Os Estados Europeus - leia-se contribuintes - tiveram de socorrer bancos, seguradoras, boa parte de grandes indústrias, e com isso assistimos ao subir de dívidas externas, dívidas públicas e défices nacionais. Porquê? Por causa de décadas de ganância implícita suportada em fundamentalismo desregulador de mercado (iniciado por Reagan e Thatcher) em nome da obsessão quase paranóica da redução do papel do Estado em favor do mercado puro e duro (que em Inglaterra gerou, por exemplo, a quase total vulnerabilidade energética face ao exterior e um sistema de transportes ferroviário em franca decadência).
Em resultado, assistimos por um lado a conversa mole e dispersa sobre a necessidade de regular os mercados de forma diferente, mais preventiva e, por outro, a conversa dura que soa a renovado fundamentalismo neoliberal, ainda e sempre atento a esse garrote técnico chamado "pacto de estabilidade" (bom instrumento, mas apenas se aplicado q.b.), cujo resultado irá pelos vistos desembocar em menos Estado e mais privatizações, provavelmente apressadas e ao preço da uva mijona...
O que se passa na Grécia parece ser uma espécie de antevisão do que pode vir a acontecer noutras nações Europeias, nomeadamente em Portugal. Antes da crise, queria-se privatizar (não melhorar... mas essencialmente privatizar...) a Saúde e o Ensino; depois da crise assistimos à mesma receita com condimento reforçado (vd. por exemplo o já explícito Daniel Bessa).
De facto, a crise parece ser também um modo de condução política.
O desmantelamento impune do Estado Social continua a ter amigos em lugares muito influentes na Europa...
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