quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Under attack

Os maus agoiros da Fitch e da Standard & Poor's relativamente à Grécia - e a Portugal - embateram hoje na economia real do nosso país, permeando a imprensa económica internacional e arrastando as bolsas europeias e norte-americanas, bem como o Euro. Algumas barragens começam a ceder a partir de pequenas fissuras. No caso a pequena fissura foi a Grécia, mas a barragem em risco é já a Europa.

Quais abutres "ao serviço de interesses comerciais" (como afirmava hoje Teixeira dos Santos), algumas das agências de rating indicíam fazer parte da rede de influência do grande capital conservador (ou neoliberal) que procura por todos os meios desfazer economias - e países progressistas - para lucro exclusivo de um punhado de gente que nem sequer conhecemos pelo nome e que manobra hoje com muito mais poder que vários primeiros-ministros juntos.

Primeiro, esconderam do grande público ou ignoraram propositadamente a crise que se avizinhava, protegendo poucos à custa do engano de muitos; depois, quando grandes bancos de investimentos e seguradoras começaram a ruir, clamaram pela intervenção dos estados; finalmente, com o dinheiro dos contribuintes mundiais já metido nas brechas que esta rede ajudou a criar, escolhem agora as vítimas mais fáceis: na Europa, primeiro a Grécia, como teste, e agora Portugal, Espanha e Itália (apesar da situação dos 3 últimos países ser bem diferente da Grécia). A Áustria e a Irlanda também são candidatos, bem como a banca Inglesa e talvez num futuro não muito distante, a própria França.

Há cerca de dois meses registei aqui, pelo andar da carruagem que os preços dos CDS estavam a levar, que se estava a desenhar a oportunidade para mais uma bolha, desta vez jogada com o futuro de povos inteiros.

A reacção a isto não mais pode ser de apaziguamento, pois ultrapassaram-se já todas as marcas. É bom que os Governos dos países visados se unam e - com ou sem o apoio da União Europeia e instituições internacionais - comecem a agir muito duramente, primeiro nos bastidores e depois à vista desarmada.

Também é claro que se somos parte desta fenda, foi porque nos fomos pondo a jeito de o ser...

Contudo, é intolerável que a nossa economia seja telecomandada por um punhado de dementes escondidos algures, ou que a alguém seja permitida a leviandade de transformar uma situação de perigo para um povo numa catástofre a tempo presente.

Isto devia ser encarado, denunciado e tratado como uma ameaça à soberania nacional, pois de facto é de um ataque já em curso aquilo de que estamos a ser alvo. Que isso não sirva, porém, para distrair o governo, as empresas, e as famílias, do trabalho de casa que lhes compete.

Não há apaziguamento possível com os ogres. Lembrem-se de Neville Chamberlain e dos seus bons, mas errados, modos.

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