quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

La pathétique


Já lá vai mais de um mês que a imprensa mundial expõe, quase todos os dias, os problemas estruturais muito graves da Europa e do Euro, a carência urgente por resoluções de natureza política que permitam à Europa sequer sobreviver às próximas décadas.

No entanto, de Durão Barroso, Van Rompuy ou Catherine Asthon, não vislumbramos ainda a menor ideia, a mais vaga noção de liderança, perante uma situação de clara emergência que exige sinais claros, obviamente não apenas no plano económico, mas estrutural e político.

É como se vivessem na Lua. 2010 parece ser o ano em que a Europa política assumiu em definitivo o seu segundo mundismo, a sua patética irrelevância no mundo. Escrevo-o com mágoa.

Entretanto, em Portugal, transpira-se uma mentalidade insular também trágica: quase nenhum jornal, telejornal, ou personalidade influente debate seriamente as consequências duma Europa fraca e multipolar, as origens e consequências últimas da maior crise económica do Ocidente num século - como a ela se refere já Alan Greenspan - já para não falar das consequências da sobrevivência da fanática e animalesca utopia neoliberal que apesar de tudo parece agora ainda mais forte neste país, ou dos efeitos mais complexos duma globalização que ameaça transformar a prazo países como o nosso numa chinesice.

Os políticos - quase todos - debatem-se como comadres e imaginam o país como se este começasse, se fizesse, e acabasse em fronteiras que já só existem nas suas cabeças; para um grande número de cidadãos, vale a indiferença, a apatia, a ira desnorteada, a acomodação ou a simples incapacidade de compreender o que se passa.

É-me cada vez mais difícil, diariamente penoso, conviver com tão tremendo provincianismo.

1 comentário:

  1. Apesar de partilhar das procupações expressas, pois tenho refletido sobre elas,não quero deixar de referir, que ainda há alguém que também pensa nesses problemas. Veja-se os últimos artigos de Mário Soares, no D.N.

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