sábado, 31 de outubro de 2009

O grande fardo


O problema português - a nossa crise estrutural - nada tem de absolutamente peculiar à luz dos desafios e problemas que se colocam, ao mesmo nível e duma forma geral, à maioria das economias abertas de pequenas nações, sobretudo na Europa.

É verdade que estamos num caminho de algum risco, possivelmente mesmo da insustentabilidade. É verdade que temos tido Executivos erráticos, pouco determinados, voláteis, esbanjadores e irresponsáveis. É verdade que continuamos a ter demasiados empresários analfabetos, ou quase. É verdade que nos sobre-endividámos, muito embora a convite de certos banqueiros que agora criticam esse endividamento. É verdade que possuímos um défice na balança de transacções comerciais nefasto. E também é verdade que o nosso endividamento externo é um problema sério, de resolução lenta e muito difícil.

Mas tudo isto passa também a ser um problema estrutural Europeu, sempre que Bruxelas paga para que não produzamos tomate ou para abater navios de pesca, ou sempre que permite a importação quase livre de toda a espécie de bens Chineses, mesmo que sejam contrafeitos ou produzidos por mão-de-obra escrava, por exemplo (uma estimativa recente aponta a contrafacção Chinesa como a causa para menos 100.000 postos de trabalho, só na Europa).

Não deixo por isso de ficar intrigado com algumas "coincidências" a que vamos assistindo, em particular uma ligando dois factos recentes:

- Logo no primeiro dia após as legislativas revelarem um PS ainda vitorioso, a abertura de novo processo contra Portugal por défice excessivo (que um sorridente Durão Barroso recentemente frisava "ter sido necessário").

- A revisão em baixa da qualidade da dívida pública portuguesa que passou esta semana de "estável" para "negativo", pela mão da Moody's (os mesmos tipos que classificavam de AA investimentos colossais que se viriam a revelar ruinosos).

Hum...

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