Que se paguem mais impostos do que na maioria dos países da UE para comprar um automóvel utilitário - quase um bem de primeira necessidade num país onde as redes de transportes públicos funcionam ainda como se sabe - é um perfeito absurdo, uma injustiça social e um claro abuso continuado do poder de soberania... Passou uma década sem que nenhum Governo entendesse prioritário resolver este problema satisfatoriamente.
Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: «Fui eu?»
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa
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