quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Dos ditadores


Hitler serviu-se da democracia alemã para subir ao poder e atentar contra ela, mortalmente. Não vejo, nem de longe nem de perto, esse reflexo em Sócrates; ao contrário, pressinto-o em diversas personagens "pias" que contra ele se têm movido sinistramente. Se existe um clima de asfixia democrática em Portugal, é aquele que tem sido desenvolvido por vários interesses essencialmente não democráticos, servidos inconscientemente pelas corporações do costume e por diversas falhas no sistema político que já vêm de muito longe.

Parece-me por isso pertinente inaugurar alguns comentários que retratam os traços de personalidade de verdadeiros ditadores, começando por Hitler, o cínico dos cínicos.

"No dia 9 de Janeiro de 1945, Hitler recebera, mais uma vez, Guderian no Taunus, no famoso Adlerhorst, no ninho da águia situado sobre Bad Nauheim. É exactamente o terceiro encontro. Mas nada de novo sai dele. Hitler permanece tão teimoso como em 1940, com a diferença de que desta vez a sua obstinação iria provocar o desastre.

Preferia fiar-se na sua intuição, no que ele acreditava como seus dons de visionário, mais o que nas conclusões impostas pela análise dos factos.

Daí o encadeamento dos seus erros e os corolários inevitáveis tantas vezes descritos: a sua mania de deitar para cima dos outros todo o malogro sem nunca admitir os seus próprios defeitos; a vontade de contradizer toda a gente, mesmo se a opinião emitida parece fundada (é suficiente que não venha dele); a falta total de leveza na reflexão, a incapacidade de se adaptar rapidamente ao desenrolar dos acontecimentos, em particular numa guerra tão total e complexa."

in Giulio Richiezza, "Hitler, o sonho do Fuhrer, o pesadelo do mundo"

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