quarta-feira, 28 de abril de 2010

Aliança Democrática

Numa atitude rara, e de elogiar, Passos Coelho aliou-se a Sócrates para reagir à crise mais temida. Quem achava que Passos tinha "pouca experiência", que engula esta.

Infelizmente, no entanto, a primeira consequência resultante traduziu-se na enorme preocupação em transmitir de imediato ao país que a prioridade resultante da conversa - e certamente negociada - consistia num ataque imediato ao subsídio de desemprego. Não digo que não tivesse de ser uma medida na lista, mas temo que não seja a mais prioritária.

A lógica da eleição desta escolha para a comunicação social tem duas explicações:

1ª) É uma medida sempre aplaudida por esse monstro sagrado sem rosto chamado "os mercados", i.e. Wall Street e sequazes; em termos reais, é uma boa medida "para Inglês ver". Não resolve (quase) nada.

2ª) Anunciar uma das mais impopulares medidas logo em resenha do PEC II, atordoa e convence o povo de que tudo será agora possível, de que é preciso "aguentar"; pode ser que se enganem...

Helena André, uma ministra que começei por elogiar no seu início de mandato, já apredeu afinal o pior do politiquês, batendo hoje um recorde nacional: o de conseguir ter sido a política portuguesa mais parecida com um certo ex-ministro Iraquiano da propaganda.

Disse ela coisa mais ou menos coisa como esta a propósito do corte antecipado dos subsídios de desemprego: "não se trata de gastar mais ou menos dinheiro". Ah pois não!

No fundo, parece ser a bandeira branca que se agita já em S. Bento, em rendição àquilo que "os mercados" gostam de ouvir - não necessariamente o mais racional ou eficaz para conter o défice, a dívida ou estimular de facto algum crescimento; É também um mau augúrio de continuação de um PEC conformista, unilateralmente injusto, sem qualquer virtuosismo político.

Vejo positivamente a união dos líderes dos dois maiores partidos neste momento, mas com muita apreensão terem começado por se concentrar apenas no acessório.

Ainda hoje foi assinado mais um contrato para novas auto-estradas ("Pinhal Interior", contrato assinado com a Ascendi, a Mota-Engil e o BES)... Perante as circustâncias, interrogo-me: seria urgente tê-lo assinado?

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