PEC 2.0. Inevitável? Sim. Imprevisível? Não. Cada português terá agora que pagar entre algumas centenas a vários milhares de euros anuais a mais, entre aumentos de IVA, IRC e outros, como resultado da falta de antecipação política, da falta de visão, e da gestão danosa de várias gerações de governantes. É um regresso ao passado, um regresso ao clima de 1983, mas agora com menos esperança (passe a boa vontade da mensagem do Papa). Este fim de semana já ouvi um slogan dos bons: "O povo, calado, será sempre enganado!"... (vd. Homens da Luta).
Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: «Fui eu?»
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa
Sem comentários:
Enviar um comentário