que de outros e há ainda aqueles que apenas contradizem. Mas o saber baseado em trabalho que suscite reflexão e debate não há.

A ausência de análise disciplinada pelo método científico justifica, em parte, o protagonismo das personalidades políticas e partidárias.

Dizemos que há uma crise portuguesa além da internacional. Em que baseamos essa afirmação? Basicamente, no reduzidíssimo aumento da produtividade, praticamente desde a crise de 1993. Mas, em Espanha, a situação ainda foi pior. A economia espanhola só teve os crescimentos passados devido ao aumento do emprego.

Por que aumentou tão pouco a produtividade? Que sectores têm condições para uma subida da produtividade? Respostas que poderiam dar importantes pistas para as escolhas das medidas adequadas para moderar a crise e garantir a retoma.

O Presidente da República, no controverso discurso de sexta-feira passada, alertou para o perigo de se estar a combater esta crise com medidas que vão criar dificuldades quando chegar a retoma internacional.

Os economistas [portugueses...], em geral, estão convencidos de que todas as actuações que aumentem o endividamento, especialmente do Estado, vão condicionar a recuperação. Mas será assim?

Por que é que a Irlanda, com uma dívida pública tão baixa, um excedente orçamental e um sucesso tão elogiado, entrou basicamente em colapso? O que justifica que Portugal esteja em melhor situação - no julgamento dos mercados - que a Irlanda e a Grécia?"

Agravamento das Diferenças Salariais

por Catarina Almeida Pereira, in Diário de Notícias

"Globalmente, os operários ganham quatro vezes menos do que os directores de empresas, e estão a afastar-se da média.

A remuneração recebida pelos profissionais com mais baixos salários está a afastar-se cada vez mais da média. Os últimos dados do Inquérito aos Ganhos, do Ministério do Trabalho, mostram que os dirigentes têm tido, ao longo dos últimos cinco anos, aumentos mais generosos do que quem está no nível profissional mais baixo.

O ganho médio dos cerca de 940 mil operários - grupo que inclui trabalhadores da construção civil, mecânicos, artesãos, operadores de máquinas, condutores de veículos e pessoal não qualificado do comércio e serviços, por exemplo - ascendia, em Abril de 2008, a 784 euros, o que representa 73,8% do valor correspondente à generalidade dos trabalhadores. Esta proporção caiu desde Abril de 2003, altura em que o ganho médio deste nível profissional representava 76% da média.

Corresponde a aproximadamente um quarto do que recebem os chamados directores de empresas, que no ano passado auferiam, em termos médios, 3136 euros por mês. Em causa estão, neste grupo, 95 mil pessoas, segundo dados solicitados ao Gabinete de Estratégia e Planeamento (GEP), responsável pelos inquéritos. A diferença entre os extremos revela um ligeiro agravamento: enquanto em 2003 os operários ganhavam 25,3% do que era pago aos dirigentes (valor que sobe para 26,3% no ano seguinte), em 2008 a proporção não supera os 25%.

"O posicionamento relativo do operário, do ponto de vista de uma evolução salarial acumulada ao longo dos anos recentes, tem-se degradado ligeiramente", conclui também o próprio GEP, no último boletim oficial sobre o tema. O gabinete estatístico reconhece ainda que os dados relativos aos dirigentes poderão estar subvalorizados. "O pagamento de géneros, sendo conceptualmente parte integrante do ganho, tende a ser subavaliado ou simplesmente omitido por parte dos estabelecimentos. Ora, o pagamento em géneros assume precisamente no ganho dos dirigentes uma assinalável relevância", escrevem os economistas do GEP.

As conclusões são idênticas se em vez do ganho - que inclui horas extraordinárias e prémios regulares - for analisada a evolução do salário-base. E se em vez de cinco anos se considerar apenas o último. Entre 2007 e 2008, os dirigentes tiveram o maior aumento anual (5,7%), enquanto os operários tiveram o mais baixo (3%).

Estes dados, que se baseiam numa média, não permitem concluir que há um aumento generalizado das disparidades salariais. Mostram, contudo, que a desvalorização está em determinadas profissões.

Além das duas categorias já referidas, o GEP considera ainda o grupo intermédio de empregados. São mais de 1,6 milhões de pessoas - que vão desde os economistas e engenheiros aos vendedores - que, globalmente, conseguiram, nestes cinco anos, aumentos acima da média.

Fenómeno semelhante verificou-se com os aprendizes, que estão abaixo dos operários. Ao DN, responsáveis do GEP desvalorizam, contudo, o peso deste último grupo, composto por profissionais em fase de transição - como os estagiários."

A Direita, o 25, e o Ressabiamento

Um dos poucos discursos que tive o azar de ouvir, de uma deputada popular portuguesa, acerca do 25, versava a certa altura sobre as ignomínias e abusos do PREC e as suas nacionalizações.

Já correu sobre isso (as nacionalizações) tinta que chegue e poucos se orgulharão da forma como algumas se passaram, de facto.

No entanto, a senhora deputada, querendo não sei bem o quê, talvez procurando o famigerado revisionismo histórico à moda de Santa Comba, aludia ao cenário hipotético-utópico de um 25 que nunca ocorreu, desejando que tudo se tivesse passado sem os referidos abusos, vide as nacionalizações e saneamentos arbitrários.

Passados 35 anos desse dia 25, como é possível que alguém troque o dia que nos devolveu ao processo democrático por um cenário de "transição pacífica"?

Minha senhora, acaso o Estado Novo não teve tempo suficiente para meditar sobre essa alegada "transição pacífica" desde 1945? Teve todo o tempo, poder e oportunidade para o fazer... a verdade é que nunca desejou tal transição.

Por aí se deve julgar a fedorenta incompetência e podridão desse Estado Novo pós-1945: pela incapacidade e relutância de devolver o país à democracia.

Mas é claro que, tal como diz o ditado, "pimenta no cu dos outros, é açucar!".

Um partido que usufrui da democracia sem compreender isto, parece um tanto patético.

PS - Minha senhora, se conhecer na história do mundo alguma revolução sem abusos, informe, sff. Até ver, e para mim, vossa senhoria ficará na classe do "quem cala consente", até que se redima e vença essa espécie de complexo de Édipo.

750 milhões?... Oh...deixem lá, afinal já não é preciso !!!...

Depois de meses a urrar de mão estendida e a pedinchar indecentemente aos contribuintes, eis que o hedonismo sem vergonha de alguns executivos MBAs vem ainda mais ao de cima:

Para que a memória se não me leve esta "delícia", que fique registado que foi a 20 de Abril de 2009, na passada segunda-feira, que o Washington Post noticiava que os executivos de topo da Chrysler não queriam afinal a linha de auxílio de 750 milhões de dólares.

A razão? Simples: Obama estipulou recentemente que os executivos de todas as empresas que recorressem a linhas de apoio públicas veriam os seus prémios taxados em 90%.

Et voilá: a hipocrisia, ou puro egoísmo, destes "gestores" veio logo ao de cima!

Meus amigos das escolas "B": espero que façam disto um Case Study à séria (se tiverem tomates e uma réstia de apreço pela ética e pelo dever dos negócios, que se têm esquecido de ensinar...).

A Hora da Verdade II

A ler, o artigo de Paul Krugman sobre a tortura.

http://www.nytimes.com/2009/04/24/opinion/24krugman.html?ref=opinion

Aqui fica uma tradução livre de um prequeno excerto:

(...)
Algumas pessoas nos meios políticos e nos media fizeram eco da sua posição [de Obama]. De que precisamos de olhar para a frente, não para trás, dizem eles. Nada de acusações criminais, se fazem favor; nada de investigações; nós estamos muito ocupados.

Há de facto imensos desafios por aí fora: a crise económica, a crise no sistema de saúde, a crise ambiental.

Não será revisitar os abusos dos últimos oito anos, não importa quão maus tenham sido, um luxo a que não nos podemos dar?

Não, não é um luxo, porque a América é mais do que uma colecção de políticas. Nós somos, ou pelo menos costumávamos ser, uma nação de ideais morais."

A Hora da Verdade

A semana passada uma organização de direitos humanos e outras organizações lançaram um apelo à Administração Obama para que estabelecesse uma comissão de inquérito para examinar e publicar o uso da tortura resultante de políticas avalizadas pela ex-Administração Bush desde Setembro de 2001.

Assine a petição se lhe interessa, e divulgue-a:

http://commissiononaccountability.org/

Inglaterra: O Preço da Fantasia Neo-liberal

As mais recentes estimativas do Tesouro de Inglaterra prevêem uma contração económica de 3,5% no produto, a prolongar-se por 2010 adentro.

O chanceler Alistair Darling viu-se constrangido a subir os impostos sobre o rendimento para 50% e a acrescentar taxas ao consumo de combustível, alcóol e tabaco (e isto, perto de um período eleitoral, fala por si).

A dívida pública Inglesa vai atingir ou ultrapassar 80% em 2013/14... e o salvamento da Banca Inglesa já vai num montante que supera em valor o produto de toda a economia.

Suponho que seja nesta altura que os Ingleses terão o secreto arrependimento de não terem nascido Franceses.

Tornaram-se em mais um produto do pensamento obcessivo, maniqueísta, outrora "pensamento único", de "tudo o que é privado e desregulado é bom, tudo o que é público é sempre mau"...

Um pensamento de "monarcas degenerados", indigentes políticos fora de século, gente obcecada e triste, que no seu íntimo pensa que lançar impostos públicos seja sempre equivalente a roubar (a excepção não faz a regra); mas lançar tributos feudais seja muito mais aceitável, sobretudo quando reverte a favor dos próprios...

O que são certos pseudo-monopólios senão isso?...

Falso Pudor?

Um homem que ligue demasiado às aparências, como parece ser o caso de um certo ex-presidente de um banco, tem sempre que se mostrar ofendido perante a mínima acusação, ainda que esta possa não ser mais que a verdade.

Assim se explica que tenha decidido processar uma das entidades reguladoras, ou o seu responsável, por este ter afirmado recentemente coisas menos agradáveis.


Mais uma "virgem" ofendida...?
Ou mais um homem no comando que não sabia de nada?

Do JN/Lusa:

"Tudo indicia que a partir de certo momento as estratégias de venda do BPP eram equivalentes a um esquema piramidal", considerou Luís Miguel Henrique, depois do presidente da Comissão do Mercados de Valores Mobiliários (CMVM) ter dito no Parlamento que no BPP "há situações semelhantes ao caso Madoff".

Viva 25

Não partilho - seria difícil e não o desejo - de toda aquela bagagem político-emocional do Baptista Bastos - portanto do seu ideário - já para não falar da sua imensa, inigualável, profundidade de reflexão. Mas trata-se de um homem livre (como há poucos), que não tem medo de fazer perguntas, o que ainda é mais raro.

Eis algumas frases certeiras de um artigo recente no JN:

"Esta gente que nos governa nada tem a ver com o 25 de Abril, nem, sequer, com o espírito da Revolução. Repare-se que o dr. Cavaco recusa colocar, na lapela, o modesto cravo que foi o símbolo de um sonho e o sinal de uma esperança - que esteve mesmo ali, à mão de semear. Mas o dr. Cavaco entende que o cravo é um sinistro emblema ideológico, admitindo que nada tem a ver com isso. Isso - é o 25 de Abril. Pessoalmente, não me choca a decisão do dr. Cavaco: foi um desses homens que jamais associou o seu nome às batalhas pela liberdade, limitando-se a aprender inglês, na serenidade bucólica de York. Porém, o cravo, como insígnia do "dia inicial, inteiro e limpo" [Sophia de Mello Breyner] não é de Esquerda nem de Direita. Alguém tem ensinado mal o dr. Cavaco."

(...)

Olhamos a galeria de gente que ascendeu ao poder (aos poderes, para ser mais exacto) e, ao fazermos uma triagem, registamos que poucos são aqueles que nos representaram, que nos defenderam, que prestigiaram o "dia inicial." Os mais puros e desinteressados foram afastados, removidos, ignorados e, até perseguidos com feroz verdete. Pouco há do 25 de Abril, cujos trinta e cinco anos amanhã comemoramos, com negra descrença e densa infelicidade. Aprendi que as revoluções devoram os próprios filhos. Mas não me conformo, embora reconheça que pertenço a essa legião de homens e mulheres que esperou, esperou, esperou, acaso acima da realidade e da História."

Tem paciência, BB. A verdade, libertá-los-há.

sábado, 18 de abril de 2009

What comes next?

A ler:

http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2009/apr/10/financial-crisis-capitalism-socialism-alternatives

A Esfinge Presidencial

Num momento de adversidade esperar-se-ia de um presidente alguma solidariedade humana para com o crescente desemprego, o auxílio à necessária reflexão crítica sobre o modelo neo-liberal que a ele conduziu; uma participação activa, mais pragmática, na construção de uma Europa ainda perdida pelos acontecimentos.

Esperar-se-iam propostas, ideias concretas de mudança, na justiça, na educação. Isto, claro, para além dos avisos a um neo-corporacionismo que vai grassando no país (mas que não é exclusivo a uma só cor).

Esperar-se-ia coerência e mais coragem na batalha pelo reconhecimento social das irresponsabilidades e desajustes vergonhosos que alguns gestores têm produzido, e que estão agora à vista.

Esperar-se-ia o reconhecimento cabal de que o mundo mudou, sendo importante que se frisasse a necessidade mais premente de rever valores de fachada, cinismos de parcos escrúpulos que, se não causaram este descalabro Ocidental, o permitiram e lhe deram sempre o maior dos apoios, recorrendo sobretudo ao fanatismo, à destruição de carreiras, ao ataque à racionalidade, e a outras formas descaradas de desonestidade intelectual, que enganaram e visavam provavelmente continuar a enganar durante décadas centenas de milhões de pessoas.

Desejava-se que, compreendendo o sentimento da maioria do povo que representa ao mais alto nível, verbalizasse de forma clara, concreta, não só as suas preocupações como formas de fazer o futuro, em vez de apelos de Pirro a que se não baixem braços.

Esperar-se-ia consequência no discurso em vez de meras afirmações à l'air du temps... apenas porque "pertence", não vá a turba torcer o nariz.

Sobretudo, esperar-se-ia mais convição e independência definitiva de vetustos fantasmas, politicamente indigentes, civicamente analfabetos, e agora definitivamente obsoletos.

Em vez disso, temos uma presidência da fumaça, que agita apenas os fogos da conveniência de muito poucos, e não esconde a frustração de ter de obedecer a uma Constituição.


Uma presidência que procura ganhar tempo, para alguns, mas que tristemente se resigna a aderir à evidência de factos que estão à vista de todos.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A Sociedade de Direito Selectivo

A partir de amanhã entra em vigor um novo código de custas judiciais que o bastonário da ordem já veio catalogar de quase atentado. Recorrer à justiça vai ficar (ainda) mais caro, sendo que a velocidade dos processos, essa... certamente se manterá a mesma.

Há três tipos de processos em Portugal, parece: aqueles que o dinheiro e a influência resolvem, aqueles que o tempo resolve e aqueles que nem o tempo resolve.

Mais uma machadada na Democracia e no conceito civilizado de Sociedade de Direito.

Andará o Estado tão desesperado de guito que se esqueça dos princípios e direitos mais básicos consagrados na Constituição?

Já tinhamos uma Justiça socialmente enviesada. Será que a teremos ainda de suportar numa forma encapotada de serviço privado-pago-por-todos, mas só para meia dúzia?

A Neo-Realeza da Nação

Um certo programa de Contacto tem tido certamente algum mérito, pelo menos em termos conceptuais.

Porém, as condições em que ocorre, desde a selecção de pessoas à sua colocação em empresas externas, tem que se lhe diga.

Há alguns anos atrás, os estagiários ficavam com um portátil (não era barato na altura) no fim do estágio. Boa parte das pessoas escolhidas faziam duvidar da idoneidade do programa de selecção: médias de conclusão de licenciatura baixas, fraco domínio de línguas básicas e um certo bronzeado relaxado algo suspeito...

Depois acabaram-se os portáteis à borla e o número de candidatos aumentou.

Parece que recentemente, um funcionário da Aicep no Extremo Oriente terá levado a jantar estagiários a um restaurante cosmopolita, tipo 70 Euros por cabeça (uma bagatela...), para depois lhes anunciar que... seriam eles a pagar a conta!

Ao mesmo tempo, esses estagiários, alguns muito novos e sem qualquer experiência, terão sido deixados entregues a si mesmos, sem saber como ou onde alugar casa a preço justo, sem qualquer adiantamento de bolsa de estágio, sem saber o que comer e onde, ou sequer sem ter recebido qualquer formação sobre os usos e costumes locais, alguns bem diferentes dos nossos.

Parece mais uma historieta tipo "Magalhães"?

Conforta-me pensar que ao menos o tipo da Aicep deve ter jantado bem naquele tal dia com os estagiários, o pobre...

Fico estarrecido com tamanho "bom senso"... com a facilidade com que alguns funcionários de uma agência pública cuja função poderia ser vital, sobretudo nos dias que correm, caem neste tipo de ridículo.

Seria mais um dos finos "herdeiros da Coroa Real" a soldo desta pobre República ?




sábado, 11 de abril de 2009

Projecto Tejo Internacional

Contestar também é uma forma de promover quem se mexe, ora vejam, sobre o Projecto do Tejo Internacional, de cooperação trans-fronteiriça:

"Na localidade de Herrera de Alcântara (Cáceres) foi apresentado o Projecto Tajo-Tejo Internacional, que foi recentemente por POCTEP (Programa Operativo de Cooperação Transfronteiriço de Espanha-Portugal) 2007-2013, com o qual se irá desenvolver uma estratégia para reforçar os recursos naturais, culturais e históricos.

Este projecto alcançará um valor que ronda 7,5milhoes de euros (durando a sua execução aproximadamente 2 anos). As actuações vão abarcar âmbitos diversos: difusão por internet de valores e recursos do parque como destino turístico, um portal web interactivo em cinco idiomas, equipamentos de centros de informação turística, promoção de produtos de zona e actividades de lazer e tempo livres, haverá um barco que realizará recorridos passeios turísticos pelo parque e uma melhora das infra-estruturas e comunicações.

Este projecto servirá de impulso para o desenvolvimento social e económico de toda a comarca. Este projecto tem como sócios a Junta de Extremadura, através da Conselharia da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Conselharia da Industria, Energia e Meio Ambiente, Conselharia de Fomento e a Conselharia de Cultura e Turismo. Pela parte Portuguesa, são sócios os Municipios de Nisa, Marvão, Portalegre, Gavião, Castelo de Vide, Penamacor, Idanha-a-Nova, Castelo Branco e Vila Velha de Ródão. "

in aicep Portugal Global, 26 de Março de 2009

Já era tempo!

Keep your eyes wide open!

"1. Inovcapital entrou na Altitude Software. Dedicada mais a ajudar 'start-up', a capital de risco Inovcapital também apoia pequenas e médias empresas em risco. Para empurrar o negócio das empresas, a Inovcapital ajudou a tecnológica Altitude Software entre 2003 e 2008. A participação de 11,5% foi vendida no ano passado por 2,9 milhões de euros à sociedade Olmea, outro fundo de investimento. Com esta operação, a Inovcaptial ganhou 1,9 milhões, já que tinha investido inicialmente um milhão de euros. A Altitude Software é especialista em software de 'contact centers'.

2. Sotranco recebeu ajuda da Inovcapital. A vidreira Sotranco também teve a ajuda da Inovcapital. A capital de risco do AICEP entrou na empresa em 2002 e saiu em 2007 vendendo a participação por 3,3 milhões de euros. Em Abril do ano passado, a Barbosa & Almeida (BA) comprou 32% do capital da vidreira, tendo ficado com opção de compra sobre a totalidade do capital. Esta compra por parte da BA tem como objectivo integrar também a divisão de vidro de embalagem da gigante vidreira Saint-Gobain. Um negócio que exigirá à empresa portuguesa um investimento de 400 mil milhões de euros.

3. AICEP Capital pode entrar na VAAA AICEP Capital, empresa de capital de risco, tem a intenção de investir cinco milhões de euros na Vista Alegra Atlantis (VAA) quando acabar o processo da OPA da Visabeira sobre a VAA, que está a decorrer. Aliás, a própria AICEP é accionista da Visabeira, detendo 5,94% do capital do grupo de Viseu. A Vista Alegre está concluir uma reestruturação – que já provocou o despedimento de 1.500 pessoas entre 2000 e 2006. Este mês, a VAA viu aprovado o estatuto de empresa em reestruturação, o que permite mais despedimentos. "

in newsletter AICEP

Aerosoles recebe mais 5 milhões do Estado

Há pouco tempo atrás era uma empresa "exemplar" que ao que parece também gastava largas somas de dinheiro em outdoors tremendos na 5ª Avenida, mas hoje...flop?

Afinal, o que aconteceu?

Texto de Elisabete Felismino e Filipe Alves (DE):

"Os ordenados do mês de Março estão assegurados. Mas Basílio Horta diz que a AICEP não tem mais dinheiro para apoiar a empresa. A fabricante de calçado Aerosoles, que enfrenta grandes dificuldades financeiras, recebeu uma injecção de cinco milhões de euros por parte da Inovcapital, uma sociedade de capital de risco pública que é sua accionista, disseram ao Diário Económico fontes próximas do processo.

Mas embora os ordenados do mês de Março estejam assegurados, o futuro da empresa continua incerto. Este investimento foi feito no âmbito do que está previsto no estudo de recuperação elaborado pela consultora Roland Berger.

Estudo esse que, como o Diário Económico publicou em primeira mão, prevê uma injecção de capital de mais de 20 milhões de euros, para salvar a empresa. Pedro Ribeiro da Cunha, o novo presidente da Aerosoles confirmou ao Diário Económico a injecção de capital por parte da Inovcapital, mas recusa adiantar qual o valor em causa.

Por sua vez, o presidente da Inovcapital (que controla cerca de 29% da Aerosoles) Luís Filipe Costa, não quis comentar.

Já Basílio Horta, presidente da AICEP Capital, a outra sociedade de capital de risco pública que é accionista da empresa (com 19%), não está disponível para apoiar novamente a Aerosoles. "Não temos dinheiro nenhum", disse.

Esta declaração enquadra-se no que Basílio Horta tem vindo a defender no que toca à Aerosoles.

O presidente do AICEP afirmou recentemente que não injectaria mais capital na empresa de calçado sem dispor de um plano de viabilidade que possa estudar.

No entanto, isto não significa que o AICEP não esteja interessado em acompanhar de perto a empresa de calçado. A capital de risco pública vai nomear um administrador que a represente no conselho de administração da Aerosoles, disse Basílio Horta. Por sua vez, Pedro Ribeiro da Cunha, presidente da Aerosoles, explicou que "a administração está a revisitar, juntamente com a Roland Berger, o estudo feito por esta consultora", para apresentar o plano "dentro de três semanas". (...)

Acertando o passo

No passado dia 31 de Março a administração Obama anulou uma decisão da administração Bush, juntando-se ao Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas.

Escusado dizer que os mais fanáticos Republicanos e seus seguidores no mundo ignoraram, por entre o já habitual e ressabiado ranger de dentes.

Foi bem feito: trata-se de uma questão de princípio.

Mensagem à senhora

Tinhamos já uma crise estrutural grave? É claro que sim, começou em 1143!

Mas quem quiser ser cego, que o seja: pelo link abaixo, perceberão como uma imagem pode ilustrar quem verdadeiramente manda no mundo, e quem segue.

http://www.jornaldenegocios.pt/images/2009_04/pop_g20.html

Mas é claro que não interessa à senhora discutir a crise global, e muito menos falar verdade aos portugueses sobre a nossa vulnerabilidade aos aspectos mais fundamentalistas da teoria económica neo-liberal... que continua a defender sem exercício de qualquer espírito crítico tal e qual como antes de Agosto de 2007.

Problemas do foro oftalmológico?

Azar: eles não viviam em países de "brandos costumes"!...

"Os dois antigos executivos da KPMG declarados culpados de uma mega-fraude fiscal foram hoje condenados a 8 e 10 anos de prisão pelo seu "papel central" na evasão fiscal de milhares de clientes ricos, anunciou o tribunal.

Segundo a mesma fonte, o antigo director da empresa de auditoria, John Larson, de 57 anos, foi condenado a 121 meses (10 anos) de prisão, e o antigo parceiro da consultora Robert Pfaff, de 58 anos, a 97 meses (oito anos).

Os dois ex-executivos arriscavam-se a cumprir 24 anos depois de, em Dezembro passado, terem sido considerados culpados de fraude por terem prestado serviços aos seus clientes mais ricos ajudando-os a fugir aos impostos, numa operação que terá ultrapassado os 100 milhões de dólares."



Lusa, 2 de Abril

Falar verdade aos portugueses (yeah, right...)

A verdade é que ela não tem programa e aguarda o último minuto para evitar qualquer confronto racional de ideias.

De quem terá medo? Do PM, ou dos portugueses?

Sorrio, e vem-me à cabeça aquela letra/canção do Jorge Palma, ora leiam:

Deixa-me rir / Essa história não é tua / Falas da festa, do Sol e do prazer / Mas nunca aceitaste o convite / Tens medo de te dar / E não é teu o que queres vender

Deixa-me rir / Tu nunca lambeste uma lágrima / Desconheces os cambiantes do seu sabor / Nunca seguiste a sua pista / Do regaço à nascente / Não me venhas falar de amor

Pois é , pois é / Há quem viva escondido a vida inteira / Domingo sabe de cor / O que vai dizer Segunda-Feira

Deixa-me rir / Tu nunca auscultaste esse engenho / De que falas com tanto apreço / Esse curioso alambique / Onde são destilados / Noite e dia o choro e o riso



Girlpower!

http://www.thedailybeast.com/blogs-and-stories/2009-03-31/sizzling-g-20-wives/#gallery=177;page=1

Ou muito me engano ou os directores de campanha da senhora vão também tentar inclui-la neste selecto clube... he...he...he... coitaditos!

O "milagre" Irlandês


Seria bom que em Portugal se reflectisse no "milagre" Irlandês, bem como em todos os mais recentes "milagres" (incluindo o de Espanha) que afinal puseram a nu todos os defeitos da teoria económica neo-liberal.


A imagem vem na edição corrente da Economist.

Revista Exame escreveu sobre BPN em Março de 2001

"O jornalista recordou que,depois da publicação, Dias Loureiro falou com Pinto Balsemão - proprietário da revista - dizendo que queria falar com Camilo Lourenço, e revela que quando o actual conselheiro de Estado se cruzou com ele nos estúdios da SIC e lhe disse que a reportagem causara "incómodo" ao grupo BPN.

(...)

Camilo Lourenço frisou que estas informações vinham do departamento de supervisão do BP. Pelo que, disse ter ouvido com alguma indignação informações de vários elementos do banco central a dizerem aos deputados que não tinham detectado a existência de problemas no BPN.

Camilo Lourenço lembrou ainda que, na altura da publicação do artigo, o BPN colocou um processo judicial contra a revista de Exame de "vários milhões de euros" e que nessa altura um responsável da instituição bancária telefonou dizendo: "Isto é para vocês jornalistas aprenderem. Para nunca mais voltarem a escrever sobre o BPN ". Posteriormente a empresa detentora da Exame negociou um acordo com o BPN para solucionar este processo judicial."

in artigo de Tiago Lourenço e Eva Cabral

Junta-te ao clube!

Um recente ex-Director-Geral da Energia aparece desde há alguns meses como administrador delegado e accionista de uma das poucas empresas de certificações energéticas para os lares, através de nova legislação que, se não ajudou a desenhar, teve acesso em condições privilegiadas.

O dito é comprovadamente inteligente, e agora faz parte também desse clube de espertos e avisados homens que aproveitaram "sabiamente" o conhecimento do desenho de leis ao forno para aparentemente promoverem negócios sem risco.

A partir de agora o caro amigo leitor, não poderá fazer nenhuma transacção com o seu imóvel se não pedir, antes de tudo, uma certificação energética "para que o comprador certifique a classe energética da sua casa" (i.e. para o enriquecimento de uma mão cheia de pessoas em detrimento de quaisquer efeitos práticos de monta).

Questionável.

A agenda escondida dos "sociais-democratas"

É notável que a seis meses de eleições este partido ainda não tenha um programa digno desse nome. Há quem pense que isto é por desleixo e falta de ideias concretas, e talvez o seja (existe no oportunismo alguma preguiça), mas talvez apenas em parte tenham razão.

Não ter programa é, na verdade, extremamente conveniente: pode apresentar-se a cada momento a posição mais popular (ou mesmo populista), sem que isso indique a menor incorência. O caos é coerente com o caos.

Outra conveniência, poderá ser esconder dos portugueses uma agenda que estes nunca apoiaram, não desejam apoiar, e nunca apoiarão (a menos que sejam enganados). Nisto já existiria uma subversão considerável do fundamento democrático.

Ressabiamento e dissumulação. Noite e nevoiero. Nacht und Nebel.

Na minha intrepretação - e até melhor prova que me convença em contrário - eis parte dessa agenda:


-A privatização progressiva da segurança social (aqui intervém o negócio dos seguros de saúde)

-A privatização progressiva do sistema nacional de saúde (aqui intervém o negócio dos hospitais privados e dos seguros de saúde)

-A promoção progressiva da privatização da educação, começando pelo cheque ensino, uma ideia Republicana (EUA), como as anteriores (aqui intervém o negócio dos colégios e universidades privadas)

- Promover a liberalização dos despedimentos (tem a ver com a base de apoio que sempre têm tido, sobretudo no interior norte e centro do país)

- Quiçá, substituir algumas das empresas no fornecimento ao Estado, por outras (uma continuação de negociatas, mas com outras mãos)

- Contribuir para manter o país num certo nível de atraso cultural (promover a cultura como um custo e os intelectuais como um resíduo)

- Manter o que resta do status quo do país corporativista, em parte herdado do Estado Novo (que defendem frequentemente em privado), durante o máximo tempo possível e vender isso às massas em golfadas de populismo fácil

- Last but not least: considerar sair do Euro e desenterrar - talvez - a aliança com a velha Albion, agora no plano monetário

O teste derradeiro da memória e da coerência será o da tentativa de eleição de um nosso ex-primeiro ministro à CML. Uma vez ultrapassado esse ponto, tudo será possível.

É, sem sombra de dúvida, um partido de jogadores, um "saco de gatos", como alguém já disse.

Os que mandam efectivamente no partido parecem ser de raiz neo-liberal mal assumida, na melhor das hipóteses, e oportunistas natos, na pior. Sente-se desses um último bafo de primavera Marcelista.

Pessoalmente, sinto uma profunda tristeza em constatar aquilo em que se tornou o partido de Sá Carneiro. Precisávamos de melhor alternativa.