Num momento de adversidade esperar-se-ia de um presidente alguma solidariedade humana para com o crescente desemprego, o auxílio à necessária reflexão crítica sobre o modelo neo-liberal que a ele conduziu; uma participação activa, mais pragmática, na construção de uma Europa ainda perdida pelos acontecimentos.
Esperar-se-iam propostas, ideias concretas de mudança, na justiça, na educação. Isto, claro, para além dos avisos a um neo-corporacionismo que vai grassando no país (mas que não é exclusivo a uma só cor).
Esperar-se-ia coerência e mais coragem na batalha pelo reconhecimento social das irresponsabilidades e desajustes vergonhosos que alguns gestores têm produzido, e que estão agora à vista.
Esperar-se-ia o reconhecimento cabal de que o mundo mudou, sendo importante que se frisasse a necessidade mais premente de rever valores de fachada, cinismos de parcos escrúpulos que, se não causaram este descalabro Ocidental, o permitiram e lhe deram sempre o maior dos apoios, recorrendo sobretudo ao fanatismo, à destruição de carreiras, ao ataque à racionalidade, e a outras formas descaradas de desonestidade intelectual, que enganaram e visavam provavelmente continuar a enganar durante décadas centenas de milhões de pessoas.
Desejava-se que, compreendendo o sentimento da maioria do povo que representa ao mais alto nível, verbalizasse de forma clara, concreta, não só as suas preocupações como formas de fazer o futuro, em vez de apelos de Pirro a que se não baixem braços.
Esperar-se-ia consequência no discurso em vez de meras afirmações à l'air du temps... apenas porque "pertence", não vá a turba torcer o nariz.
Sobretudo, esperar-se-ia mais convição e independência definitiva de vetustos fantasmas, politicamente indigentes, civicamente analfabetos, e agora definitivamente obsoletos.
Em vez disso, temos uma presidência da fumaça, que agita apenas os fogos da conveniência de muito poucos, e não esconde a frustração de ter de obedecer a uma Constituição.
Uma presidência que procura ganhar tempo, para alguns, mas que tristemente se resigna a aderir à evidência de factos que estão à vista de todos.
Genial
Há 6 horas
É isso mesmo! Na «mouche».
ResponderEliminarTanto jornalista, blá, blá, blá, mas sempre presente o nacional-caciquismo -- e a frustração de não serem (terem sido) políticos (profissionais) [isto, digo eu] --, embora se «esforcem» por fazer perguntas «incómodas», parece estarem sempre deslocados daquilo que é preciso perguntar e, sobretudo, dizer. Mas não, que o papel deles é fazer perguntas! Ou então, qual «prós-e-contras» (em cerca de 95% dos programas) é «trancar as portas, depois da casa roubada», ou seja, visão («insight») sobre o que vem (ou que poderá vir) a seguir é quase nula...