domingo, 18 de abril de 2010

Mexer com o nosso bolso


Serão talvez gestores espertalhaços, com "pinta", estouvados e estupendos... ou talvez não, porque não me parece que gerir quase monopólios, ou quase monopsónios, possa constar dos feitos de gestão de alguém. Fica-me pelo menos a dúvida.

Seja como for, nem eu nem a maioria da opinião pública portuguesa concordarão com remunerações completamente absurdas - mas pelos vistos comuns - acima de 1, 2 ou mesmo 3 milhões de Euro/ano, com justificações tolas de aprovação em assembleias gerais de propostas de auto-atribuição de mais prémios, ainda que contra a vontade de um dos accionistas chave, o estado (ainda que pouco convicto, note-se).

Os "teólogos" de serviço, nomeadamente nalguma imprensa, têm-se afadigado a fazer a defesa contínua da pouca vergonha e afirmam que estas remunerações se explicam através de factores de mercado, que é preciso retribuir o mérito de uma diminuta minoria e blá blá blá; eu gostaria que me indicassem quantas meias-dúzias de gestores compõem aquilo a que esses fundamentalistas chamam de "mercado", um conceito que pressupõe agentes numerosos do lado da oferta e do lado da procura...

Para desafiar a lógica de que este tipo de remunerações serão "de mercado", acrescento só um argumento: existem milhares de quadros e trabalhadores portugueses que, nalgum estrangeiro, são mais bem pagos pelo que fazem; será também o caso destes senhores...? Quem lhes daria emprego na Europa? Ah... não arranjariam emprego pago a estes valores? Onde está então o tão propalado mercado do "alto mérito"? Se os valores destas retribuições não são sustentados a partir de fora, justificam-se como?

É por estas e outras parecidas que me cansei há muito da conversa de imperativo da "manutenção dos centros de decisão nacionais".

Um destes dias, alguns destes senhores poderão ter de fazer face ao repúdio da maioria dos seus conterrâneos, ouvir o que não gostam (já vai contecendo), e encontrar um lugar negativo à sua espera nos livros de história.

For the record.

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