Por via da habitual pantomina muito teatral de que os congéneres europeus se devem por certo rir bastante, lá veio Barroso de novo ao palco, muito zangado, avisar os líderes europeus: "sejamos claros: não haverá união monetária, sem união económica!". Mais uma vez se enganou na sua deixa, que deveria ter sido: "sejamos claros: não haverá união monetária, sem união fiscal e política!". Ele pode ser cherne, mas não parece lá muito inteligente.
Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: «Fui eu?»
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa
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