sábado, 26 de setembro de 2009

Porquê votar PS


Texto de Filipe Moura:

"Numa notável música intitulada O Estrangeiro, em 1989, Caetano Veloso remata anunciando:

Some may like a soft brazilian singer but I’ve given up all attempts at perfection.

Não defendo que esqueçamos a perfeição. A perfeição deve permanecer como o objectivo, os objectivos devem ser claros e devemos lutar por eles. Mas devemos ter a noção de que a perfeição nunca é atingível por métodos democráticos, e os métodos antidemocráticos (para além de serem isso mesmo – antidemocráticos) conduziram a resultados que ninguém, nem mesmo o mais fanático, considera perfeitos. Ou seja: devemos tentar aperfeiçoar-nos, conscientes das nossas imperfeições. A perfeição é algo que se tenta atingir, e não algo que se estabelece. Finalmente, há limites à perfeição que queremos atingir (à esquerda: a Igualdade e a Liberdade), provenientes da nossa condição humana de animais sociais, que podemos aprender com a História, mas também com a Segunda Lei da Termodinâmica. São totalmente irrealistas as propostas baseadas na “imaginação”, no “sonho”, no “ideal” e na “utopia”, que tantas vezes se ouve falar à esquerda, e que devemos rejeitar em nome da verdade. (Belo slogan, o do PSD: Política de Verdade. Pena que não tenha nada a ver com o partido que o usa.) Mais valem avanços concretos que tacticismos suicidas que preferem levar a direita ao poder em nome da “pureza ideológica”, na esperança que a revolução fique mais próxima e mais fácil. É em nome destes avanços concretos, é por causa destes avanços concretos, que voto no PS nestas eleições legislativas. Porque sou de esquerda e, relativamente aos outros partidos, o Bloco de Esquerda não consegue (ou não conseguiu, até hoje) assumir nenhum tipo de responsabilidades, e o PCP, se não tiver uma posição hegemónica (que o povo português nunca entendeu dar-lhe), prefere conservar a sua pureza como partido puramente de protesto. Esta minha rejeição poderia motivar-me a procurar uma outra alternativa, ou a votar no PS simplesmente porque era o mal menor. Não é esse o caso: voto no PS nestas eleições com convicção: estou firmemente convencido de que é o melhor para Portugal."

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