Mesmo sem que saibamos da missa a metade, é cada vez mais natural concluir que Santana deve saber muitas coisas que o baronato Cavaco-Ferreira Leite não gostaria nada de ver tornadas públicas. Depois de toda a espécie de humilhações a que foi submetido por ambos (e outros), Santana conseguiu, em primeiro lugar, negociar a sua integração nas listas de elegíveis de Ferreira Leite e, agora, ser condecorado por Cavaco com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo. Pode ser que me engane, mas alvitro que mais dia menos dia, vamos assistir a uma novela das boas...
Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: «Fui eu?»
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa
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